4° Seminário Dever Fiduciário: Agenda ASG bate na porta dos investidores institucionais

O Painel 3 do 4° Seminário Dever Fiduciário, realizado nesta quarta-feira, 5 de julho, em formato 100% online, abordou o tema “Investimento responsável e dever fiduciário: assets e fundos de pensão na agenda de sustentabilidade” com apresentação de Fábio Henrique de Sousa Coelho, Presidente da AMEC – Associação dos Investidores no Mercado de Capitais. Ele abordou as novidades mais recentes da agenda ASG (ambiental, social e de governança) e de como as pautas da sustentabilidade estão batendo na porta das entidades fechadas e das assets. 

A moderação do painel ficou por conta do Presidente do ICSS e Coordenador da Comissão de Ética do ICSS, Guilherme Velloso Leão, que introduziu o assunto como uma prática que irá crescer muito na pauta das entidades fechadas (EFPC). “Quando falamos em análise, práticas e políticas ASG aplicadas aos investimentos, tudo isso possui relação direta com o risco. Mas, isso também faz parte do nosso dever fiduciário e acaba constituindo como nosso ato regular de gestão incorporar esse tipo de análise nas nossas decisões de investimentos e evidenciar que fizemos essas análises”, disse o moderador.

Guilherme Leão apontou, porém, que ainda são frágeis os instrumentos e capacidades dos investidores, seja de analisar um investimento direto nessa área de ASG, ou mais complexo, quando o investimento é indireto – através de gestores externos. “Também precisamos ter capacidade técnica de monitorar e administrar esses investimentos realizados por terceiros. É um tema que estamos em processo de evolução e aprendizado”, comentou o Presidente do ICSS. 

Fábio Coelho abordou o tema com a proposta de adotar um olhar de futuro em relação ao tema de investimento responsável, sem deixar de relacionar com o contexto do dia a dia das fundações. “Temos de descer para dentro das entidades para olhar de fato como a gestão acontece no cotidiano. Geralmente o tema dos investimentos sustentáveis vem de uma agenda que geralmente desce da diretoria ou do conselho deliberativo”, explicou. Ele disse, contudo, que os principais dirigentes das fundações costumam estar envolvidos em temas mais estratégicos ou urgentes como, por exemplo, o pagamento de benefícios, adaptação às exigências de novas regulações, entre outras. 

Como os temas ASG, em geral, ainda não entram na pauta estratégica das fundações, ele recomendou que os dirigentes precisam criar âmbitos para discutir esses assuntos. Ele sugeriu a criação de comitês específicos ou a contratação de analistas especializados, caso contrário, a pauta de sustentabilidade terá dificuldade de florescer. 

O Presidente da Amec apontou que a sociedade está passando por um ponto de inflexão da história em relação à agenda ASG. “Temos o velho convivendo com o novo. O velho representa a maneira como sempre temos realizado os investimentos. E o novo traz novas metodologias de investimentos sustentáveis, com uma nova relação com as empresas. Não é uma mudança trivial, e uma parte da sociedade ainda apresenta resistências”, explicou. 

Ele apontou ainda que há duas maneiras de integrar as práticas de investimentos sustentáveis na gestão. A primeira é a criação de uma estrutura interna própria nas fundações, que ele considera o caminho mais difícil, mas igualmente viável. A segunda maneira é por meio do relacionamento junto às empresas presentes no portfólio das fundações, seja por meio da gestão direta ou via gestores terceirizados.

Padrões globais – Fábio Coelho apresentou ainda a novidade da criação de dois padrões globais de report ASG pelas empresas por parte do ISSB – International Sustainability Standard Boards – como um órgão do IFRS. O primeiro padrão denominado S1 indica critérios de disclosure de sustentabilidade pelas empresas. O segundo padrão, denominado S2 está dedicado especialmente à agenda de clima no mundo. Ele alertou que a criação destes padrões globais terão impacto no surgimento de regulações específicas nos próximos dois anos no Brasil. 

Ele citou ainda a atuação do PRI – Principles for Responsible Investments – como o braço de sustentabilidade da ONU que foi criado para incentivar o engajamento dos investimentos nos critérios ASG. Ele lembrou que o PRI incentiva a adoção de uma postura mais ativa da parte dos investidores no sentido de incorporar práticas sustentáveis na gestão. 

Com o tema central da “Necessária Evolução da Governança – Governança Ágil e Perspectivas para a Governança das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), o 4° Seminário Dever Fiduciário foi uma realização da Abrapp e do Sindapp, com apoio institucional da UniAbrapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Ouro: Gruppo Investimentos e PFM Consultoria e Sistemas.

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