Artigo: Um incentivo ao investimento de longo prazo – Por Luís Ricardo Martins

Luís Ricardo Martins

Em artigo ao portal CityWire Brasil, o Diretor Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins, destaca a necessidade, diante de um cenário de juros baixos, das Entidades Fechadas de Previdência Complementar buscarem diversificação de seus investimentos. No texto, Luís Ricardo explica a importância da revitalização dos Fundos de Investimento em Participações (FIPs) nesse contexto, os benefícios que esse tradicional veículo de aplicações gera em termos de retornos ao longo do tempo, e as ações da Abrapp para estimular esse investimento para o longo prazo.

Luís Ricardo escreve para o CityWire a cada duas terças-feiras, sempre destacando os desafios e conquistas do setor de Previdência Complementar Fechada no Brasil. Leia abaixo o artigo na íntegra e acesse o link aqui.

O Brasil continua a conviver com nível historicamente baixo da taxa de juros e assim deve prosseguir por um longo período, na previsão dos analistas. Essa é uma notícia positiva, sem dúvida, mas que ao mesmo tempo traz a necessidade de várias adaptações dos diferentes setores da economia, acostumados há décadas a conviver com taxas entre as mais altas (quando não a mais alta) do mundo.

Uma das áreas mais impactadas por esse quadro é a de investimentos. Na maioria dos casos, os agentes econômicos estavam acostumados a aplicar recursos em renda fixa, que garantia rentabilidade e risco reduzido, mas os ventos mudaram e está sendo necessária uma rápida adaptação de todos. É o caso das entidades fechadas de previdência complementar (EFPCs), conhecidas como fundos de pensão, que tradicionalmente aplicam parte significativa de seus recursos em títulos públicos lastreados em juros, como forma de garantir o cumprimento das metas atuariais que garanta o pagamento dos benefícios a seus participantes.

Neste “admirável mundo novo” de juros baixos, as EFPCs têm feito a lição de casa, buscando a diversificação de seus investimentos, que inclui entre outras alternativas a possibilidade de revitalização dos FIPs (Fundos de Investimento em Participações).

Tradicional veículo utilizado para aplicações das fundações, esses fundos propiciaram retornos atraentes ao longo do tempo, mas passaram a ser colocadas de lado por alguns em consequência de uma imagem desfavorável deixada por alguns poucos casos mal-sucedidos. Os números mostram que a manutenção de um fluxo contínuo de alocação em FIPs foi benéfico para as entidades que ignoraram a injustificada demonização desse instrumento de investimento e com isso colheram resultados positivos.

Com base nessa realidade, a Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), em linha com as necessidades do sistema, incluiu a revitalização dos FIPs entre as demandas aos reguladores no sentido de que as normas que regem as aplicações das fundações sejam flexibilizadas e adaptadas à nova realidade. A entidade fez questão de lembrar, em seu pleito, que os FIPs são alternativas importantes e bem-sucedidas de alocação de longo prazo tanto no Brasil quanto em vários outros países.

Para que o estigma que cerca os FIPs deixe de ser um obstáculo, a Abrapp propôs a criação de um Manual de Boas Práticas que embase a retomada desses investimentos. Dessa forma, esses fundos poderão figurar entre os instrumentos que fazem parte dos pleitos da Abrapp para adaptação à realidade dos juros baixos, entre os quais se incluem também o aumento de 10% para 20% do patrimônio para investimento na classe de ativos estrangeiros e a posição contrária da entidade à determinação de que os fundos de pensão se desfaçam da carteira de imóveis com propriedade direta no prazo de 12 anos.

Vale lembrar que as adaptações não representam uma necessidade apenas para as EFPCs: são também fundamentais para a economia brasileira, já que no momento os fundos de pensão são a única alternativa para a realização de investimentos de longo prazo, como os voltados à infraestrutura, por exemplo. Portanto, ajustar-se à nova realidade de juros baixos como forma de viabilizar e incentivar esses aportes significa também pensar em ações efetivas que apontem para um futuro melhor, que ajude a colocar finalmente o Brasil no caminho do verdadeiro desenvolvimento.

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