Na hora de avaliar quando é um bom momento para investir em uma classe de ativos, gosto sempre de analisar três fatores: fundamento, preço e dinâmica técnica. E é justamente a soma destes três pontos que indica, hoje, um momento favorável para o crédito privado no mercado.
Dados recentes de fundos desta classe de maneira geral têm apresentado uma performance positiva e, de acordo com a Anbima, o mercado de emissões já igualou, em agosto de 2021, o volume total observado em 2020, com perspectivas de seguir com ritmo forte até o final do ano.
Isso reforça aquilo que temos visto no noticiário e nas conversas diárias com os investidores, que comentam que investir em crédito privado é a bola da vez. Na minha visão, é mesmo e os três fatores que mencionei corroboram isso.
Primeiro, do ponto de vista do fundamento, vemos os emissores dos títulos de crédito apresentando desempenhos econômico-financeiros bastante sólidos. Reportam forte posição de caixa, passivos cada vez mais alongados e operações apresentando boa recuperação, ajudadas pela retomada econômica. Vale lembrar que os principais setores dos emissores de títulos privados são: bancário, energia elétrica, saneamento e de concessão rodoviária, ou seja, setores bastante resilientes a ciclos econômicos.
Existem setores mais e menos arriscados. Na SulAmérica Investimentos, preferimos, por exemplo, não apostar hoje em segmentos dependentes de reabertura pós-pandemia como turismo, restaurantes e varejo de vestuário e calçados.
Do ponto de vista dos preços, vemos que eles seguem abaixo do nível pré-pandemia. Apesar do forte fechamento dos spreads que já aconteceu neste ano, de uma média dos papéis em CDI + spread da Anbima de 2,30% para 1,80% (50 bps), eles estão acima do patamar do início de 2020 quando eram próximos a 1,20%. Acreditamos que ainda exista espaço para mais fechamentos do nível de spread atual, além de vermos um alongamento ainda saudável do prazo das emissões, com níveis de taxas maiores nestes vértices mais longos.
E por último, vemos a dinâmica de demanda por crédito muito forte dado o volume de captação recente da indústria. Ela vem sendo impulsionada pelo aumento dos juros que já vem acontecendo e pelas perspectivas de novas altas. Só lembrando que no final de 2019, quando estávamos em pleno ciclo de corte de juros, observamos um movimento de saída de recursos de fundos de renda fixa e crédito privado que migraram para fundos de ações e multimercados em busca de maiores retornos. Hoje o que vemos é oposto. Estamos com a Selic em 6,25% a.a., com os economistas prevendo que ela encerre 2021 em 8,25% ou acima. Isso aumenta o retorno nominal oferecido pelos fundos de crédito privado, que investem grande parte de seus recursos em papéis atrelados ao CDI.
Gestora ainda mais preparada para o momento – Observando este momento do mercado de crédito privado, nós aqui na SulAmérica Investimentos, uma das maiores assets independentes do Brasil e com R$ 46 bilhões de ativos sob gestão, temos nos preparado para apoiar os clientes da melhor forma e optamos por fortalecer a estratégia neste segmento.
Desde a minha chegada, no fim de 2020, expandimos a área de Crédito Privado, investindo em pessoal e reforçando o time com nomes estabelecidos no mercado. Nossa mais recente aquisição de talento foi o Leandro Trielli (ex-Unibanco Asset Management, Santander Asset e Schroders), que chegou para tocar a Gestão de Crédito.
Além dele, o time é composto por Marcelo Vecci (formado em Economia pela PUC-SP, faz parte da SulAmérica desde 1997 e trabalha nas operações financeiras da asset desde 2000), Lauro Campos (formado em Economia no Mackenzie, atua desde 1990 em análise de crédito, tendo trabalhado anteriormente em Banco Dibens, Banco BBA e BankBoston; ingressou na SulAmérica Investimentos em 1997) e outros três analistas de crédito, Daniel Batarce (ex-S&P, Fitch Ratings e Newfoundland Capital), Caroline Naves (ex-Banco de Tokyo, Fator e Banco Santander) e Bárbara Barbosa, todos com sólida experiência no setor financeiro e de crédito.
Para cuidar de um setor que tem características de liquidez e de mercado que demandam especialização, a equipe mais do que dobrou, permitindo que fôssemos mais ativos nos mercados primário e secundário, além de possibilitar o lançamento de produtos mais sofisticados.
Hoje já são cerca de R$ 7 bilhões nesta classe de ativo sob gestão entre mandatos exclusivos e fundos abertos, com potencial de crescimento.
Produtos com compromisso – Ainda sobre o mercado de crédito, um movimento interessante tem ocorrido nos últimos anos e ele vem impactando boa parte dos gestores no mercado financeiro. Me refiro ao considerável crescimento das operações de crédito sustentável, ou ESG, sigla que compreende as palavras meio ambiente, social e governança.
De acordo com a organização sem fins lucrativos Sitawi Finanças do Bem, o número de companhias brasileiras emitindo green bonds, CRIs, CRAs, debêntures de infraestrutura, letras financeiras e outras emissões de crédito sustentável saltou de 26 empresas em 2020 para 40 em 2021, um aumento de 53%. Na comparação entre o ano de 2017 e o de 2021, então, o aumento é ainda mais expressivo: 344%.
O momento para a emissão de títulos de crédito ESG é favorável e as empresas têm comprado esta ideia, se voltando para uma agenda mais economicamente sustentável.
E é por isso que, alinhada com as melhores práticas ESG e com as tendências de mercado, a SulAmérica Investimentos lançou em 2021 a família SulAmérica Crédito ESG, o primeiro fundo aliando filtros ESG à experiência em crédito. A oferta tem dois fundos, um destinado a investidores qualificados como pessoa física (SulAmérica Crédito ESG FI RF CP) e outro voltado para o segmento institucional (SulAmérica Crédito ESG Institucional FI RF CP).
O SulAmérica Crédito ESG foi resultado de uma parceria com a Resultante, uma consultoria especializada em avaliações ESG, e é essencialmente best-in-class, ou seja, investe nas companhias com as melhores avaliações dentro dos seus setores relacionados aos critérios ESG.
Destinado a investidores qualificados, o fundo foi estruturado para aproveitar as oportunidades da ampla diversidade de ativos de crédito privados oferecidas tanto no mercado brasileiro quanto em diversos mercados, e das oscilações entre preços dos ativos, com possibilidade de investimentos, entre outros, em debêntures de companhias abertas e fechadas, títulos bancários, CRIs, CRAs e FIDCs.
Os produtos buscam entregar retorno de CDI de +1,80 e CDI +2,00% a.a. – com priorização de alocações do risco adequado para este retorno, taxa de administração de 0,60% para parcela alocada em crédito do fundo e de 0,15% para parcela em caixa, além de taxa de performance de 20% sobre o que exceder do CDI.
Tudo isso mostra que o SulAmérica Crédito ESG une o que há de melhor no mercado de investimentos com toda a responsabilidade dos critérios ESG e a tradição da SulAmérica.
Fundamental lembrar que, hoje, o montante da SulAmérica Investimentos na família de crédito ESG é um dos maiores da indústria, totalizando mais de R$ 335 milhões de patrimônio líquido.
A estratégia tem grande potencial de expansão justamente porque a SulAmérica Investimentos reconhece a necessidade de apoiar a transição do mercado para uma economia ambientalmente responsável, socialmente justa e economicamente transparente.
*Daniela Gamboa é Head de Crédito Privado da SulAmérica Investimentos