11º Seminário de Investimentos: Evento da Abrapp promove retomada presencial para enfrentar cenários desafiadores

Com mais de 500 participantes e recorde de patrocinadores, o 11º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC começou em São Paulo nesta quarta-feira, 8 de junho, marcando a retomada dos eventos presenciais da Abrapp. Os cenários desafiadores do pós-pandemia tanto para o ambiente doméstico quanto internacional são abordados em dois dias com uma programação repleta de apresentações e debates com os maiores economistas e gestores da indústria de investimentos. Participam centenas de dirigentes e profissionais das associadas, autoridades e profissionais do mercado que discutem temas como investimentos no exterior, ASG, FIPs, crédito privado, fundos quantitativos, ativos reais, entre outros assuntos. 

“Estamos vivendo novamente um momento desafiador para todo o mercado. Sentimos os efeitos da crise da pandemia, com o retorno da inflação e a retomada súbita da alta das taxas de juros. A boa notícia é que o sistema está superando essa crise, com uma postura de forte profissionalismo e grande resiliência”, disse Luís Ricardo Martins (foto acima), Diretor-Presidente da Abrapp, na abertura do seminário. Ele destacou a grande participação presencial e o número expressivo de 37 patrocinadores do evento. “Gostaríamos de agradecer aos patrocinadores, que são verdadeiros parceiros dos eventos da Abrapp”, comentou. 

Apesar da alta volatilidade dos mercados financeiros, com a reviravolta dos juros e a forte pressão inflacionária, Luís Ricardo destacou que o sistema continua pagando em dia os mais de 800 mil assistidos das entidades, desembolsando algo em torno de R$ 100 bilhões em benefícios anuais. O sistema de EFPC fechou 2021 com um déficit agregado de R$ 37 bilhões, mas já registrou forte recuperação no primeiro trimestre deste ano. “Não temos problemas de solvência e nem de liquidez. Estamos com alto índice de mais de 95% de solvência e temos certeza que iremos recuperar todo o déficit, que tem características conjunturais”, disse. 

O Diretor-Presidente revelou que a Abrapp preparou, junto com especialistas, uma proposta de congelamento do equacionamento dos déficits e que pretende apresentar na próxima reunião do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). “Reunimos argumentos técnicos e profundos para defender que o equacionamento não seja realizado em 2022, mesmo porque o sistema já deu seguidas provas de sua capacidade de se recuperar muito rápido de situações deficitárias conjunturais e de nenhuma forma estruturais”, comentou. 

E citou exemplo das grandes fundações, em especial da Previ, que já reverteu o pequeno déficit do ano passado para um superávit do Plano 1 de mais de R$ 7,7 bilhões em março de 2022. Ele ainda se referiu a outro número positivo, os R$ 9 bilhões recuperados pelas entidades por conta do acordo fechado pela Abrapp com a União envolvendo as OFNDs – Obrigações do Fundo Nacional de Desenvolvimento. 

O dirigente da Abrapp enalteceu o diálogo positivo com a Previc e o CNPC e elogiou o processo de modernização do arcabouço regulatório do sistema, de acordo com as exigências do Decreto 10.139/2019. Não deixou de criticar a única norma que não passou pelo debate com a sociedade civil, que foi a Resolução 4.994/2022. A nova regulação de investimentos substituiu a Resolução 4.661/2018, mas não trouxe os esperados aperfeiçoamentos de ampliação do limite de investimentos no exterior e manutenção do estoque de imóveis nas carteiras das fundações. Por conta disso, lembrou que a Abrapp se reuniu com representantes do Ministério da Economia, em especial com Adolfo Sachsida, que disse que existe a perspectiva de aprovação das novas regras ainda no segundo semestre de 2022.

Luís Ricardo falou das principais conquistas para o fomento do setor, como o desenvolvimento dos novos planos voltados aos familiares e o modelo do PrevSonho, além da perspectiva favorável para a aprovação da figura do instituidor corporativo. Todas essas propostas visam atrair a participação das novas gerações de trabalhadores para o sistema de planos de benefícios mais flexíveis e simplificados. “Precisamos enxergar os novos tempos, para atrair o novo perfil de trabalhador, o jovem digital para nosso segmento. É um público mais consciente, que exige investimentos responsáveis, com critérios ASG, que deixou de ser modismo para ser colocado em prática”, afirmou. 

Ele ainda destacou as principais demandas da Abrapp e de suas associadas até o final de seu mandato na Abrapp, que termina no final do ano, como a aprovação de regras mais flexíveis para o Plano de Gestão Administrativa (PGA), a operacionalização do CNPJ por Plano e o Projeto de Lei de Harmonização entre Abertas e Fechadas. Luís Ricardo lembrou que o Seminário de Investimentos é um dos últimos em que participará na condição de Diretor-Presidente da Abrapp. E ressaltou ainda os avanços com a Autorregulação do sistema, com a adesão de mais de 100 associadas aos códigos, e o amplo processo de certificação do ICSS e a grande alcance da capacitação dos treinamentos da UniAbrapp. 

Economia no pós-pandemia – Como moderador do Painel 1, Samuel Crespi, Diretor de Investimentos da Funcef, destacou a importância do seminário como âmbito de reflexão para as equipes de investimentos das EFPC. “Estávamos precisando parar um pouco para discutir os novos cenários. O mundo mudou e precisamos refletir quais mudanças precisamos fazer em nossas carteiras”, disse na abertura do painel que trouxe o tema “A Economia Global no Pós-Pandemia”. Ele ressaltou a importância de manter a calma para reverter os resultados difíceis do ano passado. “Temos de olhar para o cenário e ver onde podemos recuperar. Nossa carteira não pode permanecer a mesma”, comentou. 

Bruno Marques, Gestor Multimercado da XP Asset, apresentou as vantagens das estratégias multimercados para enfrentar cenários de crise e alta volatilidade. Os fundos multimercados contam com a possibilidade de maior diversificação, para aproveitar os ganhos com Bolsa, com juros, exterior, e outras classes de ativos, inclusive com o aproveitamento de oportunidades em distintas geografias. 

Fernando Genta, Economista-Chefe da XP Asset, iniciou sua palestra afirmando que o mundo pós-Covid de hoje enfrenta uma condição de maior dívida e maior inflação, que é o fator que mais preocupa. Ele apresentou uma análise do mercado dos EUA, que sintetiza o que está acontecendo no mundo. O economista mostrou que a renda agregada das famílias americanas, a partir de 2020, sofreu um grande salto. “A renda das famílias americanas explodiu com a implantação de um programa enorme de transferência de renda”, disse. Além disso, o salário cresceu na maior taxa dos últimos 40 anos. Todo esse cenário tem provocado o retorno da forte pressão de demanda e de inflação, como não se via desde a década de 1970.  

Apesar disso, os juros do Federal Reserve (FED) ainda não registraram uma alta expressiva nos últimos meses. “Hoje existe uma pressão para subir juros. Será muito difícil o FED conseguir parar a alta dos juros para desinflacionar a economia. Achamos que dificilmente ficará em patamar menor que 3,5%”, comentou. E destacou que os juros reais estão em um dos maiores patamares negativos de toda a história. O contexto da Guerra da Ucrânia, com a perda da safra de trigo, e a situação da economia chinesa, são outros fatores que contribuem para o aumento da inflação no mundo inteiro. 

Cenário doméstico – De acordo às análises do Economista da XP Asset, o Brasil apresenta um ambiente inflacionário muito parecido com cenário internacional, mas com a novidade da forte inflação de bens. Já a inflação de serviços continua em alta, girando ao redor de 10%. Ele prevê uma taxa Selic mais próxima da casa dos 14%, variando entre 13,75% e 14,25%. Ele destacou a redução do desemprego e a ampliação das vagas do mercado de trabalho. O Economista prevê um crescimento ao redor de 2% para o PIB brasileiro em 2022. Se neste ano, o cenário não aponta para uma deterioração, já para 2023, as dificuldades devem ser maiores. 

“Em 2023 enfrentaremos maior dificuldade com um cenário mundial pouco favorável. Estamos prevendo um quadro muito desafiador para o ano que vem”, disse Fernando Genta. Ele prevê que a inflação deve arrefecer nos próximos meses com as medidas prometidas pelo governo, mas para o próximo ano, as previsões são muito mais incertas. 

Bruno Marques coincide com as dúvidas para as previsões para 2023, que dependem ainda do resultado eleitoral do final do ano. “Vemos um cenário muito complexo de inflação no Brasil. Temos muitas dúvidas para o mercado doméstico e vemos poucas assimetrias”, disse. A principal aposta do gestor concentra-se na alta dos juros americanos, que terá forte impacto em todos os mercados. 

Patrocinadores – O 11º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC continua nesta quinta-feira, 9 de junho – confira a programação completa. Essa iniciativa conta com o apoio de grandes parceiros, cujas soluções e principais canais de contato podem ser conferidos nesta página especial. O evento tem o Patrocínio Black da XP Investimentos. Patrocínio Ouro: Aditus, AZ Quest, BBDTVM, Black Rock, BNP Paribas, Bradesco Asset Management, BTG Asset, BTG Pactual, Captalys, Claritas, DWS, Itajubá, JP Morgan, Kadima, MAG, Perfin, S&P Dow Jones, Schroders, Sparta, Spectra, Tag Investimentos e Vinci Partners. Patrocínio Prata: Aviva Investors e Trígono Capital. Patrocínio Bronze: ARX Investimentos, Carbyne Investimentos, Franklin Templeton, Mapfre Investimentos, Stepstone e Sul América Investimentos. Apoio: Fram Capital, Lis Capital, Pátria, RBR, SPX Capital e Trigger.

Haverá ainda a inovação da Rodada de Negócios. Serão 29 pitches de oportunidades para as EFPCs com especialistas que trarão insights sobre as oportunidades em cada classe, para seleção dos participantes do evento.

O Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp, com o apoio institucional de UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta.

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