(Entrevista concedida à jornalista Martha Corazza)
No mapa brasileiro dos investimentos sustentáveis, o G de governança ocupa lugar estratégico quando se fala em mercado acionário. Fatores como o muitas vezes insuficiente disclosure de informações e o potencial ainda elevado de conflitos com os acionistas minoritários preocupam, em particular, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar brasileiras, que procuram diversificar suas carteiras de renda variável.
Para Fábio Coelho, Presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), esses problemas devem ser compreendidos em perspectiva, diante do que existe em outros países com mercados de capitais consolidados e maior engajamento junto às empresas investidas. Com a experiência de quem comandou a Previc – entre 2017 e 2019, Coelho falou com exclusividade à Revista da Previdência Complementar (Edição nº 433 de março/abril de 2021) sobre a necessidade de se buscar mais risco nos investimentos, projetando uma nova temporada de ativismo das EFPCs no mercado acionário.
O que falta para que haja um maior engajamento dos investidores nas companhias no Brasil?
Fábio Coelho – A despeito de ainda haver pouco engajamento, ele existe e tem sido puxado por gestores de recursos e por fundos de investimento, não pelos fundos de pensão. Nos EUA, os grandes fundos de pensão de funcionários públicos, como o CalPERS, têm essa cultura de engajamento forte. No Brasil, ao contrário, a manutenção dos juros elevados por um período muito longo acabou prejudicando. Agora estamos mais otimistas por causa da redução no patamar do juro e da necessidade de diversificação de investimentos. As EFPCs começam a perceber que têm direitos como acionistas e que, para defendê-los, deveriam participar das assembleias para induzir as melhores práticas nas empresas. Hoje, os investidores estrangeiros são os que mais cobram itens como a diversidade nos Conselhos, relatórios de disclosure sobre princípios ESG, entre outros. Mas esperamos que os fundos de pensão ampliem esse papel, e o juro baixo será um aliado fundamental para que isso aconteça. Essas práticas ainda estão em fase de amadurecimento no mercado de capitais brasileiro… (continua).
Clique aqui para ler a entrevista completa em formato Flipbook – Edição nº 433 (pág 9)