A revisão de perspectivas para uma cenário mais positivo no Brasil vem se materializando, mas ainda há cuidados a serem tomados na hora de formar política de investimento para 2024. O debate foi aprofundado no encerramento do 12ª edição do Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC, que contou com a presença de Gustavo Franco, Economista e Sócio Fundador da Rio Bravo Investimentos, promovendo insights sobre o panorama atual e expectativas para o futuro da macroeconomia brasileira ao lado de Jorge Simino Jr., AETQ da Vivest.
O evento ocorreu nos dias 27 e 28 de junho, das 9h às 18h, presencialmente no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.
Na ocasião, Franco destacou perspectivas positivas para o Brasil, mas ainda com cautela pois acredita que é cedo para avaliar a atual administração do Governo. Ele ressaltou que relatório da agência de classificação de risco S&P Global do dia 14 de junho apontando para uma alteração do rating soberano do país de estável para positiva pela primeira vez desde 2019.
A visão da agência vislumbra um cenário positivo que pode se materializar em 8 meses com base em uma perspectiva de maior estabilidade das políticas fiscal e monetária, crescimento contínuo do PIB, menor endividamento do país e resiliência institucional, entre outros fatores.
“Isso permite avaliar um cenário bom adiante, mas ainda esperando mais certezas sobre aspectos fiscais, política macroeconômica, avanço nas reformas, arcabouço fiscal… a previsão é que as entregas tenham que ser feitas para que isso ocorra”, pontuou Franco.
Algum tempo depois é possível que venha outra perspectiva positiva, ressaltou, “desde que uma pauta bem comportada de reformas ocorram”.
Ele mencionou que o ciclo de baixa de juros de fato deve começar, mas atentou para o fato de o banco central ter elevado a taxa neutra real de juros de 4% ao ano para 4,5%. com uma perspectiva que os juros neutros já estão em 4,5%. Isso significa que qualquer nova elevação da taxa básica de juros, a Selic, vai ocorrer acima dessa taxa neutra mais alta. Diante disso, ele acredita que ainda não é o momento de tomar risco demais nos investimentos.
Adicionado mais uma dose de perspectiva positiva, Franco disse que o novo arcabouço fiscal do Governo é um indicativo de que não deve haver aventuras nesse âmbito. “Cada ano deverá ter sua Lei de diretrizes orçamentárias dentro de determinados parâmetros, mas existe uma obrigação moral do Governo de ficar mais ou menos no território delimitado pelos números do arcabouço”, disse.
Segundo ele, a adesão do Governo à ideologia do arcabouço é positiva, mas ainda há uma etapa de construção de instituições orçamentárias mais ou menos na linha das instituições monetárias. “O arcabouço é uma medida preliminar, que pode ser alterada”.
Dentro da expectativa do que pode ser tratado na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) desta quinta-feira, 29, que deve definir uma nova meta de inflação. Franco opinou que a decisão pode ser sobre elevar a meta, “mas prezando para que ela não seja elevada nos próximos anos”, opinou. Compõem o Conselho o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a Ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto,
Em termos de gastos públicos, Franco acredita que o risco da explosão da dívida foi afastado, mas agora o que está na mesa é o risco do aumento da carga tributária. “Os programas progressistas do governo enfrentaram problemas por questões orçamentárias e a consciência sobre a escassez de recursos fiscais está mais clara”, disse.
Políticas de Investimento – Com esse cenário em vista, Jorge Simino destacou que, no curto prazo, a visão é mais positiva para ativos de risco, com uma alta da bolsa de valores percebida no último trimestre.
“Do ponto de vista técnico, os agentes de mercado estavam com um volume de caixa alto e enfrentando resgates significativos, e na medida em que aparece esse cenário relativamente positivo, é possível ‘colocar o caixa para trabalhar’, voltando a fazer compras em um período curto e dentro de um movimento conjunto”, disse, o que pode justificar parte da valorização dos ativos de risco.
“Na mensuração da magnitude da entrega do Governo, poderemos ver se haverá continuidade nesse movimento”, continuou, pontuando, contudo, que o trabalho que o caixa poderia fazer ele já fez. “Daqui para frente devemos acompanhar novos fluxos em um segundo movimento de compras, dando assim uma ‘segunda pernada’ de valorização dos ativos de risco”.
Para 2024, Simino adicionou uma dose de cautela na hora de desenhar os limites para alocação de ativos. “A magnitude com que cada entrega do Governo pode ser feita e a velocidade com que isso acontece dão um reforço positivo. Inflação reduz, PIB cresce, e resta torcer para que esse reforço positivo produza resultado de maneira a replicar ou estender esse tipo de comportamento”, complementou.
O Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Black: XP e S&P Dow Jones Indices; Patrocínio Ouro: AZ Quest, BNP Paribas, Bradesco Asset Management, BTG Pactual Asset Management, Carbyne Investimentos, DWS Xtrackers, Global X Etfs, Inter, Investo, Itajubá Investimentos, Kadima Asset Management, Perfin, Rio Bravo, Santander Asset Management, Schroders, Sparta, TAG Investimentos, Trígono Capital, Vinci Partners; Patrocínio Prata: BB Asset, Galapagos Capital, HMC Capital; Patrocínio Bronze: Aditus, ARX, Franklin Templeton, Indie Capital, MAG Investimentos, RJI Investimentos, SulAmérica; Apoio: Bahia Asset Management, BlackRock, Fator, Hashdex, Leblon Equities, Método Investimentos,Patria Investimentos, StepStone.