O último painel do 4° Seminário Dever Fiduciário, realizado nesta quarta-feira, 5 de julho, em formato 100% online, abordou o tema “Lições de governança de conselho de administração e sua aplicabilidade aos conselhos das EFPC” com apresentações e debates de Jairo Laser Procianoy, Professor associado da Fundação Dom Cabral, e Francisco Carlos Fernandes, Sócio da PFM Consultoria e Sistemas.
O moderador do painel, Mauro Motta Figueira, Coordenador do Comitê de Ética da Abrapp, introduziu o tema destacando a importância que os conselhos possuem para preservar a governança das entidades e manter a visão de longo prazo. “Vamos discutir quais são as valiosas lições que podemos tirar dos Conselhos de Administração das empresas para os órgãos de governança das entidades fechadas de previdência complementar”, disse.
Jairo Procianoy destacou duas lições e aprendizados que se podem transmitir das empresas para as fundações, que são os seguintes: o “futuro” e a “avaliação”. “Pensar no futuro é uma obrigação básica do conselho, mas será que fazemos isso? As reuniões de conselho geralmente abordam uma visão para trás, do que já aconteceu com dados passados e pouco tempo de olhar para o que vai acontecer daqui para a frente”, disse.
É certo que nas fundações existe todo um trabalho de olhar o mercado financeiro e tentar projetar as taxas de juros, os próximos movimentos do mercado, mas o professor disse se referir ao futuro do mais longo prazo, do que acontecerá daqui cinco ou dez anos. “Na nossa experiência de um modo geral, com todos os conselhos, o tempo investido em olhar esse futuro de longo prazo é muito pequeno”, disse.
Ele ainda apontou que o prazo de cinco anos é pequeno. “Ainda é pouco, é preciso olhar além de um número estatístico para garantir o futuro para as pessoas. Precisamos pensar no que esses fundos se tornarão e quais serão esses clientes a quem devemos dedicar o trabalho”, defendeu.
O professor da Fundação Dom Cabral também destacou o impacto das novas tecnologias, com o dado de uma pesquisa que diz que haverá em torno de mil novos programas de inteligência artificial sendo lançados no mundo diariamente. “Como isso moverá a indústria de investimentos, as bolsas e as companhias? Mesmo com todas as modificações e possibilidades de mudanças que possam acontecer, precisamos realizar esse exercício de olhar qual será o futuro no longo prazo”, questionou.
Importância da avaliação – O especialista disse ainda que, no Brasil, de um modo geral, o processo avaliativo é fraco. “Não temos essa constância de avaliar, ainda é um número muito pequeno de conselhos que fazem sua avaliação de como melhorar, e sem essa avaliação não haverá a melhora”, afirmou. Ele defendeu a avaliação em quatro vertentes. Primeiro, avaliar o conselho como órgão; segundo, avaliar os conselheiros, se eles possuem uma boa contribuição naquele conselho; terceiro, avaliar a relação do conselho com a gestão; e por fim, avaliar a relação com os stakeholders e se as informações trocadas são suficientes.
Disse ainda que a avaliação é um processo, um caminho, e que é melhor fazer qualquer avaliação do que nenhuma. “Se fizermos a pergunta de como fazer a próxima reunião melhor do que a anterior, já é um início de um processo avaliativo. Nesse processo de como ir melhorando, podemos chegar a avaliações importantes de desempenho”, comentou.
Gerenciamento de riscos – Francisco Fernandes coincidiu com o destaque da importância das projeções a futuro do outro palestrante do painel. Ele ressaltou a discussão sobre o futuro do país, da economia, da sociedade e do planeta para o planejamento das entidades fechadas. Ele trouxe uma visão de gerenciamento de riscos de longo prazo. “O dever fiduciário que reside no coração da atividade das fundações nada mais é que o compromisso com o futuro de longo prazo”, disse.
O Sócio da PFM comentou que trabalha com uma matriz de riscos na qual se pode mapear os diversos riscos das organizações. É um modelo que define a situação geral das entidades em relação a todos os riscos e ao mercado. Destacou ainda a importância do gerenciamento de riscos ASG (ambientais, sociais e de governança) e relacionou com os padrões contábeis. Defendeu ainda a necessidade de avançar na padronização das informações sobre sustentabilidade fornecidas pelas empresas ao mercado.
Com o tema central da “Necessária Evolução da Governança – Governança Ágil e Perspectivas para a Governança das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), o 4° Seminário Dever Fiduciário foi uma realização da Abrapp e do Sindapp, com apoio institucional da UniAbrapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Ouro: Gruppo Investimentos e PFM Consultoria e Sistemas.