Muito se discute sobre a conexão entre os dois ecossistemas. Diria que pautas como cenários inflacionários, reservas de valor, aspectos regulatórios e nova classe de ativos já fazem parte dos trend topics desses dois universos.
Há aqueles que interpretam que tudo isso é uma besteira e que não há, e nem deve, se criar um ambiente que alimente esses tópicos. Por outro lado, há aqueles que defendem a bandeira em que os dois mundos podem, e devem, evoluir juntos.
E quando isso acontece, sabemos que o fruto a ser colhido é expressivamente maior.
Neste artigo, vou provocar discussões em como o mercado cripto tem evoluído e carimbado a sua autenticidade com uma interface cada vez mais intensa com o mercado tradicional.
Tudo isso promovido por uma demanda cada vez mais crescente daquele componente que é, e deve continuar sendo, a principal variável na elaboração de um produto. Ou seja, o cliente.
Costumo dizer que o ecossistema cripto já nasceu democratizado e é um case de sucesso quando levantamos os conceitos de Design Path. Em outras palavras, o cliente é o gerador do produto, e não o produto é o gerador do cliente.
Digo isso pois cada vez mais tenho percebido a atuação dos institucionais de estudarem/adotarem as soluções promovidas pelo ecossistema digital. Claramente, algo impulsionado pelo investidor que confia nessas estruturas e que de certa forma, quer se expor a essa nova classe de ativos.
A primeira porta de entrada dos institucionais no mercado cripto – utilizando produtos do mercado tradicional, principalmente os hedge funds e corporate treasuries, foi via trust (ticker: GBTC US) da Grayscale, regulada pela SEC e listada na Nasdaq. Atualmente, com um AuM de 30 bi USD.
A proposta da trust é que todos os recursos captados sejam alocados em bitcoin, o que significa dizer que 100% do balanço desse equity é exposto às oscilações da criptomoeda.
Quando analisamos o seu desempenho frente ao S&P 500 dentro do último ano, percebemos uma diferença expressiva entre performance (154% GBTC vs 33% S&P 500).
Um segundo bom exemplo são os índices temáticos crypto-related e ETFs, criados como solução para o investidor retail e sofisticado. O pioneirismo da Hash11 traduz muito bem esse movimento, sendo hoje o 3° ETF com maior volume de negociação na B3 e com um patrimônio líquido na ordem de 2 bi BRL.
Com tudo isso em mente, tomei a liberdade de dividir um estudo promovido pela BitWise, onde avaliam os impactos de diferentes % de alocação em Bitcoin (BTC) dentro de um portfólio do mercado tradicional.
Na prática, o estudo conclui que, no período entre janeiro 2014 e março 2020, a adição de pequenos percentuais de cripto (1) numa carteira tradicional (2) faz com que os retornos acumulados sejam expressivamente maiores e, ao mesmo tempo, a relação risco/retorno tenha uma razão mais atrativa.
E não menos importante, tivemos recentemente um posicionamento interessante da B3 e dos reguladores locais. Autorizando a oferta de derivativos e COEs onde o ativo subjacente poderia ser, a priori, ETFs cripto e contratos futuros listados.
Certamente, isso alimenta toda uma indústria de gerenciamento de risco e até mesmo, a oferta de produtos estruturados como veículos de acesso.
Por último, a colaboração entre os dois mundos também se reflete nos institucionais e investidores adotando cada vez mais as plataformas de negociação do mercado cripto – as famosas exchanges e mesas de OTC.
Como coordenador da MezaPro, que é a primeira mesa de trading da América Latina focada em clientes high networth e institucionais, fico feliz de estar aos poucos colaborando para a evolução desse mercado.
A ponte já está construída. Cabe a nós reforçarmos ela cada vez mais.
*Álvaro Sampaio Mendes é Coordenador de Trading desk da MezaPro. Engenheiro Químico formado pelo Mackenzie, iniciou a carreira na B3, focado na área de produtos estruturados/derivativos de balcão. Posteriormente, atuou como Sales/Trader institucional no BNP Paribas, explorando o ecossistema de produtos estruturados e índices sistemáticos de Equity.
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