Quando o assunto é alocação de carteira, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) normalmente se deparam com diversas classificações diferentes, em especial na escolha de um fundo. Na Palestra Técnica “Fundos Multimercado: Qual a Forma Mais Eficiente de Combiná-los em seu Portfólio?”, realizada nesta quarta-feira, 20 de outubro, durante o 42º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP), Rodrigo Terni, Co-fundador e Co-CEO da Giant Steps Capital, ajudou o público a compreender melhor a estrutura de um fundo, diferenciando alocações Macro, Long-Short e Quant.
Ele explicou como funciona a utilização de classes de ativos nessa escolha, mostrando resultados mais evidentes nessa seleção, sendo os fundos multimercado uma alternativa que se encaixa na carteira como um diferencial entre renda fixa e renda variável. Segundo Terni, os critérios para seleção de ativos normalmente avaliam a estrutura da gestora, aprovação em processo, pesos iguais entre gestoras, alocação por disponibilidade, ponderação por patrimônio ou alocação para diversificação, entre outros.
O especialista mostrou os potenciais problemas desse tipo de escolha, podendo haver riscos sub ou super dimensionados, e até quebras de correlação. Assim, Terni demonstrou três metodologias diferentes que podem ser utilizadas para a seleção de fundos e o resultado delas. “Minha crítica não é sobre a escolha de um determinado fundo, mas existem formas diferentes de combinar esses mesmos fundos que possivelmente podem trazer benefícios para a carteira final”, explicou.
No primeiro exemplo, a carteira seria composta por fundos tradicionais de gestores mais conhecidos. O segundo é um portfólio focado na diversificação por classes; enquanto o terceiro possui uma alocação agnóstica – sem pré-análise de classes. Terni demonstrou uma melhora de eficiência no desempenho de cada um conforme as carteiras são estatisticamente balanceadas. “Classes em si não querem dizer muita coisa”, disse, reiterando que é preciso combinar estratégias diferentes para melhorar o sharpe da carteira.
As principais diferenças entre as estratégias são as fontes de informação, disse o especialista. “No caso do Macro, as informações são majoritariamente econômicas”, explicou Terni, dizendo que é com base nisso que se define a compra ou venda de ativos. “No fundo Long-Short, as fontes de informação normalmente são ações”, destacou.
Já a estratégia Quant utiliza muita tecnologia, agregando ferramentas estatísticas que ajudam na obtenção de uma quantidade maior de informações, incluindo sentimento de mercado, dados sobre saúde ou geolocalização, entre muitas outras. “Minha fonte de informação é muito grande e muito diferente dos fundos Macro e Long-Short”, reforçou Rodrigo Terni, reiterando que o uso da tecnologia na seleção de fundos permite uma decisão de alocação mais rápida.
Diversificação internacional – “Oportunidades para Diversificação Internacional Diante do Atual Cenário Macroeconômico Global” foi tema de Palestra Técnica conduzida pelo parceiro J.P. Morgan Asset Management, que teve como foco levar ao público informações pertinentes sobre os principais acontecimentos para economia e mercados globais, assim como informações acerca da diversificação internacional para as EFPC.
A apresentação mostrou que a indústria brasileira conta hoje com mais de R$ 3 trilhões de ativos em fundos de investimento, mas ao colocar uma lupa, apesar de ter crescido mais de 100% nos últimos 12 meses, a alocação internacional ainda tem um espaço muito grande para crescer. “Nosso grande objetivo é fomentar a discussão sobre a prática da diversificação global para os investidores brasileiros”, disse Isabella Nunes, Diretora Executiva, responsável pelo relacionamento com os investidores da J.P. Morgan Asset Management.
Segundo ela, há diversas estratégias e veículos com ativos no exterior disponíveis para os investidores, sendo possível avaliar a combinação certa de investimentos, alinhando os objetivos financeiros de cada fundação. Assim, Isabella explicou a importância do asset allocation, com uma construção de portfólio que pode combinar a pesquisa qualitativa e quantitativa. Isabella também apontou a diversificação em estratégias beta e alfa como essenciais para gerar resultados de investimento superiores no longo prazo. “O fator chave é ter flexibilidade e habilidade para navegar os mercados”, disse.
Gabriela Santos, Estrategista de Mercados Globais da J.P. Morgan Asset Management, discorreu sobre os princípios de alocação estratégica, entre eles prazo, diversificação e volatilidade de retorno, destacando que o investimento global visa buscar oportunidades que existem no mundo todo. “O Brasil representa apenas 3% do PIB global, 2% do mercado de renda fixa e 1% do mercado acionário”, disse, demonstrando assim o volume de oportunidades que acabam ficando de fora das estratégias ao se optar por ativos concentrados localmente. “Estrategicamente, ter alocação global é muito importante”.
Ela reiterou que ao combinar uma carteira local com a internacional, é possível crescer, reduzindo a volatilidade ao longo do tempo. Abordando as discussões táticas, Gabriela traçou um panorama global, resgatando os efeitos da pandemia de Covid-19, que mostra uma dispersão da recuperação da crise em cada país. Com base nisso, a estrategista explicou que é preciso sempre fazer movimentos táticos diante do momento de cada região, dando importância para diversificar o portfólio em diferentes geografias.
Gabriela mostrou ainda uma visão sobre a economia global, incluindo alta inflação no mundo todo, além da política monetária, que varia de país para país, avaliando que o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos ainda deve ocorrer somente no final de 2022, em um ciclo longo e gradual. Isso impacta no preço dos ativos de renda fixa global, explicou, demonstrando como mitigar esses impactos através de alocações high yield correlacionadas com dívidas do governo e ativos de renda variável.
Focando mais no mercado acionário, Gabriela demonstrou renda variável como uma alocação estratégica, sendo que há diferentes desempenhos por setor, estilo e região geográfica, sendo necessário, assim, buscar um equilíbrio na carteira.
Foco nas equities – Investir no exterior é claramente uma boa ideia, talvez até mais num momento em que os títulos globais estão relativamente caros, mas não as equities, que têm espaço para se valorizar, disse Yoram Lustig, CFA, chefe de Soluções de Multiativos, EMEA e Latam – T. Rowe Price, no final da manhã desta quarta-feira, 20 de outubro, na Palestra Técnica 13, dedicado ao tema “Estratégia Global de Diversificação via Fundos de Fundos”. Ao seu lado na tela, Phylipe Corsini, sócio responsável pelo canal institucional da divisão de Third Party Distribution no Brasil – BTG Pactual, área responsável no banco pela oferta de produtos de terceiros, através da qual ganha uma dimensão global, lembrou que os investidores brasileiros dispõem atualmente de muito melhores condições de alocar fora do País, seja pelo volume de informações ou diversidade de propostas.
Yoram defendeu também uma gestão ativa, seja no terreno estratégico como tático e, quanto a 2022, recomendou foco especialmente em equities de segmentos que possam se beneficiar mais diretamente da retomada da atividade econômica no pós-pandemia. Citou como exemplo os papéis de bancos, reforçados pela procura maior por crédito.
A descorrelação entre investir aqui e lá fora foi realçada por Yoram, ao chamar a atenção para a frequência – 7 em cada 10 oportunidades – com que a alta das bolsas globais compensou as quedas na B3.
E, com a diferença entre a Selic e a taxa do FED, já se ganha dinheiro com o próprio hedge cambial. (colaborou Jorge Wahl)