3º Encontro de Gestão de Pessoas: Promoção da saúde e bem estar deve ser responsabilidade compartilhada entre empresas e colaboradores

O incentivo para realização de atividades e cuidados de saúde e bem estar deve ser visto como uma responsabilidade não apenas dos colaboradores, mas também das organizações onde atuam os profissionais. Esta foi uma das ideias centrais do Talk 8, que discutiu o tema “Saúde 360º”, no terceiro e último dia do 3º Encontro Nacional de Gestão de Pessoas, acontecia nesta sexta-feira, 15 de setembro, através de plataforma digital e ao vivo. O painel contou com a participação de duas palestrantes: Káritas de Toledo Ribas, Diretora do Appana Território de Aprendizagem; e Juliana Oizerovici, Co-Founder da startup MoveStax. O encontro foi organizado pelo Comitê de Gestão de Pessoas da Abrapp com a participação de cerca de 300 pessoas.

O moderador do painel foi Valdinei Donizete Silva, membro do Comitê de Gestão de Pessoas da Abrapp, que comentou o papel das empresas e dos gestores de recursos humanos no estímulo à promoção e prevenção de saúde. Ele alertou que o assunto ganha relevância até mesmo pela tendência de aumento dos custos da saúde. Disse que os gastos com saúde das empresas representam a segunda maior despesa após a remuneração de pessoal. O tema é muito central também para as operadoras de planos de autogestão de saúde, muitas delas com a gestão das entidades fechadas de previdência complementar (EFPC). 

Káritas Ribas trouxe uma abordagem ampla da saúde com a utilização de um conceito do filósofo e pedagogo Humberto Maturana, que aponta que não se deve restringir a visão da atividade à saúde física, clínica ou alimentação. Ela disse que o assunto deve ser visto de maneira mais ampla, envolvendo a saúde mental e o bem estar das pessoas, considerando o acesso a uma multiplicidade de escolhas. 

A especialista apontou que, de forma geral, as pessoas não têm conseguido se engajar em programas de saúde e bem estar. Isso ocorre devido a uma visão que limita a responsabilidade unicamente aos indivíduos. “Temos perdido o senso de comunidade e co-responsabilidade. [Humberto] Maturana fala da inter-relação entre organismo e nicho, entre o ambiente e as pessoas. Temos de entender que é uma via de duas mãos”, afirmou. Káritas disse que os indivíduos têm uma parte da responsabilidade, mas também as empresas devem atuar na construção desses espaços que permitam às pessoas escolherem pela melhoria da saúde

“Precisamos criar condições para que a colaboração aconteça. Essas condições precisam passar também pelo olhar da empresa”, disse. O problema é que muitas vezes as organizações não criam ambientes favoráveis para a promoção da saúde, pois impõem, por exemplo, jornadas exaustivas aos profissionais. E apontou que não adianta apenas dizer o que se deve fazer ou não fazer, mas sim, deve criar condições favoráveis para que se possa adotar práticas mais saudáveis. 

Káritas recomendou ainda que as pessoas devem buscar atividades que gostem de fazer. E que as empresas deveriam oferecer múltiplas possibilidades de práticas. “O indivíduo diz não posso comer isso ou aquilo ou vou fazer atividade porque o médico mandou. Em geral, isso não é sustentável. Precisamos fazer aquilo que gostamos, aquilo que amamos, para que sejam práticas sustentáveis. Buscar o que nos traga alegria”, comentou. E para isso é importante se abrir para a experimentação para encontrar aquilo que agrade a nós e, desta maneira, que tenha permanência no tempo.  

Prevenção – Juliana Oizerovici contou como sua experiência na atuação em uma grande rede de farmácias ajudou na formação de uma visão que privilegia a importância do health care (cuidados preventivos) na gestão de programas de saúde. A profissional e empreendedora disse que, em geral, o sistema de saúde está apoiado no modelo tradicional de sick care, ou seja, de cuidados às doenças, mas que existe a necessidade de fortalecimento e desenvolvimento de atividades de prevenção. 

Neste sentido, hoje ela atua em uma startup que criou uma plataforma com “n” serviços que visam a manutenção da saúde, como por exemplo, de práticas de alimentação, saúde mental e exercícios físicos. Junto com o sono, estes três elementos são os principais para evitar a maioria das doenças. E indicou ainda que os farmacêuticos podem assumir um papel muito importante na promoção da atenção primária aos indivíduos. “Vimos que teríamos de voltar a um modelo de 30 anos atrás ou mais quantos os farmacêuticos forneciam uma atenção primária”, disse. 

Juliana destacou ainda que as empresas devem assumir um papel importante na promoção da saúde de seus colaboradores junto aos planos de saúde. “É muito interessante para as empresas adotarem programas de prevenção à saúde não apenas física, mas também mental dos colaboradores”, indicou. Ela citou como exemplos de atividades, o patrocínio de provas de corrida e gamificação com prêmios que as empresas podem adotar para  estimular e facilitar mudanças nos hábitos.

A especialista citou também diversos programas e aplicativos que facilitam a realização de exames e check ups periódicos para que o próprio indivíduo possa monitorar os indicadores de saúde. 

O 3º Encontro Nacional de Gestão de Pessoas é uma realização da Abrapp com o apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Ouro: LG Lugar de Gente – Sistemas Humanos e Walking The Talk. Patrocínio Bronze: Arual Turismo.

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