A 43ª edição do maior evento mundial de Previdência Privada foi encerrada em grande estilo pela Masterclass de um dos expoentes da Singularity University, David Roberts. Programada inicialmente como uma palestra virtual, a surpresa foi a presença física no palco do Transamérica Expo Center, em São Paulo, de um dos principais experts globais da atualidade em liderança nas organizações e tecnologia disruptiva. O bloco final de encerramento do congresso contou também com a Colab Session “A Nova EFPC na Prática” que foi responsável por uma dinâmica de enquetes interativas (ler abaixo) e a Mensagem final do Diretor-Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins.
Em uma verdadeira aula magistral, David Roberts afirmou que a tendência de disrupção tecnológica tem transformado todas as organizações e conjuntos humanos, provocando uma série de colapsos nas empresas, mas também a evolução em diversos setores da sociedade e da economia. Ao mostrar o desenvolvimento desde os primeiros modelos de telefones celular até os mais atuais, o especialista explicou a diferença entre inovação e disrupção.
Ele deu como exemplo a Nokia, uma das empresas que lideraram o setor de telefonia celular no final da década dos anos 1990 até 2012, chegou a valer mais de US$ 100 bilhões, mas que foi perdendo espaço até ser vendida para a Microsoft por US$ 7 bilhões. O que aconteceu com a Nokia, será que não era uma empresa inovadora?, questionou Roberts. E mostrou que sim, a empresa lançou dezenas de modelos inovadores de celulares, pois investia pesado em pesquisa e em equipes.
O problema é que os celulares de “tela de vidro” chegaram ao mercado mundial como uma tecnologia disruptiva e atropelaram empresas como a Nokia e outros fabricantes. “Disrupção e inovação não são a mesma coisa”, explicou Roberts. Com a inovação, você faz as mesmas coisas melhor. Em geral, as grandes empresas de ponta são boas em inovação. Já com a disrupção, você faz coisas novas que tornam as antigas obsoletas.
E comentou que quando um colaborador de uma grande empresa cria algo disruptivo, a própria empresa não vai gostar, porque pode significar prejuízo para ela. “A empresa vai atuar com anticorpos”, disse Roberts em referência às descobertas inovadoras. Isso porque a descoberta disruptiva pode tornar os produtos e serviços obsoletos da própria empresa. Isso aconteceu com a descoberta do celular de tela de vidro, que logo evoluiu para o “touch screen”. Curioso notar também que essa descoberta não surgiu do setor de celulares, mas sim de computadores.
Inteligência Artificial – Na sequência da Masterclass, Roberts apontou que o avanço da inteligência artificial é o passo disruptivo que irá impactar todos os setores da sociedade e da economia. Deu como exemplo uma pergunta que ele fez para a Siri, assistente digital da Apple, sobre uma pessoa que supostamente queria se suicidar. O sistema logo apontou as pontes mais próximas para que se pudesse pular. Um ano depois, diante da mesma pergunta, a Siri desencorajou o suicídio e orientou a pessoa a buscar um serviço de apoio e orientação.
O especialista apontou que a inteligência artificial dos celulares e sistemas informáticos deve realmente superar a inteligência racional. “Teremos um super aumento da inteligência e isso vai mudar tudo”, disse. A inteligência artificial começa a mostrar, por exemplo, senso de humor, que é uma característica bastante humana.
Roberts ponderou, porém, que a espécie humana ainda não superou problemas básicos como a fome em diversas regiões do planeta, o desequilíbrio climático, as desigualdades e violências de todo tipo. Questionou como é que ainda há 800 milhões de pessoas no planeta que sofrem com falta de comida e água potável. Ao falar do papel dos líderes atuais, não deixou de incluir características humanas essenciais, que são o valor moral e a compaixão.
“Como podemos fazer a diferença?”, perguntou. Roberts apontou que os líderes mais extraordinários devem buscar a integridade e a humildade. Muito mais que as habilidades técnicas, os líderes exponenciais devem desenvolver a compaixão para outros seres, mas ao invés de querer mudar o mundo, precisam mudar a si mesmos.
E disse que o caminho não é criar seguidores, mas sim, apontar para a formação de outras lideranças. E citou exemplos como de Martin Luther King e da ativista Rosa Parks, que iniciaram a luta pelos direitos civis nos EUA e que influenciaram o mundo inteiro. Ele citou o efeito borboleta em que um único exemplar pode mexer suas asas, gerando o exemplo para outros, e acabar criando um furacão com o vento movimentado.
Mensagem de encerramento – Logo após a aula final, o Diretor Presidente da Abrapp, passou uma mensagem de agradecimento e de esperança para finalizar o que classificou como a melhor edição do congresso de todos os tempos. Luís Ricardo disse que o objetivo de voltar ao presencial e de superar a qualidade da programação dos eventos dos anos anteriores foi atingido, coroando o último ano de sua gestão na presidência da Abrapp.
Ele enfatizou que o 43° CBPP cumpriu a risca sua programação composta de 79 palestras e atividades, o que o transforma em um verdadeiro MBA de Previdência Complementar concentrado em três dias do evento. E destacou a presença física do Ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, e de uma grande comitiva do Ministério, que incluiu praticamente todos os secretários, subsecretários da pasta, além dos diretores da Previc. Lembrou da importância da presença e do prêmio concedido ao Secretário do Tesouro Nacional, Paulo Fontoura Valle, que também prestigiou com a presença física no congresso.
“É um motivo de muito orgulho, dentro deste MBA, provocar a mudança de mindset e verificar que o sistema está revisitando seu modelo de negócios. Precisamos de mais lideranças que sejam protagonistas para levar proteção social da Previdência Complementar a um maior número de pessoas”, finalizou Luís Ricardo.
EFPC na prática – Na abertura do bloco de encerramento, uma Colab Session interativa foi ministrada por Saulo Bonassi, Sócio da Nodal Consultoria e mestre em estratégia. O especialista conduziu uma série de perguntas e enquetes respondidas em tempo real pelo público do 43° CBPP. As questões giraram em torno do próprio congresso, das entidades e do sistema de previdência, ouvindo as opiniões dos participantes e gerando uma grande interação.
O palestrante iniciou a apresentação com a pergunta “para você, o que significa participar dos congressos da Abrapp?”, que obteve respostas como conhecimento, aprendizagem, atualização e inspiração, comprovando a importância e o sucesso do congresso, trazendo todos esses aspectos em um evento que reúne mais de 5 mil pessoas em formato presencial e online.
Também foram abordadas perguntas sobre como o CBPP ajuda na compreensão das mudanças do seguimento; o quanto a mudança nos processos e ferramentas são necessários nas entidades para a inovação; a importância de ouvir os anseios dos jovens; a necessidade de práticas de lideranças protagonistas voltadas à cultura de inovação; entre outras questões.
Voltado ao tema central do 43° CBPP, o palestrante finalizou as enquetes com a pergunta “o que é fundamental para ‘fazer acontecer agora’?”. Entre as respostas do público, destacaram-se a coragem, atitude, reinvenção, protagonismo, flexibilidade, inovação e educação.
O 43º Congresso Brasileiro de Previdência Privada foi realizado pela Abrapp, com apoio de ICSS, Sindapp, UniAbrapp e Conecta, nos dias 19, 20 e 21 de outubro, em formato híbrido (online e presencial em São Paulo). Com participação de mais de 5 mil pessoas, o evento contou com patrocínio diamante: BB Asset Management, BTG Pactual, Credit Suisse e Sinqia. Patrocínio ouro: Aditus, BNP Paribas Asset Management, Bradesco, BV Asset, Galapagos Capital, Gama Investimentos, Giant Steps Capital, Itajubá, Itaú, MAG, Mercer, Safra, Santander Asset Management, Spectra Investiments, Sul América Investimentos e XP. Patrocínio prata: AZ Quest, Bahia Asset Management, Banco Pan, BlackRock, Brasil Capital, FuturoTech, Global X, GTIS Partners, JGP, J.P. Morgan Asset Management, Maps + Data A, Market Axess, M Square, Patria, Plural Gestão, Schroders, Trígono Capital, uFund e Vinci Partners. Patrocínio bronze: Anbima, Apoena, Carbyne Investimentos, Claritas, Constância Investimentos, Daycoval, Fator, Franklin Templeton, Mapfre Investimentos, Método Investimentos, PRP, Quantum, RJI Investimentos, Venko Investimentos e Trust Solutions.