Repensar a aposentadoria e desenvolver uma mentalidade de um novo paradigma sobre a longevidade e a vida produtiva. Esse é o principal trabalho de Ricardo Neves, consultor, ativista e Co-Autor do livro “A Nova Longevidade: Reinventando a Aposentadoria”. E é com essa iniciativa que ele levará ao Fórum Econômico Mundial 2025 em Davos, na Suíça, a perspectiva de uma vida centenária com base na economia da longevidade.
Neves apresentou seu trabalho em palestra no 45º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP), realizado em outubro de 2024, onde também fez a divulgação de seu livro. Ele fará trabalho semelhante na Casa da Inovação Social durante o Fórum Econômico Mundial, divulgando a versão em inglês da obra.
Na ocasião, o consultor representará a Organização Não-Governamental (ONG) 50Plus Chapter, um braço do movimento global Catalyst Now, que trabalha para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável. Participando do debate “The Wisdom Economy: Unleashing Longevity’s Potential” (A Economia da Sabedoria: Desencadeando o Potencial da Longevidade), Neves estará ao lado de outros especialistas para falar sobre envelhecimento, longevidade e conexão intergeracional – saiba mais.
“A 50Plus trabalha com a perspectiva de criar uma nova mentalidade que 50 anos é a metade da vida adulta. Não é para pensar em aposentadoria”, disse em entrevista ao Blog Abrapp em Foco.
Foi com base na própria vivência que o consultor fez, progressivamente, a descoberta que sua geração ganhou um “bônus” de pelo menos 30 anos de vida. “A percepção é que a aposentadoria é um ‘conto do vigário’. Férias para a vida inteira é uma grande roubada. Não temos um modelo geracional do que fazer com 30 anos ‘a mais’ de vida, não temos modelos de aposentadoria para isso”.
Atualmente vivendo na Alemanha, país considerado o berço do sistema de aposentadoria, criado nos anos 1880, Neves diz que lá já está evidente a inversão da pirâmide demográfica. Para aprofundar o tema, ele fez uma pesquisa baseada em estudos com pessoas da geração baby boomer que aponta que no período pós-laboral há quatro fases: da liberdade; da perda; e da tentativa de fazer novas coisas. “A quarta fase é para quem consegue encontrar um propósito e equacionar sua vida”.
Ele conta ainda que, na Alemanha, há mais urgência para que a população acima de 50 anos se reinvente. “Um dos temas eleitorais aqui é a aposentadoria ativa. A pessoa tem uma idade para se aposentar, pode receber seus benefícios e continuar trabalhando com incentivos, como um novo contrato social. Essas transformações fazem com que a gente pense não somente em aposentadoria, mas em uma economia da longevidade”.
Diante disso, seu livro é uma ferramenta para as novas gerações ressignificarem a longevidade reinventando a aposentadoria. “Pessoas de 50 e 65 anos, que estão se preparando para se aposentar, estão mudando a mentalidade, procurando formar um novo modelo mental desta nova vida”, explicou Neves.
“O objetivo do livro é um chamado à ação. Eu uso ele em meu trabalho como consultor de longevidade que atende fundos de pensão e seguradoras, que estão de frente para o problema da longevidade como um risco”, continuou.
Ele lembra que algumas entidades de previdência complementar brasileira já possuem em seu quadro de participantes, assistidos com mais de 100 anos de idade. “A vida humana tem uma perspectiva centenária. A sociedade não passa mais por uma vida produtiva que começa aos 20 e termina aos 60. O fundamental é que o rearranjo de longevidade não coloca apenas a questão da aposentadoria em pauta, mas também como nos qualificamos ao longo da vida”, completou.