Tem um provérbio japonês que diz “um dia, uma vida”. O significado é parecido com aquele ditado brasileiro, “um dia de cada vez”. Eu, como nipo-brasileira, acho que esse poderia ter sido o lema dos primeiros imigrantes que chegaram ao Brasil do Japão, há 115 anos, no Kasato Maru.
Em 18 de junho, dia que o navio atracou no Porto de Santos, é celebrado o aniversário da imigração japonesa. Ontem, 19 de junho, tive a honra de participar de uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) com o Presidente da Previ, João Luiz Fukunaga. A cerimônia foi organizada pela deputada Elika Takimoto, com a presença de membros do consulado japonês.
Vivendo um dia como se fosse uma vida, conseguimos apreciar a beleza e a complexidade do tempo, sem ansiedade. Os cerca de 800 japoneses que chegaram no Brasil há 115 anos, junto com todos os outros que também vieram para cá, se transformaram em quase dois milhões de pessoas. É a maior população de descendentes de japoneses no mundo. Uma delas, com muito orgulho, sou eu. Quero desejar parabéns para toda a comunidade nipo-brasileira e agradecer aos nossos ancestrais, que nos permitiram estar aqui.
Em 1995 fiz o caminho de retorno de meus avós através de uma viagem para o Japão, como dekassegui. Trabalhei lá, como operária em fábricas do setor automotivo, durante dois anos. Uma época de muito aprendizado. Assim como eu, muitos nipo-brasileiros também fizeram essa jornada. Uma das maiores comunidades estrangeiras no Japão é, justamente, a de brasileiros. É por isso que atualmente o Brasil tem um acordo previdenciário com o Japão, que tem como objetivo a garantia dos direitos dos trabalhadores brasileiros que estão no Japão, e dos japoneses que estão no Brasil.
Ou seja: pessoas que estejam ou já estiveram sujeitas à legislação previdenciária do Japão, assim como seus dependentes, podem ter direito a benefícios como aposentadoria por idade e por invalidez, assim como a pensão por morte. O mesmo vale para japoneses que estiveram sujeitos à legislação brasileira.
No Banco do Brasil temos a expressiva presença da comunidade nipo-brasileira com um grande número de funcionários nipo-descendentes. Não por acaso, o meu maior exemplo para ingressar no BB sempre foi meu pai, Oscar Fumio Goto, que dedicou uma vida ao Banco do Brasil.
*Paula Goto é Diretora de Planejamento da Previ. Ela é neta de Toshiko e Matsuo Goto.
