O início da manhã desta quinta-feira, 21 de outubro, foi marcado por Palestras Técnicas do 42º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP) que abordaram oportunidades e desafios de investimentos para as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), com apresentações que visaram oferecer soluções para a construção de portfólio, além de mostrar como uma diversificação internacional sob medida auxilia na proteção da carteiras das entidades.
A Palestra Técnica “Os Desafios e Oportunidades nos Investimentos das Entidades Fechadas” contou com apresentação da Mercer sobre o ambiente desafiador projetado para 2022 a partir de uma visão sobre o atual cenário de consolidação da recuperação da atividade econômica, as perspectivas dos níveis de endividamento e respostas fiscais, a condução das políticas monetárias dos Banco Centrais, e a alta temporária da inflação.
João Morais, Líder de Previdência e Investimentos da Mercer Brasil, destacou ainda entre os tópicos decisórios para os investimentos das EFPC no próximo ano o impacto da Covid -19 e recuperação econômica nos ativos, ambiente de baixas taxas de juros e o processo eleitoral. “Esses ventos contrários mencionados devem afetar as extremidades mais curtas”, disse, destacando que em um horizonte mais longo as posições de risco que devem se beneficiar.
Morais citou ainda que há uma jornada ESG para ocorrer no Brasil, e pesquisa recente da Mercer realizada entre as EFPC brasileiras mostrou que muitas delas precisam aperfeiçoar suas políticas voltadas para aspectos ambientais, sociais e de governança. “É uma jornada a se perseguir e se aperfeiçoar ao longos dos próximos anos”, disse.
Diante de todos esses desafios, Morais disse que há quatro pilares fundamentais para enfrentá-los, baseado em governança dos investimentos, gestão de recursos, foco no negócio principal e gestão dos riscos, citando ainda a importância das EFPC manterem um portfólio diversificado de seus investimentos.
Na sequência, Maurício Martinelli, Líder de Investimentos da Mercer Brasil, discorreu sobre as principais dúvidas que as entidades têm apresentado em relação aos investimentos, citando que algumas perguntas podem ser respondidas a partir da mensuração do grau de governança de cada EFPC.
Martinelli disse que um processo de governança mais robusto inclui formalização de políticas por meio de comitês profissionais, responsabilidade das partes envolvidas bem definida, revisão regular do desempenho do plano, e elaboração de relatórios formais sobre esse processo decisório. “Depois de definida suas estratégias, os modelos respondem como chegar lá”, disse, reiterando que isso só é possível se houver uma equipe dedicada e com experiência adequada, além de um consultor externo, que pode fazer recomendações que contribuam com a equipe interna.
Para complementar o tema, Martyn James, Líder de Wealth da Mercer Latam, falou sobre a evolução dos modelos de comitês de governança ao redor do mundo, sendo que muitos deles recebem consultorias de investimento. Ele explicou que uma área que tem crescido em muitos países é a delegação da tomada de decisão. “No sistema delegado, é possível passar a decisão para terceiros, que têm direito e responsabilidade jurídica nessas decisões”. A delegação pode ocorrer de acordo com um modelo orientado ao cliente, alinhando quanto de cada área será delegada e quanto ficará sob as decisões do cliente.
Delegar também depende do objetivo que cada entidade tem, disse, citando, por exemplo, a construção de um portfólio internacional, que é uma área complexa diante da qual precisa-se medir os fatores críticos de sucesso, entre elas o tipo de alocação – ativa ou passiva – seleção de gestores, familiarização dos mercados, etc. “Fazer tudo isso internamente pode consumir muitos recursos”, explicou James.
Segundo ele, muitas EFPC não conseguem tomar decisões rápidas o suficiente, e ter mais agilidade é uma das razões que contratam o chamado OCIO – Outsourced Chief Investment Officer – ou Diretor De Investimentos Terceirizado, modelo que tem crescido bastante em especial entre os fundos de pensão dos Estados Unidos. A tendência da delegação é crescente ao redor do mundo, mas no Brasil é preciso preparar a governança para enfrentar os desafios pontuados, sendo que cada entidade terá o modelo ideal de acordo com sua estrutura e objetivos, finalizou James.
Portfólio sob medida – Falando em diversificar os investimentos, a Palestra Técnica “Diversificação Internacional Sob Medida” apresentou a possibilidade de acesso ao aconselhamento estratégico e soluções globais em diferentes classes de ativos e diversos gestores e times de gestão da Schroders. Daniel Celano, Country Head da Schroders Brasil apresentou as soluções oferecidas para as EFPC, especialmente focadas nos desafios locais que as entidades têm. “Quando falamos em diversificação e mandatos customizados, o objetivo é fazer uma parceria com os clientes”, explicou.
Com uma ampla oferta de fundos com foco em soluções internacionais, a Schroders discorreu sobre a expertise e transferência de tecnologia na oferta de mandatos exclusivos internacionais disponíveis às EFPC brasileiras. Para isso, é preciso entender a particularidade de cada cliente, conforme explicou Neil Walton, Head de Investment Solutions da Schroders. “Trabalhamos com você para construir um portfólio personalizado de ativos internacionais”, disse.
Ele destacou que o papel dos gestores da Schroders é entender como uma solução internacional pode promover ganhos ao portfólio das entidades, garantindo uma carteira eficiente. “Queremos trazer diversificação de fato para o portfólio em questão”, disse destacando que as análises quantitativa e qualitativa são utilizadas para dar mais eficiência à composição da carteira.
Olhando de perto para a diversificação, Walton destacou que para diferentes exposições de ativos, é verificado o retorno esperado e o risco correlacionado. Além da montagem do portfólio, é preciso seguir com o monitoramento e reporte aos clientes para garantir que as soluções sob medida estejam de acordo com a expectativa e objetivos de cada cliente, explicou o especialista, sendo o mais transparente possível, reforçou.
Ele reiterou que sempre há abertura para adaptar as soluções ao longo do tempo, conforme for necessário, gerenciando os ativos e observando as condições de mercado que estão sempre se alterando, visando assegurar o bom desempenho dos investimentos. “Também precisamos trabalhar com os parceiros locais para manter o portfólio no caminho certo”.
Passando um panorama sobre o mercado atual, Walton pontuou que os modelos cíclicos adotados pela gestora apontam para uma fase de recuperação e uma mudança para expansão em um horizonte de 6 meses. “A velocidade dessa recuperação em termos de movimentação de mercado e da natureza da recessão causada pela pandemia emite sinais confusos para quem busca prever as perspectivas futuras, mas os modelos de médio prazo baseados na situação atual da economia ainda mostram um período de recuperação, com uma persistência da inflação”, disse.
Daniel Celano reiterou que, diante desses cenários, é muito importante não somente olhar o beta, mas também como navegar esses desafios. Mas quanto mais ferramentas os investidores tiverem para manter um portfólio diversificado, melhor conseguirão se proteger dessas adversidades. “A diversificação internacional funciona”, arrematou.