Houve um tempo em que investir em um fundo de previdência era tão caro que praticamente anulava o benefício fiscal embutido nessas aplicações: abater o valor da aplicação – até o limite de 12% da renda tributável – da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física. A relação benefício fiscal versus custo não era suficiente para superar outras alternativas de investimento: valia mais a pena pagar imposto de renda sobre o ganho de determinada aplicação que usufruir o benefício fiscal oferecido por um PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), por exemplo.
Hoje, já não é mais assim. Com o aumento da concorrência, é possível encontrar PGBLs com um custo muito menor. Mas o que compõe o custo de um PGBL ou mesmo de um VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres)? O custo é composto por basicamente duas taxas: a de administração e a de carregamento. A taxa de administração – que chegou a ultrapassar 6% ao ano – agora se encontra em torno de 1% ao ano. Já a taxa de carregamento – que chegou a morder 10% dos recursos no momento da aplicação – hoje praticamente não existe.
Agora, as entidades de previdência fechada chegam para colocar mais lenha nessa fogueira da concorrência. Com a possibilidade de oferecer os chamados planos famílias a custos extremamente baixos, elas são uma alternativa real para maximizar o retorno apenas com um simples movimento de portabilidade. Traduzindo: ao migrar os recursos de um PGBL ou VGBL contratado numa seguradora para uma entidade de previdência fechada, você consegue ganhos que podem ultrapassar um ponto percentual ao ano. Isto pode lhe parecer pouco, mas não é.
Qualquer programa de previdência precisa de dois ingredientes básicos: tempo e dinheiro. Quanto mais você tiver de um, menos precisará do outro. Assim, na prática, à medida que consegue acessar produtos mais baratos, mais recursos sobram para serem aplicados. No longo prazo, a diferença de 1 ponto percentual de economia pode aumentar seu patrimônio em 20% ou mais. É ou não um bom motivo para avaliar, com todo o cuidado, o custo das aplicações?
Além do mais, este movimento contribui para que o mercado seja mais justo para os pequenos e médios investidores que, por anos, amargaram custos altíssimos nos serviços financeiros. A possibilidade de as entidades de previdência fechada, agora, poderem abrir suas portas a parentes de diversos graus de seus associados está permitindo que também elas consigam reduzir ainda mais o custo de suas operações.
Como são entidades criadas para prestar serviços aos empregados da patrocinadora e não para dar lucro, o ganho de escala com a entrada de novos participantes é repassado integralmente para o participante.
Essa é uma forma do mercado de planos de previdência se sofisticar e se tornar mais acessível.
*Escritora e jornalista especializada em economia e finanças. Apresentadora do Canal do YouTube MyNews.