Os ciclos da economia brasileira, com o advento das crises internacionais e domésticas e as oportunidades da renda variável foram os temas discutidos no quarto painel do 13º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC, que acontece nos dias 26 e 27 de junho, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Moderado por Cléber Nicolav, membro da Comissão Técnica de Investimentos Sudoeste da Abrapp e Diretor-Superintendente AETQ da Inovar, o painel trouxe o tema “Decifrando ciclos de investimentos: estratégias e oportunidades no mercado de ações” e teve como palestrantes Roberto Belchior, Sócio da Tarpon; Werner Roger, CIO e Cofundador da Trígono Capital; e Carlos Garcia, Sócio-Fundador da Itajubá Investimentos AI.
Cléber Nicolav apontou que a diversificação das carteiras é essencial, mas só faz sentido quando é bem feita. Explicou que existe a dificuldade de acertar o timing para a entrada e saída da Bolsa, por isso, defendeu a manutenção de posições estruturais na renda variável. “É importante calibrar os riscos dentro dos segmentos da Bolsa, que atualmente oferecem prêmios interessantes, apesar do atual patamar alto da Selic”, disse. O dirigente informou ainda que sua entidade, a Inovar Previdência, traz em sua política de investimentos, uma proposta de rebalanceamento da carteira de ações, que deve ser realizada em momentos específicos de alta ou queda da Bolsa.
Roberto Belchior explicou que a Tarpon segue uma metodologia de análise fundamentalista com a proposta de “olhar para poucas ideias”, mas com um olhar de maior profundidade. Ele mostrou que a economia brasileira tem percorrido vários ciclos e muitas crises nos últimos anos, por isso, é importante exercitar a “apneia”, que é a capacidade de prender o fôlego (debaixo d´água). Isso é importante para não se precipitar para sair nos momentos de baixa – suportando a pressão dos participantes e conselheiros.
E recomendou que para gerar valor com a análise fndamentalista em ações o mais importante é potencializar a qualidade do negócio e a valuation. “Buscamos companhias mais resilientes, com fluxo de caixa mais estável e negócios mais previsíveis. Damos preferência a empresas com alto potencial de crescimento”, disse. Em relação ao valuation, Roberto Belchior elencou os seguintes pontos de análise: valor intrínseco, múltiplos de negociação, indicadores de mercado e perspectivas de longo prazo.
Oportunidades em small caps – Werner Roger, da Trígono Capital, lembrou que há um ano, no mesmo Seminário de Gestão de Investimentos, mostrou as oportunidades de investimentos em small caps. E mostrou que a Bolsa doméstica apresentou um excelente retorno em 2023. “A Bolsa não decepcionou ninguém no ano passado”, recordou.
Ele destacou que, com a expectativa de corte dos juros nos EUA, os estrangeiros buscaram os mercados emergentes e Brasil. Isso provocou aumento do fluxo de investimentos de estrangeiros na Bolsa brasileira. Como o corte dos juros não se confirmou, ocorreu saída de recursos dos estrangeiros da Bolsa Doméstica. O cenário gerou maior incerteza sobre os ativos de maior risco para as fundações, que reduziram exposições à renda variável. O gestor da Trígono mostrou como o segmento de small caps tem produzido oportunidades de ganho nos últimos anos, e que o atual patamar de precificação das ações de muitas empresas está relativamente barato. A questão agora é acertar o timing do momento mais adequado para retornar para a Bolsa. Ele recomenda que o retorno deve acontecer quando surgirem os primeiros sinais de queda dos juros pelo FED.
Carteira diversificada – Carlos Garcia, da Itajubá Investimentos AI, abordou os ciclos da economia brasileira nos últimos 10 anos, desde 2013 até 2023. Ele mostrou que a economia segue a tendência de percorrer ciclos curtos com altos e baixos expressivos. O especialista falou do momento de 2013 a 2016, com a recessão e o impeachment, e a realização de pouquíssimos IPOs. De 2017 a 2021 o cenário melhorou sensivelmente, com a realização de 74 IPOs no mercado doméstico. Ele destacou a ascensão de empresas como Natura, Hapvida, Magalu, Stone, MRV, entre outras.
O momento seguinte, de 2022 e 2023, pós-crise de Covid-19, foi marcado pela deterioração do cenário global. Não houve nenhuma oferta pública inicial de ações (IPO). “Em 10 anos, o Brasil passou por três ciclos completamente diferentes. É muito difícil prever o processo”, comentou Carlos Garcia. Ele apresentou um estudo comparativo dos fundos de ações, separando em quatro categorias: small caps, valor, top down e uma carteira diversificada, em diferentes janelas de tempo. E mostrou como a carteira diversificada é a opção mais adequada para enfrentar os diferentes ciclos e crises. “A carteira diversificada apresenta maior constância de retornos, menos sustos, e menor chance de performar mal durante um período longo”, comentou Garcia.
O Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. O evento conta com patrocínio Black: S&P Dow Jones, XP. Ouro: ASA, AZ Quest, BNP Paribas, Bradesco Asset, Carbyne Investimentos, Fator Soluções, Franklin Templeton, Galapagos Capital, HMC, Inter, Investo, Itajubá Investimentos, Perfin, Rio Bravo, Santander, Sparta, Sulamérica Investimentos, TAG Investimentos, Tarpon, Trigono Capital, Vinci Partners. Prata: BB Asset, Novus Capital, Porto Asset. Bronze: Aditus, ARX Investimentos, XTrackers, Itaú Asset, RJI Investimentos, V8 Capital, Safra. Apoio: Apoena, Bahia Asset, HSI, IAP – Itajubá Previdência, Marsche, Método, Pátria Investimentos.