Seminário Gestão de Investimentos: Especialistas demonstram importância da diversificação internacional

Ainda que as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) estejam longe de alcançar o limite de 10% permitido pela regulação para investimentos no exterior, há o entendimento de que esse patamar ainda é baixo em termos de diversificação. Isso decorre de análises e cenários que comprovam a importância da alocação em ativos internacionais para mitigar os riscos das carteiras.

Durante o painel “Diversificação internacional como ferramenta de redução de risco e oportunidades offshore”, realizado no 13º  Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC, especialistas apresentaram esses estudos com o objetivo de orientar gestores na escolha pela diversificação internacional.

Édner Bitencourt Castilho, Secretário Executivo do Colégio de Coordenadores de Investimentos da Abrapp, fez a moderação do painel e destacou que em um estudo empírico realizado pelas CTs de Investimentos com as entidades para entender o que as leva ao investir no exterior, houve o entendimento de que demanda pelo aumento do limite regulatório está mais concentrada nos perfis de maior risco ou planos da modalidade de Contribuição Definida (CD).

“Talvez, nesse momento, o pleito seja tirar essa limitação dos perfis”, avaliou, destacando que também seria uma boa oportunidade discutir um sandbox regulatório sobre o assunto.

Diante de uma explicação sobre o racional de ter um montante aplicado no exterior, Daniel Popovich, Portfolio Manager da Franklin Templeton, apresentou um gráfico que mostra a valorização do dólar frente ao real nos últimos 15 anos, bem como retornos acumulados de diferentes índices globais. “Quando o portfólio fica todo concentrado no Brasil, será que estamos fazendo a diversificação adequada e necessária?”, questionou.

Ainda que os retornos de títulos públicos sejam atrativos atualmente, Popovich explicou que há necessidade de diversificar, pois juros têm ciclos e na renda fixa há risco de reinvestimento. Ele destacou que as classes de renda fixa têm volatilidade realizada baixa historicamente, mas ao olhar os ativos internacionais, a volatilidade é desconhecida. “Precisamos trazer isso ao olhar do investidor, pois a diversificação é muito boa”.

Ao considerar a classe de ativos internacionais em comparação com ativos locais, Popovich disse que a correlação da volatilidade é praticamente negativa levando em conta o fator câmbio. “Um portfólio estruturalmente investido em IMA-B, mas com exposição a ativos no exterior, se beneficia dessa correlação negativa”, pontuou.

Ele ressaltou, contudo, que o processo de construção de uma exposição internacional parte da decisão de como ela irá complementar a carteira de investimentos, tendo em vista a tolerância à volatilidade ou ao risco. “Muitas vezes, a renda fixa no exterior pode ser utilizada para atenuar essa volatilidade”, disse Popovich.

Através da combinação da classe de ativos, é possível melhorar a relação risco-retorno, pontuou. “As entidades precisam explorar mais os benefícios dos investimentos internacionais para as carteiras, pensando principalmente nos participantes”.

Impacto de questões macro – O principal fator que impede o aumento das alocações no exterior é a dúvida sobre qual é o melhor momento para investir, segundo Francisca Brasileiro, Head Investment Solutions e Business Development da TAG Investimentos. “No fundo, todos ficam receosos e fazem exercício de futurologia para entender se é o momento certo”, disse.

Esse fator é agravado pelo período de previsibilidade de dados piorada em que vivemos, disse, ressaltando que é preciso diversificar para proteger as carteiras de um momento que o país está passando por maiores complicações. “Os títulos públicos brasileiros estão extremamente atraentes, mas eu também voltei a ouvir que há uma preocupação com o poder de pagamento do Brasil. Isso porque vivemos a crise de estresse fiscal”.

Ainda assim, ela destaca que esse não é um evento pontual do Brasil, sendo que o salto da dívida pública dos Estados Unidos está no pico. “Não sabemos o que acontecerá com os juros dos EUA, mas isso impacta todos os países do mundo”.

Para tomar a decisão de investimentos, apesar de ser necessário olhar para o longo prazo, ainda é preciso observar horizontes mais curtos, disse Brasileiro, fazendo cenários diferentes nas carteiras, desde o básico até o de estresse. Ainda deve-se incluir a proteção cambial e avaliar se é melhor utilizá-la ou não, acrescentou.

Portfolio indexado – Apresentando os resultados da gestão indexada, Cauê Mançanares, CEO da Investo, destacou que essa é a solução mais escolhida nos EUA, ressaltando que estatisticamente na América Latina, nas classes de ativos de renda variável e de renda fixa, o Brasil mostra que os índices ainda ganham dos gestores.

“Em períodos de 10 anos ou mais, os fundos indexados ganham de 90% dos gestores ativos”, disse. “Mas como fazer a alocação no exterior na prática? É possível entregar ao gestor para fazer o stock picking, mas você pode ficar entre os que perdem para o índice de referência”.

Mançanares comparou índices internacionais com os principais Fundos de Investimento em Ações do mundo, demonstrando que, ainda assim, a diversificação global gera maiores resultados do que alocar somente no Brasil.

Segundo ele, fazer 10% de alocação global diversificada em um índice já gera um retorno elevado, reduzindo a volatilidade. “É muito difícil escolher um gestor que vai ganhar do benckmark”, disse.

Mançanares complementou dizendo que a próxima evolução é desenhar a estratégia com curadoria de ETFS e construção de portfólios modelos. “Eles protegem de situações que não conseguimos prever”, conclui.

O Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. O evento conta com patrocínio Black: S&P Dow Jones, XP. Ouro: ASA, AZ Quest, BNP Paribas, Bradesco Asset, Carbyne Investimentos, Fator Soluções, Franklin Templeton, Galapagos Capital, HMC, Inter, Investo, Itajubá Investimentos, Perfin, Rio Bravo, Santander, Sparta, Sulamérica Investimentos, TAG Investimentos, Tarpon, Trigono Capital, Vinci Partners. Prata: BB Asset, Novus Capital, Porto Asset. Bronze: Aditus, ARX Investimentos, XTrackers, Itaú Asset, RJI Investimentos, V8 Capital, Safra. Apoio: Apoena, Bahia Asset, HSI, IAP – Itajubá Previdência, Marsche, Método, Pátria Investimentos.

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