Encontro Sudeste + Leste destaca o papel da comunicação para a transparência e as propostas da Abrapp para o equilíbrio dos planos

Painel “Transparência e engajamento dos participantes”

Transparência e engajamento dos participantes e o atual cenário de equilíbrio dos planos foram temas do quinto e do sexto painéis do Encontro Regional Sudeste + Leste, realizado na quarta-feira (13).  Somados, os participantes desta edição e do Encontro anterior, Sudoeste + Sul, representam um público total perto de 1.300 pessoas na série deste ano.

No painel “Transparência e engajamento dos participantes”, o Diretor Executivo da Regional Sul, Rodrigo Sisnandes Pereira, ressaltou a relevância do tema. “O participante é, sem dúvida, a razão da nossa existência. Dessa forma, agir com transparência e comunicar adequadamente é fundamental”, disse Sisnandes. Ele agregou ainda o atendimento de excelência para reter, atrair novos públicos e capturar as oportunidades com os planos família, os planos instituídos e a previdência complementar dos servidores públicos.

Transparência ajuda na retenção – O direito de acesso à informação pelo participante, já garantido pela Constituição de 1988 e pelas Leis Complementares de 2001, foi reforçado com a publicação da Resolução CNPC 32/2019, afirmou Carlos Marne Dias, Diretor de Fiscalização e Monitoramento da Previc.

Contudo, após o início da pandemia de covid-19, em 2020, cresceu enormemente a demanda por transparência e informação junto às EFPC, à medida que os participantes buscavam proativamente saber como estava a situação das entidades e de suas reservas. A falta de acesso a informações também motivou denúncias que chegaram à Previc nesse período, contou Marne.

O crescimento das novas modalidades e tipos de planos no sistema, a exemplo dos planos família, enseja novas diretrizes para o funcionamento das EFPC. Isso reflete atuar de forma muito mais ativa para a atração e retenção de participantes, inclusive na prestação de contas, observou Marne. Ele acrescentou que o participante hoje está muito ligado no que acontece com a entidade e tudo que está no seu entorno.

“Temos um sistema com recursos garantidores na ordem de R$ 1 trilhão, e os participantes querem saber onde está cada centavo; se está performando e se está bem aplicado. Então, a importância do tema transparência, e em decorrência disso trazer o engajamento dos participantes, é fundamental”, sublinhou Marne. Ele reforçou que dar acesso à informação deve ser a regra, e que a exceção da negativa precisa ser bem fundamentada.

Transparência é também comunicação adequada – Maria Elisabete Teixeira, Diretora de Seguridade da Valia, reforçou a importância da comunicação entre a entidade e o participante para a construção da confiança. Ela observou que somente enviar ou dar acesso à informação não garante a transparência, uma vez que a forma como a informação é apresentada pode dificultar seu entendimento ou localização pelo participante.

A Valia utiliza em sua estratégia de comunicação as “personas”, personagens fictícios que representam os diferentes perfis de clientes e suas necessidades específicas. Fazer esse tipo de segmentação, que parte de estudos e da escuta ativa feita com o participante, pode gerar resultados surpreendentes para a escolha da linguagem e dos canais mais adequados para cada perfil de público.

Outro ponto destacado por Elisabete é o uso de ferramentas que contribuem para a formação de cultura previdenciária e empoderam o participante, como gamificação, calculadoras de contribuição e de benefício, cursos online, uso de materiais disponibilizados pela Semana ENEF, e planilhas de educação financeira.

Conheça a sua massa – Luciana Ribeiro, Coordenadora da Comissão Técnica Centro-Norte de Estratégias e Criação de Valor da Abrapp, fez um convite para as entidades buscarem conhecer a sua “massa”. Ou seja, não só olhar para fora na busca por novos públicos, mas extrair os insights valiosos da sua própria base de dados, tesouro que as entidades possuem na mão, e identificar os diferentes perfis de participantes, criar as personas, e melhorar a comunicação com eles.

Gerente de Seguridade do Sebrae Previdência, Luciana contou que a entidade criou o seu próprio influenciador, um colaborador que leva a informação de maneira mais leve ao público em canais como o Instagram e o YouTube. A entidade também utiliza os profissionais de relacionamento, que mantêm contato frequente e são reconhecidos pelos participantes, para trabalhar a comunicação de temas importantes.

Luciana reforçou a mensagem de que não basta deixar a informação disponível, é preciso apresentá-la de forma que desperte interesse. Por isso, o Sebrae trabalha a cultura previdenciária em diversos meios, incluindo uma série de vídeos leves sobre viagem em que há restrição orçamentária, além da série Papo Kids, que orienta pais sobre como transmitir essa educação aos filhos.

 

Painel “Equilíbrio dos Planos – Visão de Cenário e Avaliação de Ações”
Painel “Equilíbrio dos Planos – Visão de Cenário e Avaliação de Ações”

Equilíbrio dos planos – Encerrando o Encontro Regional Sudeste + Leste, o painel “Equilíbrio dos Planos – Visão de Cenário e Avaliação de Ações” contou com moderação feita por Jarbas Antonio de Biagi, Diretor Executivo responsável pela Regional Sudoeste. Jarbas destacou o trabalho de acompanhamento diário feito pela Previc e acrescentou que a Abrapp, junto com suas associadas, também acompanha a situação dos planos, cujos resultados consolidados são levados ao CNPC, contribuindo para as discussões sobre eventuais medidas de equilíbrio e a identificação de situações sistêmicas ou pontuais.

Christian Catunda, Coordenador-Geral de Orientação de Atuária e Contabilidade da Previc, destacou que de 2015 a 2020 o sistema vem apresentando uma série de resultados favoráveis, tendo revertido a situação anterior de um déficit em torno de R$ 77 bilhões para um superávit de R$ 8 bilhões. Em 2021, em razão, dos fatores conjunturais que impactaram todo o mercado, o resultado do ano provavelmente será de déficit.

Contudo, Catunda enfatizou que está claro que essa situação é de curto prazo e o sistema está muito longe de um quadro de insolvência. O índice médio de solvência das ESI, por exemplo, está perto de 100% e das entidades não ESI é ainda superior. “Em geral os planos de benefícios apresentam índices de solvência bastante favoráveis e equilibrados, a despeito da volatilidade de alguns indicadores”.

Dentro das aplicações feitas pelas EFPC, 53% dos ativos em renda fixa estão em títulos públicos federais, percentual que supera os 60% se incluídas as operações compromissadas. Nesse quadro, o risco de mercado é impactado por indicadores econômicos como inflação e Selic, esta última tendo saltado de cerca de 2% no início de 2021 para os atuais 11,75% – e podendo chegar aos 12,75% ao final do ano.

A atual conjuntura impacta o equilíbrio dos planos, mas são fatores passageiros e que não afetam o longo prazo, avaliou o Diretor da Previc. Ele acrescentou que a tendência da taxa de juros atuarial se mostra declinante e que as entidades, cientes também dos impactos da longevidade, já utilizam em sua maioria tábuas de mortalidade mais recentes.

Propostas da Abrapp – Em sua fala, Silvio Rangel Silveira, Consultor e Especialista em Previdência, analisou que o atual quadro de volume de déficits das entidades é menor, mas encontra-se mais disseminado em número de entidades e planos. Ele lembrou que a última mudança estrutural no quadro normativo a respeito ocorreu há seis anos, e que o atual cenário abre a oportunidade para um novo debate. “Nesse sentido, a Abrapp tem trabalhado com sugestões pontuais para alterações em alguns parâmetros, para que o sistema atravesse essa crise, sem prejuízo de voltar a discutir alterações estruturais em prazos mais longos”.

Rangel destacou a proposta da Abrapp para postergar o equacionamento do déficit de 2021 para 2023, avaliando o caráter conjuntural dos motivos que afetaram aos resultados do ano passado. O consultor destacou ainda ter feito uma simulação que aponta para uma nova redução da taxa atuarial, que deve vir por Portaria da Previc, para fechamento dos balanços no exercício de 2022.

“Isso significa que as entidades têm que fazer uma nova revisão atuarial. Então, aquele déficit de 2021, por todos os fatores que já mencionamos, ele tem uma nova componente de uma redução atuarial impositiva quase – lógico que há exceções, a entidade pode vir a pedir um waver para utilizar taxas acima do teto, mas caso não o faça, os tetos forçarão uma nova revisão da taxa atuarial, num período relativamente curto, ainda no exercício de 2022”, completou Rangel.

Confira a cobertura dos demais painéis do evento:

 A série de Encontros Regionais 2022 é realizada pela Abrapp, com o apoio institucional de UniAbrapp, Sindapp, ICSS, Sindapp e Conecta. Os encontros contam com Patrocínio Prata da Santander Asset Management; Patrocínio Bronze da BNP Paribas Asset Management, da Captalys e da Trígono Capital; além do apoio da Apoena Consultoria em Seguros, da I9 Advisory e da Mapfre Investimentos.

O Encontro Regional Centro-Norte + Nordeste acontecerá em 04 de maio. Inscreva-se aqui! A participação conta 4 pontos no Programa de Educação Continuada – PEC do ICSS.

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