A palestra técnica “Crédito privado: as estratégias mais promissoras do mercado” reuniu gestores da SulAmérica Investimentos para analisar o cenário e as perspectivas para os ativos e fundos de crédito para as carteiras das Entidades Fechadas de Previdência Complementar. A apresentação foi realizada no quarto e último dia do 42º Congresso Brasileiro de Previdência Privada nesta sexta-feira, 22 outubro.
Wagner Kladt, Gerente de Captação Institucional da SulAmérica Investimentos, introduziu a apresentação lembrando que a asset já passou por diversas crises e mudanças de governos, tendo enfrentado agora uma pandemia e suas consequências para a gestão de recursos. E lembrou que é justamente em momentos de crises que surgem boas oportunidades de investimentos. Com os juros básicos da economia em um novo ciclo de alta, o executivo destacou que também as empresas tendem a pagar prêmios maiores aos investidores, o que torna a alternativa de crédito privado mais atraente.
Daniela Gamboa, Head de Crédito da SulAmérica Investimentos, apresentou o cenário turbulento que afetou o mercado brasileiro nesta semana, e fizeram as projeções para a Selic, que estavam anteriormente em 8,5% a 9% para 2022, saltarem para 10,5% a 11% agora. Com a perspectiva de maior alta para a Selic, a gestora apontou que as oportunidades para os ativos de crédito também se multiplicam.
O investidor também tem respondido a esse apelo, pois já se registra o oitavo mês consecutivo de aumento na captação líquida para o segmento de fundos de crédito. Com a abertura do spread de crédito, as alocações nesses fundos voltam a fazer sentido. Daniela alertou, porém, que é necessário ficar mais atento para a análise dos papéis, pois a alta dos juros também estão impactando negativamente alguns setores da economia. Ela deu exemplo de empresas de varejo que atuam com margem baixa de lucro e alta alavancagem, que devem sofrer mais com a alta dos juros, com o consequente aumento do risco.
Recorde de debêntures – O ano de 2021 deve fechar com recorde de volume de emissão de debêntures. O aumento das emissões é impulsionado neste final de ano porque muitas empresas não querem deixar para emitir em 2022 que é um ano eleitoral em que a volatilidade costuma aumentar, explicou Daniela.
Os spreads dos ativos de crédito, apesar de menores que os momentos de auge da crise da pandemia de 2020, ainda estão acima dos patamares históricos. “Hoje temos visto o patamar de spread do mercado ainda acima da média histórica do período pré-pandemia. Começamos 2021 com spread de 2% para ativos de baixo risco. Hoje o spread médio para esses ativos gira em torno de 1,5%. No início de 2020 era de 1%, um patamar próximo da média histórica”, mostrou a gestora da SulAmérica. Nesse sentido, ela avalia que ainda tem um bom espaço para fechamento dos spreads, o que favorece a alocação em ativos de crédito no momento atual.
Leandro Trielli, Gerente de Crédito da SulAmérica Investimentos, analisou as emissões de ativos indexados à inflação. Temos visto um mercado dinâmico, principalmente com emissões em CDI, mas agora estão voltando as emissões em IPCA”, disse. O gestor explicou que há maior número de players que demonstram maior interesse em emitir ativos indexados ao IPCA.
Para os gestores de fundos, existe a possibilidade de utilizar ativos indexados ao CDI e realizar um hedge com IPCA com um derivativo chamada DPA – derivativo futuro de IPCA. Há vários casos em que vale a pena fazer o hedge para oferecer uma alternativa para o investidor que tem apetite para ativos atrelados à inflação, como é o caso de muitas entidades fechadas.