Abrapp forma comissão para monitorar e analisar providências referente à crise dos ativos de Americanas e Light

Jarbas de Biagi

Em uma concorrida reunião realizada na última sexta-feira, 22 de maio, a Abrapp constituiu uma comissão de dirigentes e profissionais de diversas entidades associadas para monitorar e analisar possíveis providências, inclusive medidas judiciais e arbitrais, para recuperação de valores investidos em ativos de Americanas e Light. A Americanas,  gigante varejista, entrou em uma crise financeira desencadeada por uma fraude contábil, a partir de 11 de janeiro deste ano e, desde então, a Abrapp e as associadas estão acompanhando de perto seus desdobramentos. O caso Light, mais recente, decorreu do pedido de Recuperação Judicial apresentado pela holding da concessionária de energia. Participaram mais de 170 pessoas na reunião, com a presença de dirigentes e representantes de entidades de todos os portes e complexidades.

“Foi uma excelente reunião com ampla participação em que deliberamos pela constituição de uma comissão para realizar o acompanhamento, monitoramento e a recuperação dos ativos de Americanas. Também falamos sobre a recuperação da Light e de suas consequências sobre o sistema”, disse Jarbas Antonio de Biagi, Diretor-Presidente da Abrapp. Ele destaca a união de esforços e conhecimentos de profissionais de diversas áreas das entidades como investimentos, assuntos jurídicos, riscos, entre outras. “A comissão irá analisar as questões administrativas e jurídicas para tomar as medidas necessárias”, comentou.

Os dirigentes presentes à reunião enfatizaram que a crise de Americanas foi provocada por um processo de fraude contábil, e que os investidores institucionais estão na posição de prejudicadas, mesmo seguindo o ato regular de gestão e boas práticas de governança para a decisão de investir diretamente ou indiretamente nos ativos da empresa. “É fundamental ressaltar que as entidades, no papel de investidores, atuaram de maneira correta, seguindo todos os normativos internos e regras de governança necessárias. Ou seja, temos convicção que o Ato Regular de Gestão foi cumprido por todas as entidades, mas apesar disso, os ativos sofreram perdas devido a uma fraude contábil”, explicou Jarbas de Biagi.

Presente ao encontro, Luís Ricardo Martins, Presidente do Conselho Deliberativo da Abrapp, destacou a importância de debater e engajar as associadas com o objetivo de mobilizar a força do coletivo. “A mobilização desperta a força da Abrapp, mostra nossa representatividade, que já deu resultados positivos em casos resolvidos ao longo de nossa história”, comentou. Ele citou o caso do acordo das OFNDs – Obrigações do Fundo Nacional de Desenvolvimento – e também de outras empresas que não honraram com o pagamento dos ativos de crédito. “Temos de buscar a união para a adoção de uma estratégia alinhada para o sistema”, defendeu Luís Ricardo.

O Superintendente Geral da Abrapp Devanir Silva destacou que em casos como o da Americanas e Light , a uniformização de atitudes das associadas é importante para alinhar as ações presentes e futuras, fortalecendo a posição do sistema, inclusive perante os órgãos fiscalizadores. “Mais uma vez estamos disponibilizando a Abrapp como facilitadora para a articulação de medidas conjuntas. Sabemos que quando atuamos de maneira coletiva, a força é muito maior”, comentou.

A Abrapp e dirigentes presentes ao encontro se posicionaram firmemente com o objetivo de adotar medidas visando recuperar os valores investidos e investigar os reais responsáveis pelas perdas provocadas, que de nenhuma maneira são decorrentes de atos das próprias entidades, como investidoras institucionais e que foram surpreendidas negativamente com as situações de fraude perpetradas. “Temos de buscar uma reparação e uma responsabilização dos fraudadores. Estamos propondo fazer isso de maneira organizada através de nossa associação”, disse Jarbas de Biagi.

Pesquisa – Durante a reunião foram apresentados os resultados de uma pesquisa realizada pela Abrapp com suas associadas sobre as posições em ativos de Americanas. Os resultados foram apresentados pelo Assessor da Superintendência Geral da Abrapp, Eduardo Lamers, que agradeceu a participação de Édner Bitencourt de Castilho e de Gustavo Ottoni, ambos do Colégio de Coordenadores de Investimentos, e de Luiz Fernando Brum e Marlene de Fátima Ribeiro, da Colégio de Coordenadores de Assuntos Jurídicos da Abrapp, na elaboração do questionário.

Participaram do levantamento 114 associadas, das quais, 84% tinham posições em Americanas. Daquelas que responderam que tinham exposição tanto a ativos de renda variável, quanto de crédito privado, foram questionadas sobre o tipo de veículo. Das 95 que apresentavam exposição aos ativos em questão, apenas duas tinham ativos de renda fixa em carteira própria ou fundo exclusivo gerido pela própria entidade. Outras 25 tinham ativos em fundos exclusivos geridos por terceiros; 41 em fundos condominiais; 10 tanto em fundos exclusivos quanto condominiais; 17 não possuíam debêntures.

Na renda variável, 8 entidades tinham ações ou ETFs em carteira própria ou fundos exclusivos; 18 em fundos exclusivos geridos por terceiros; 41 em fundos condominiais; 7 nas duas opções anteriores; e 21 que não possuíam ativos de renda variável.

A pesquisa levantou dados sobre as providências tomadas nas questões de comunicação, acompanhamento de gestores externos e medidas judiciais. Em todo caso, o levantamento mostrou que as posições individualizadas em ativos de Americanas não representavam, em nenhum caso, concentração expressiva em relação ao patrimônio total de cada um dos planos das associadas, consequência da boa prática de diversificação adotada pelos gestores das Associadas da Abrapp.

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