Funcef superou meta atuarial em 2020 e reduzirá contribuições extraordinárias de déficits anteriores

Renato Vilela Funcef

Apesar do cenário desafiador provocado pela pandemia, a Funcef obteve rentabilidade consolidada dos investimentos de 13,78%, o que permitiu superar a meta atuarial dos planos pelo quarto ano consecutivo. Foi alcançado um superávit de R$ 2,57 bilhões no exercício, o segundo em três anos, que permitirá uma redução média de 16,5% nos valores das contribuições extraordinárias pagas pelos participantes do REG/Replan Não Saldado a partir da folha de abril.

No REG/Replan Saldado, maior plano da Funcef em ativos, o déficit que precisa ser eliminado para possibilitar a revisão das alíquotas de equacionamento caiu de R$ 2,17 bilhões, em dezembro de 2019, para R$ 197 milhões. “Reduzir os equacionamentos sempre foi uma missão prioritária. Este resultado, produzido por uma equipe técnica e comprometida ao longo dos últimos quatro anos, marca uma virada de gestão. A fundação vem consolidando esta reversão com uma governança cada vez mais sólida”, disse o Diretor Presidente da Funcef, Renato Villela.

O balanço de 2020, divulgado nesta terça-feira, 23 de março, mostrou um resultado recorde de R$ 9,7 bilhões, que foi 39% maior do que o registrado em 2019. O principal ativo da entidade, o Fundo Carteira Ativa II, veículo pelo qual a FUNCEF investe direta e indiretamente em Vale, respondeu por 42% desta cifra (R$ 4,1 bi). O patrimônio superou a marca de R$ 80 bilhões

Resultado dos planos – As duas modalidades do REG/Replan, que concentram os investimentos no Carteira Ativa II, encerraram 2020 com a maior rentabilidade em 10 anos– 16,60% no Saldado e 14,11% no Não Saldado –, batendo com folga a meta de 10,19%.

Além disso, por serem maduros, ambos os planos têm menor exposição à Bolsa e carregam uma carteira de títulos públicos com retorno médio alto marcados na curva, ou seja, que serão levados até a data de vencimento.

O plano Saldado entregou 77% do superávit de 2020 (R$ 1,99 bi). Já o Não Saldado contribuiu com mais R$ 587 milhões, o que permitiu uma amortização de R$ 389 milhões dos equacionamentos de 2015 e 2016. Em termos comparativos, isso equivale a quase 2 anos e meio de contribuições extraordinárias recebidas em 2020.

Os planos mais jovens, Novo Plano CD e REB CD, com exposição na casa dos 35% em renda variável, foram afetados pela forte oscilação (volatilidade) do mercado de capitais trazida pela pandemia. Mesmo assim, suas cotas se valorizaram 7,31% e 7,78% em 2020, respectivamente. Isso representa um desempenho sólido em comparação a 61 fundos de previdência privada de características semelhantes, segundo dados da Susep. Novo Plano CD e REB CD ficariam no Top 8 nos horizontes de investimento de 12, 18 e 24 meses.

Carteiras de investimentos – Dos cinco grandes segmentos da carteira, apenas os investimentos imobiliários (+1,75%) não superaram a meta atuarial de 10,19% (INPC + 4,5 pp). Este desempenho já era esperado diante do agravamento da pandemia, que levou a medidas de restrição como o fechamento de shoppings e hotéis e a adoção de home office.

Além do Fundo Carteira Ativa II, o resultado de 2020 está fortemente ancorado no desempenho da carteira de renda fixa (+11,31%), que concentra 56% dos recursos investidos pela Funcef.

A renda variável também foi bastante afetada pela crise. Depois de pico negativo em março, a rentabilidade do portfólio de ações fechou 2020 em 3,22% contra 36% do ano anterior, graças a uma forte recuperação da Bolsa no último trimestre. Esse resultado está alinhado ao retorno do IBrX-100, indicador de referência da carteira que aponta o desempenho médio dos cem ativos mais negociados e mais representativos do mercado de ações brasileiro

A Funcef manteve-se firme na busca da eficiência dos gastos e maior produtividade. Um exemplo disso é que o quadro de pessoal foi reduzido em 11,37% desde 2014, passando de 633 profissionais para 561 em dezembro de 2020, com economia anual estimada em R$ 6,5 milhões, informa a entidade através de comunicado.

Desafios para 2021 e plano família – Com novas ondas da pandemia, a gestão de ativos segue ainda mais complexa diante das incertezas provocadas pela oscilação dos preços nos mercados financeiros. Soma-se a isso o principal desafio enfrentado pelos fundos de pensão, que é o de alcançar metas de rentabilidade da carteira de investimentos num novo cenário macroeconômico que considera alta da taxa Selic e da inflação e a pressão sobre a política fiscal brasileira.

A entidade revisou a sua política de investimento sempre com foco no longo prazo. Entre as oportunidades projetadas para 2021 estão a reestruturação da carteira imobiliária, com prazo de cinco anos e foco em imóveis com valores médios mais altos, e a criação de uma carteira de investimentos.

Também existem estudos em andamento para a criação de um plano família e a implementação de uma estrutura organizacional mais enxuta. “Nos últimos anos, aprimoramos os processos de decisão de investimentos reforçando a governança, a gestão prudente de riscos e a transparência do processo. Arrumada a casa, a Funcef avalia com interesse todas as oportunidades de maximizar os recursos de seus participantes”, disse Villela.

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