Palestras técnicas destacam ESG como gerador de alfa e abordagem com foco em diversidade de gênero

As Palestras Técnicas 13 e 14 do 41º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (41º CBPP) foram dedicadas a um tema de extrema relevância e que vem ganhando força nas decisões de investimentos no Brasil e no mundo: as práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). A Palestra Técnica 13 com o tema “ESG: Um Gerador de Alfa para Portfólios de Alta Convicção”, teve como palestrantes especialistas da Aegon Asset Management que destacaram os diferentes métodos empregados na implementação das estratégias com ações ESG. 

Luiz Fernando Cruz, Especialista da Área de Distribuição da MAG Investimentos, destacou que esse tipo de investimento vem se tornando importante, e empresas que observam esses aspectos acabam entregando retornos melhores aos seus investidores, acionistas e credores, com maior performance no longo prazo. “Isso vai de encontro aos objetivos dos participantes do sistema de previdência complementar”, disse.

Segundo ele, o investimento sustentável no exterior é uma estratégia fundamental para enfrentar esse momento de alta volatilidade. “Estamos falando de preservar o capital e buscar, em movimentos táticos, obter algum alfa”, disse.

Iain Snedden, Investment Specialist da Aegon Asset Management, explicou a importância de se construir carteiras com esses princípios e por que os investimentos ASG pode gerar alfa para as carteiras. “ESG ajuda a gerar retornos mais altos, e isso está sendo percebido pelos investidores”. Segundo ele, o volume de ativos ESG sob gestão no mundo inteiro saiu de US$ 13 trilhões em 2012 para US$ 30 trilhões em 2018, tendendo a crescer ainda mais. Iain explicou que os princípios ESG estão diretamente correlacionados com desempenho financeiro corporativo, com associações positivas entre temas. “Temos muitos desafios ambientais e sociais, e as empresas que conseguem abordar isso tem um retorno maior”, disse.

Ele ressaltou que independente da empresa que esteja sendo avaliada, existem passos comuns e princípios aplicados para se ter certeza que sempre que uma empresa é avaliada ela seja pensadas de maneira uniforme, reconhecendo as diferenças, mas chegando a uma conclusão. “Mas não tratamos as empresas da mesma forma. A realidade é muito importante, e quando nos concentramos nos fatores de uma empresa, a relevância que avaliamos é crucial para obtermos os melhores retornos a partir dessa carteira”.

Análise ESG – Andrei Kiselev, Investment Manager da Aegon Asset Management, explicou qual é o arcabouço utilizado para avaliar as empresas em termos de sustentabilidade. E segundo ele, nessa avaliação, a cobertura não pode ser superficial. “Tentamos nos ater às empresas mais promissoras e interessantes”. Ele explicou que a abordagem é feita por meio de exclusões, ou seja, caso o produto ou serviço das empresas seja danoso para algum cliente, é excluído dos investimentos.

Acima disso, para cada empresa é considerada uma abordagem em três pilares, avaliando a natureza do produto ou serviço oferecido, respondendo à pergunta sobre o desafio de sustentabilidade que a empresa visa responder, e qual a eficácia em relação à natureza do desafio. Andrei ressaltou que empresas que talvez não sejam perfeitas hoje no ponto de vista ESG, mas que estão melhorando terão, possivelmente, uma forte demanda por seus produtos e serviços por conta de uma melhoria operacional no futuro. “Por causa dessa melhoria, elas podem ter melhor desempenho financeiro e um aumento no valor das ações, entregando alfa aos clientes”, disse.

Andrei explicou ainda que para cada empresa que a Aegon avalia, são identificados os fatores mais importantes, chamados materiais, ressaltando o fato de que cada empresa é diferente. “Não existe uma abordagem única. O que é relevante para uma empresa não necessariamente é para outra”.

No processo de investimento mais detalhado, que afunila as ideias em potencial até um número mais trabalhável, há uma conversa constante com o grupo de investidores. “Depois é feito um trabalho com equipe de investimento responsável, com base em uma análise ESG, desenvolvendo, assim, o argumento de investimento e chegando a uma conclusão conjunta, mantendo autonomia e independência e culminando em uma carteira sustentável com alta convicção”. 

Andrei citou também exemplos de investimentos que a empresa realiza, com teses de impactos reais. “São seis pilares da sustentabilidade que consideramos, subdivididos em dois grupos. Para cada empresa, tentamos responder qual os desafios de sustentabilidade que a empresa está tentando resolver e como ela está fazendo isso. São perguntas fundamentais com as quais precisamos nos sentir à vontade com a resposta”, disse.

Considerar a sustentabilidade pode ser algo muito útil para identificar oportunidade de crescimento estrutural e vantagens competitivas, disse, ressaltando que um investimento sustentável passivo pode ser um bom ponto de partida comparado a não fazer nada, mas é uma ferramenta que deveria considerar questões mais detalhadas de uma análise.  “Normalmente, dependemos de uma análise quantitativa apresentada pelas próprias empresas, e não fazemos somente uma análise com base na classificação de terceiros”. Andrei explicou ainda que investimentos passivos se concentram em empresas de large cap, mas há muito alfa sendo gerado em áreas menos exploradas do mundo, e é preciso buscar essas inovações. 

W-ESG – Apresentando um novo conceito de estratégia de investimento ESG, desenvolvida pelo time de Investment Solutions da Franklin Templeton, Berkeley Revenaugh, Senior Client Portfolio Manager da Franklin Templeton Investment Solutions, destcou que a gestora está presente em 160 países, apoiando totalmente o investimento responsável. O W-ESG consiste em uma nova abordagem focada no papel das mulheres na empresas e o seu impacto nos resultados.

Berkeley explicou que entre os investimentos de impacto que a Franklin Templeton faz estão ações que incentivam igualdade de gênero, demonstrando que há fortes evidências que corroboram com os casos de investimento que promovem maior diversidade de gênero. “Eu acho que com maior diversidade no conselho, há capacidade de ter mais discussão e mais diversidade de opiniões. Isso é muito importante para nós”, detascou.

Ela explicou, assim, o uso da estratégia W-ESG, que foca em mulheres líderes de negócios e em compromisso com iniciativas ESG. A estratégia está presente em um fundo da gestora lançado no Brasil e consiste em investir em um universo de companhias com maior representatividade de mulheres, com no mínimo três mulheres como membros de conselho, bem como em companhias que estão comprometidas com iniciativas ambientais, sociais e de governança. O fundo inclui de 40 a 45 empresas que atendem a esses critérios, segundo Berkeley. 

“A Franklin Templeton, como defensora de ESG, quer promover essa crenças em seus processos de investimento, seja avaliando ações e títulos no mundo todo, ou fundos mútuos. Há uma capacidade de entender os riscos e oportunidades entendendo os atributos de cada uma das empresas”, destacou. 

Análise – Na Franklin Templeton, a filosofia é que os fatores ESG podem ter um impacto real no desempenho de longo prazo dos investimentos feitos. “Nós analisamos os fatores ESG junto com medidas financeiras e econômicas para abranger uma medida de valor, risco e retorno dos investimentos”. Segundo Berkeley, o papel da Franklin Templeton na compra de ações é de sociedade ativa, com engajamento junto às empresas para discutir questões que podem impactar a perspectiva de longo prazo.

Além disso, há uma equipe de especialistas em ESG que ajuda o time de portfólio a entender o que está acontecendo no mundo e na indústria. “O papel deles é melhorar a análise da equipe de portfólio, incorporando uma visão e dados independentes e neutros de ESG”.

Berkeley explicou ainda que entre as estratégias responsáveis de investimento, há quatro que se destacam na Franklin Templeton. “Todos integram análise de fatores fundamentais de ESG, com técnicas voltadas para valor, que fazem a exclusão de alguns ativos. Há ainda uma propensão para ESG, ou seja, soluções de investimento que selecionam emissores com práticas líderes de ESG; e soluções temáticas, que se concentram em soluções de desafios relacionados a mudanças climáticas ou desafios sociais. Por fim, há o investimento com foco no impacto”.

Experiência internacional – Ela disse ainda que o crescimento dos investimentos responsáveis ao redor do mundo tem sido constante, mas na América Latina ainda é muito pequeno. “Em 2018, US$ 31 trilhões estavam alocados em investimentos sustentáveis ao redor do mundo, sendo que as novas gerações querem que seus investimentos entreguem retornos e resultados socioambientais”, disse.

Além de pressões por mais políticas e regulações voltadas a esses temas, Berkeley disse que há hoje desafios de sustentabilidade crescendo de maneira relevante, com maior pressão também sobre práticas corporativas. “Na Europa, esse tipo de investimento já está bem avançado, sendo que em 2021, os produtos serão caracterizados como normais ou com práticas sustentáveis ou não”. Ela explicou ainda que há fortes critérios de exclusão na Alemanha, e que isso deve se entender ao mundo inteiro.

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