Alta solvência do sistema amorteceu impacto da crise da pandemia de COVID-19

O alto nível de solvência do sistema de entidades fechadas de Previdência Complementar (EFPC) no período pré-pandemia amorteceu o impacto da crise dos mercados verificada no mês de março de 2020 com a chegada a pandemia. Publicada nesta segunda-feira, 13 de julho, a quinta edição do Relatório de Estabilidade da Previdência Complementar (REP) da Previc mostra que a solvência dos planos administrados pelo sistema havia alcançado a marca de 100% em dezembro do ano passado, com resultado agregado positivo de R$ 400 milhões.

Segundo o documento, o consistente declínio de déficits e o crescimento de superávits a partir de 2015 culminou, após uma série de períodos com resultados agregados negativos, no saldo superavitário no final de 2019.

“O sistema vinha em um movimento positivo, em seu melhor momento. Vínhamos com 100% de solvência, superando grandes países como EUA, Canadá e Reino Unido no final do ano passado”, diz Luís Ricardo Martins, Diretor Presidente da Abrapp. Se considerado o resultado dos primeiros meses de 2020, antes do impacto da pandemia no Brasil, o sistema havia acumulado resultado positivo de cerca de R$ 10 bilhões, segundo estimativas do dirigente.

O Relatório traz ainda que a dinâmica positiva alcançada quanto ao equilíbrio técnico do sistema deve-se basicamente aos resultados positivos obtidos nos investimentos e à continuidade da programação financeira introduzida pelos planos de equacionamento que visaram reequilibrar os planos frente aos déficits acontecidos no passado. A rentabilidade média dos ativos dos planos em 2019 foi de 14,5%.

Impacto e recuperação – No fim do primeiro trimestre, com o impacto da crise de COVID-19, a diferença entre os superávits e déficits do sistema alcançou um saldo líquido negativo de R$ 53,4 bilhões, patamar similar ao de 2016, quando o país começava a sair de uma forte recessão.

Já nos dois meses seguintes, o sistema começou a registrar um movimento de recuperação. Em abril, com uma gradual melhora dos mercados após as ações dos bancos centrais em todo o mundo, a diferença entre déficits e superávits diminuiu para R$ 47,8 bilhões negativos. Em maio, o resultado negativo foi reduzido para R$ 35,8 bilhões. Mesmo com o resultado agregado negativo, o índice de solvência do sistema permanece em patamares muito altos.

“Diante desse cenário e da antecipação na preparação, o sistema absorveu bem os impactos da crise. Apesar do forte impacto negativo em março, já notamos uma recuperação que eu diria que é surpreendente”, aponta Luís Ricardo.

​Conforme a Previc, não há risco de liquidez para o setor. O relatório indica ainda que o sistema possui liquidez “em volume confortável, sem risco quanto ao pagamento de benefícios no prazo médio para os próximos 24 meses”.

Sem dificuldades operacionais – O Relatório mostra ainda que as EFPC mantiveram o atendimento aos participantes e o pagamento de benefícios normalizados durante a pandemia. “Todas as EFPC adotaram o sistema home office para praticamente todos os seus funcionários, sem relato de qualquer dificuldade operacional. Os pagamentos de benefícios permaneceram sendo realizados normalmente, sendo que os atendimentos aos participantes e assistidos ocorreram por telefone, chat, e-mail, ou outros canais de comunicação estabelecidos pelas entidades”, diz o documento.

Todos os eventos destinados ao público externo, como palestras e seminários, foram cancelados. Algumas entidades criaram comitê de crise para análise do cenário e definição quanto ao acionamento dos planos de contingência.

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