Apresentação da pesquisa Abrapp “Raio X dos Investimentos das EFPC” traz comparação nas alocações nos últimos 10 anos

A Abrapp está divulgando para suas associadas a pesquisa “Raio X dos Investimentos das EFPC: Abrapp 2023”. Trata-se de um dos mais completos e abrangentes levantamentos de dados sobre a alocação dos ativos das entidades fechadas e de suas políticas de investimentos. Neste ano, a pesquisa completou 10 anos desde sua primeira edição e, por isso, foi realizada uma comparação com os resultados da edição atual com as informações do primeiro ano em 2013.

O coordenador do levantamento, Carlos Garcia (foto em sua apresentação na última edição do CBPP), explica que a pesquisa coletou informações de 92 associadas da Abrapp, que responderam 264 questões quantitativas e qualitativas, resultando em uma coleta de dados que ultrapassou a marca de 20 mil informações. O conjunto de respondentes corresponde a cerca de 40% do patrimônio total do sistema de EFPC e 40% do número de entidades. Foram 56 entidades com patrimônio acima de R$ 1 bilhão e outras 36, com volume de recursos abaixo de R$ 1 bilhão. A pesquisa é anônima e os dados individuais não são públicos. As informações divulgadas se referem apenas aos consolidados totais.

O diferencial desta edição do levantamento é a comparação das alocações entre 2013 e 2023. Os dados se referem ao fechamento de dezembro do ano passado, mas trazem também as informações para as políticas de investimentos para 2023 e as perspectivas para os próximos 12 e 36 meses em diversas classes de ativos. O levantamento também traz informações sobre a governança das entidades, o controle de risco e a utilização de consultorias para a seleção de gestores, entre outros aspectos. A pesquisa também apresenta cortes da gestão dos ativos por tipo de plano, contribuição definida (CD), contribuição variável (CV) e benefício definido (BD).

No período de 10 anos, a alocação em ativos de renda fixa cresceu de 56% em 2013 para 79%, no final de 2022. Já a renda variável registrou movimento inverso, caindo de 34% para 10% no período. Foi verificada uma queda de 24 pontos no volume de recursos alocados em renda variável e um crescimento de 23 pontos em renda fixa. Já os estruturados quase dobraram de tamanho, atingindo 7% dos ativos totais, comentou Garcia. Outras classes como imóveis e fundos imobiliários registraram aumento pouco significativo. Os ativos no exterior passaram de 1% para 2%, mas ainda são insignificantes no volume total do patrimônio do setor.

imagem

 

Entre as tendências mais destacadas estão o crescimento das políticas de investimentos, o aumento do espaço dedicado aos investimentos alternativos, o aumento da alocação em renda fixa e a redução da alocação em renda variável, destacou Garcia. Claramente os níveis das taxas de juros impactaram na aversão ao risco dos investidores. Em 2013, a Selic estava em 7,25% e a inflação era de aproximadamente 6%. Hoje a Selic está em 12,75% e a inflação está abaixo dos 6%.

imagem

 

Ele acredita que o provável cenário de queda dos juros e a perspectiva mais positiva do Brasil em comparação com outras economias deve promover o aumento da alocação em renda variável nos cenários de 12 e 36 meses.

Além da redução da alocação em ações e fundos de renda variável, o perfil das estratégias nesta classe de ativos também mudou na última década. Houve forte crescimento dos fundos e produtos indexados e passivos, que mais que dobraram seus percentuais dentro desta classe. Já os fundos ativos de Ibovespa mantiveram o nível de alocação proporcional. Em compensação, as estratégias de valor, dividendos e small caps sofreram forte redução nos últimos 10 anos.

imagem

Na renda fixa, foi mantida a preferência por títulos públicos indexados à inflação, com redução das LFTs. Já os prazos dos títulos públicos sofreram redução em geral. Os títulos mais longos caíram de 35% para 14% e os papéis com prazos entre 3 e 5 anos registraram maior concentração.

imagem

As análises sobre as políticas de investimentos 2023 indicaram algumas possibilidades importantes para mudanças na alocação. Por exemplo, 83% das políticas para este ano consideram a possibilidade de alocação em multimercados estruturados em comparação com 67% das políticas de 2013. Outra classe que aumentou nas políticas foi a de exterior, que saiu de 50% em 2013, para 86% em 2023. Os fundos imobiliários e de participações tiveram um crescimento insignificante nas políticas de investimentos para 2023.

imagem

As perspectivas de alocação em 12 meses apontam para um aumento maior para ativos no exterior, com destaque para a renda variável, renda fixa e hedge funds. Os ativos de crédito privado no exterior, apesar de fortemente valorizados pelos gestores, surpreendentemente ainda não atraem a preferência das entidades fechadas.

Depois do exterior, a classe que deve mais crescer entre as fundações é a de renda variável. Em seguida, aparecem a renda fixa e multimercados, com índices de preferência semelhantes. Já os fundos imobiliários e de participações apresentaram perspectiva de redução nas projeções tanto de 12 meses quanto de 36 meses.

imagem

Também foram coletadas informações sobre o tipo de marcação dos títulos públicos por tipo

de plano. Os planos BD mantêm 70% dos títulos públicos marcados na curva e 30% a mercado. Os planos CV têm 60% na curva e 40% a mercado. Já os planos CD possuem 8% na curva e 92% a mercado.

imagem

 

O estudo detalhou também as principais preocupações das entidades com os FIPs. A maior preocupação é a fase de saída das empresas, seguida pela estrutura de governança do fundo. Logo após, vem a capacidade de originação do gestor, a diversificação setorial e a saída de pessoas chave dos gestores. Na sequência aparece o efeito da curva J. Na outra ponta da tabela se destaca a diversificação temporal (vintage) com apenas 32% das preocupações – o que foi considerado muito baixo por Carlos Garcia.

 

imagem

 

Ele destacou também a opção pela movimentação das carteiras de FIPs no mercado secundário que vem ganhando tração nos últimos anos.

A pesquisa será encaminhada na íntegra para as associadas da Abrapp.

Shares
Share This
Rolar para cima