“Quanto mais eu estudo e aprendo, mais a tecnologia traz informações. Quanto mais acelerado o mundo está, menos capacidade cognitiva estamos usando”, disse Solange Mata Machado, Pós-doutora em aplicação da neurociência em inovação pela UFMG e Diretora da Imaginar Solutions.
Ela participou da primeira Talk do 3º Encontro Nacional de Inovação e Criação de Valor, que iniciou nesta quarta-feira, 30 de agosto, em formato online, e segue com programação nos dias 31 de agosto e 1º de setembro.
Tatiane Baia Rodrigues, Coordenadora da Comissão Regional Leste de Inovação e Tecnologia da Informação da Abrapp, foi a moderadora da Talk, que teve como tema “Cognição e Inovação: Como Fazer a Inovação Fluir”.
“Nosso cérebro está programado para nos boicotar para inovação. A todo tempo estamos sendo bombardeados a atingir a parte de informações emocionais”, disse Rodrigues.
Para explicar isso, Solange Mata Machado detalhou um pouco mais o funcionamento do cérebro ao longo de sua apresentação. “O nosso cérebro pode ser entendido em três partes diferentes. A parte mais nova, o córtex, é formada por quatro grandes áreas. A parte que fica ao lado da nossa testa, dos lados direito e esquerdo, é onde mora nossa capacidade consciente de aprender, criar, pensar diferente, resolver problemas complexos. Mas para funcionar, essa área precisa e consome muita energia”, disse.
Assim, ela explicou que quanto mais imersos ficamos em situações de desatenção e de interrupção, mais deixamos de lado o potencial inovador do nosso cérebro. “Temos um sistema lento que aciona a área pré-frontal do cérebro, onde mora a capacidade de inovar. Só é possível ativar esse sistema quando estamos em atenção plena”, disse Machado
“Todas as vezes que temos uma interrupção, seja qual for, entramos na desatenção, e para esses mesmos neurônios que estavam trocando informação voltarem a se conectar, levamos de 10 a 23 minutos”, continuou a especialista.
Assim, a química que estava mandando informação aos neurônios cai, e durante o sono profundo, essa informação não é consolidada. “Quanto mais distraído e disperso, menos a capacidade de ativação da inovação”.
Machado disse que a neurociência indica que a sociedade está caminhando no processo de inovação antagonicamente aos nossos parâmetros internos, pois para acessar esse potencial, precisamos de atenção plena. “Nos últimos 60 a 40 anos, as empresas treinaram e exercitaram o termo produtividade. Em um mundo linear, treinamos com profundidade a consolidação da nossa memória”, destacou.
Mindset de crescimento – “Mindset é uma consolidação que orienta nossa percepção de mundo”, disse Machado, ressaltando que a maior parte do que a gente pensa é inconsciente.
“A inovação hoje enfrenta o desafio de termos linearizado a maneira de pensar e consolidar dos colaboradores e trabalhadores, o que dificulta a formação do mindset de crescimento, que precisa de atenção plena e equilíbrio. As pessoas vão precisar reaprender a usar o cérebro”, disse a especialista.
Retreinar o cérebro é o desafio da cognição para a inovação. “Nada do que é relacionado ao nosso cérebro significa algo impossível, mas sim podemos mudar as fronteiras do que é possível”.
Ela disse ainda que o mindset fixo diminui a capacidade de enxergar potenciais. “Acabamos ficando presos nos hábitos, fechando oportunidade de melhorias e de perceber parâmetros novos. Precisamos limpar o cérebro, andar e respirar na natureza, porque isso ajuda a desintoxicar seu cérebro. Ruídos danificam nossa cognição”, concluiu.
O 3º Encontro Nacional de Inovação e Criação de Valor é uma realização da Abrapp com apoio da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Ouro: Sinqia.