Lançado recentemente pela Previc, o Índice de Eficiência Operacional (IEFO) é um indicador desenvolvido para avaliar as despesas administrativas das entidades. Seu objetivo é garantir que os gastos das entidades estejam dentro dos padrões esperados, levando em consideração o porte e a complexidade de cada instituição.
Em entrevista exclusiva ao Blog da Abrapp, Sérgio Murilo Cruz Magalhães, Atuário da Fachesf e membro da Comissão Técnica de Planos Previdenciários Nordeste da Abrapp, explica o funcionamento da nova ferramenta e os desafios para a sua utilização. “Desde a divulgação, estamos trabalhando para ajudar o máximo de pessoas a entender o índice e interpretá-lo corretamente”, disse em trecho da entrevista.
Ele avalia a iniciativa da Previc como muito positiva e ressalta ainda o papel da autarquia em observar os possíveis impactos do indicador nas escolhas das entidades e promover uma boa utilização da ferramenta.
A utilização do novo índice também está sendo acompanhado pelas Comissões Técnicas da Abrapp, além de ter sido discutido no 9º Encontro Nacional dos Contabilistas das EFPC (9º ENCONT), evento realizado pela Abrapp e Ancep, nos dias 21 e 22 de novembro – clique aqui para acessar a matéria sobre o painel.
Leia abaixo a entrevista completa na íntegra:
Blog Abrapp em Foco: O que é o IEFO e qual o seu objetivo?
Sérgio Magalhães: É um indicador de despesa administrativa. Ele foi desenvolvido para avaliar se as despesas das entidades estão dentro do esperado para o seu porte e complexidade, a partir de uma metodologia própria desenvolvida pela Previc.
Blog Abrapp em Foco: Como o índice funciona? Pode nos dar uma visão geral sobre sua utilização?
Sérgio Magalhães: O IEFO compara o gasto da entidade com a despesa que seria adequada à manutenção da sua estrutura, de acordo com os critérios próprios definidos no modelo. “Zero” significa que a despesa da entidade foi exatamente aquela esperada. Se a instituição gastou mais, o índice fica positivo. Se gastou menos, sinaliza como negativo.
Blog Abrapp em Foco: Como esse índice pode impactar a gestão das Entidades de Previdência Complementar?
Sérgio Magalhães: Olhar para um IEFO alto é uma das formas de enxergar que a despesa da entidade está acima da média em relação a outras instituições comparáveis. Como dirigente, antes de um julgamento sobre o indicador, perguntaria a todos que pudessem me ajudar a compreender as seguintes questões: se as despesas estão ajudando a pagar benefícios; se os investimentos ajudam a pagar benefícios; se a correta precificação dos passivos ajuda a pagar benefícios; se a eficiência nas atividades de controladoria, jurídico, folha, arrecadação, controles internos e gestão de riscos, estão minimizando desperdícios.
Se algumas dessas respostas são negativas, saberemos onde devemos nos adequar. Se todas as respostas são positivas, há uma única coisa a ser feita: alinhar com os participantes e patrocinadores.
Blog Abrapp em Foco: Há desafios no uso do índice pelas entidades? Quais seriam os pontos de atenção?
Sérgio Magalhães: Devido à complexidade, o maior desafio é ajudar os principais agentes de interpretação do índice. Conselheiros, Dirigentes, Contadores, Atuários, Representantes da Patrocinadora, Fiscalizadores e Participantes, todos precisam entender que perguntas esse índice pode ajudar a responder e como ele faz isso.
Três principais pontos de atenção devem ser verificados. Um deles é que as entidades que administram planos assistenciais precisam verificar se essas despesas estão sendo consideradas no cálculo e providenciar os ajustes caso necessário; colegas contadores apontam que algumas entidades possuem despesas de pessoal reembolsadas pelo patrocinador.
Outro ponto é que despesas de investimentos podem ser classificadas de maneiras diferentes: em linhas gerais, carteiras próprias como títulos públicos, imóveis, renda variável e fundos de gestão interna, atribuem os custos ao PGA da entidade. Por último, despesas com fundos de investimentos de gestão externa, alocam as despesas através das suas taxas administrativas, que reduzem o rendimento gerado pelas aplicações financeiras.
Blog Abrapp em Foco: Sendo o IEFO uma ferramenta recente, quais são as perspectivas para sua evolução?
Sérgio Magalhães: Desde a divulgação, estamos trabalhando para ajudar o máximo de pessoas a entender o índice e interpretá-lo corretamente. Além disso, estamos promovendo discussões sobre o tema com especialistas, como forma de contribuir com a sua evolução.
Blog Abrapp em Foco: Há alguma recomendação para que as entidades possam utilizar essa ferramenta de forma eficiente?
Sérgio Magalhães: Exercem influência no índice o patrimônio (ativo dos planos), a quantidade de planos administrados, a idade da fundação, a origem do custeio, os níveis de exigíveis contingenciais e a proporção de imóveis. É primordial replicar o índice para entender o comportamento das despesas em relação a possíveis variações desses componentes, no mínimo em sua própria entidade.
Blog Abrapp em Foco: Como você vê o papel da Previc em acompanhar e orientar as EFPC na utilização do IEFO?
Sérgio Magalhães: Avalio a iniciativa da Previc como muito positiva. Foi além do papel de agente fiscalizador ao oferecer uma ferramenta que promove discussões sobre a eficiência do nosso segmento, possibilitando ainda reflexões sobre os gastos administrativos. Agora, a autarquia possui a tarefa de observar os possíveis efeitos do indicador nas escolhas das entidades, promover o bom uso e, em paralelo, avaliar continuamente oportunidades de melhoria das métricas de avaliação.