Epinne EPB 2024: Transição demográfica deve mudar maneira de pensar em previdência

O aumento da longevidade e redução do número médio de filhos por mulher é uma realidade que o mundo inteiro está passando, acarretando em países com população de idade cada vez mais avançada, e com menos jovens. No Brasil, não é diferente. Um exemplo é que de 1960 para 2022, o número de idosos por pessoa em idade produtiva triplicou. Esse cenário causa um desafio de sustentação do regime de previdência social e também complementar.

O tema foi debatido durante o painel “Impacto das tendências demográficas e saltos tecnológicos na sustentabilidade de fundos de pensão”, realizado durante o Epinne EPB 2024 nesta quinta-feira, 25 de julho, em Recife.

Durante a apresentação, Cícero Dias, Diretor-presidente da Funpresp-Exe, apresentou dados demográficos, reforçando que a população do Brasil está crescendo cada vez menos, enquanto a expectativa de vida aumenta, o que é uma tendência também em demais países.

“A longevidade também é uma realidade, com um crescimento da população acima de 80 anos”, destacou. “A transição demográfica foi trocada pela transição de longevidade, com o desafio de novas gerações de trabalho e dificuldade de incentivar os jovens a popular diante de uma cultura de consumo imediato. Será que estamos acompanhando as novas necessidades?”, questionou.

Segundo ele, o atual panorama leva o setor de previdência a repensar qual tipo de benefício é o ideal, pois ele será pago por mais tempo, o que impacta na gestão de investimentos, principalmente em se tratando de planos de Contribuição Definida (CD).

“Outro desafio é o da gestão da desacumulação. Os planos CD tentam copiar os modelos internacionais, mas de forma não tão adequada, na minha visão, pois são modelos de data-alvo que no momento da aposentadoria entregam todo o dinheiro ao participante, que não sabe o que fazer depois”, reiterou Dias.

Ele citou como outros países estão lidando com essa transição, criando desde universidades específicas para essa geração mais longeva, quanto políticas de convivência, inserindo também os idosos no mercado de trabalho.

Eder Costa e Silva, conselheiro independente e sócio da Agência de Consultoria E.Carva, também alertou que, se nada for feito, o problema vai se agravar rapidamente, pois “viver mais é uma coisa, mas ter menos jovens é muito pior”, disse.

Além da previdência, Costa e Silva destacou que esse cenário afeta outros setores socioeconômicos, impactando a base tributária, já que menos gente recolherá imposto, o que se reflete em menos investimentos em saúde e educação, e terá ainda redução de consumo.

“A gente acha que a solução é jogar a idade de aposentadoria para frente. Isso não vai adiantar mais”, ressaltou, destacando que será cada vez mais urgente pensar em soluções definitivas, como a possibilidade da compulsoriedade da previdência complementar, que já é uma realidade em outros países.

Difusão das revoluções tecnológicas – Eder citou ainda as revoluções tecnológicas que devem ocorrer, e já estão vindo com blockchain, ativos digitais, etc., que devem mudar o jeito de se pensar em previdência no futuro.

Thiago Fialho, Sócio e diretor de Previdência da Rodarte Nogueira e moderador do painel, ressaltou que tudo isso gera novos desafios, já que, além do aumento do público-alvo dentro da atividade de previdência complementar, o mundo passa por uma mudança tecnológica que certamente vai alterar o modelo de trabalho atual. “A inteligência artificial é uma nova revolução”, pontuou.

Shares
Share This
Rolar para cima