José Roberto Afonso apresenta desafios da universalização da previdência complementar no Brasil

Abordando a universalização da previdência complementar no Brasil, o professor e pesquisador do IDP, José Roberto Afonso, participou do workshop de Planejamento Estratégico da Abrapp nesta terça-feira, 4 de fevereiro, destacando o desafio de planejar com estratégia e pensar no futuro com uma visão abrangente, que leve em conta os diferentes componentes da previdência e da poupança. “Esse ciclo é fundamental para a Abrapp e para a previdência privada do Brasil e como um todo, pois precisamos ressignificar os antigos pilares desse setor”, disse.

Segundo ele, o segmento passa pelo momento de oferecer previdência para um público que não tem essa cobertura, considerando o impacto de mudanças no mercado de trabalho, que está cada vez mais informal. “O aumento da informalidade gera uma redução da cobertura previdenciária”, pontuou. 

Afonso reforçou que problemas podem ser oportunidades. “A previdência privada, mais que a social, deve chegar aos donos de seus próprios negócios, mesmo com renda baixa, mas com capacidade de poupar”.

Para o professor, o essencial é identificar e entender mudanças culturais, sociais, demográficas e econômicas para construir soluções adequadas e estratégicas para essa nova realidade, diversificando planos para atender diferentes demandas, expectativas e anseios de várias gerações. 

“Acima de tudo, é preciso ter uma postura mais proativa dos dirigentes e técnicos do setor para cobrir uma apatia ou desconhecimento sobre o sistema, não apenas por parte do governo, e também para captar novos participantes”, reiterou Afonso. 

Se isso não for feito, ele alertou para projeções apontando que até 2044, a queda no volume de reservas das EFPC será de 93%. “Essa expectativa decorre da projeção de queda do emprego”, pontuou. “Se nada for feito, a previdência privada ficará cada vez mais para trás”.

Incentivos – Diante desse cenário, o trabalhador precisa de estímulo para poupar, e Afonso destaca que atualmente é cada vez mais comum que se pense menos em acumular recursos para o futuro, com baixas perspectivas das gerações mais novas sobre a possibilidade de se aposentar.

“Precisamos construir, na previdência privada, novas atrações compatíveis com os anseios das novas gerações”, disse o professor, reiterando que o sistema tributário também deve estimular a poupança. Ele pontua que o diálogo em termos de regulação já se aprimorou, mas ainda é preciso criar um código de defesa do poupador, em busca de dar mais confiança a quem entrar na previdência.

“A estratégia de negócio para crescer a previdência deve ter como base a atual realidade do mercado de trabalho. É preciso encontrar soluções para oferecer a este meio”, completou Afonso.

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