Consolidado Abrapp: Déficit é conjuntural e há indicadores de recuperação 

Luís Ricardo Martins

O déficit líquido do sistema de entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) fechou o ano de 2021 com resultado negativo de R$ 36,4 bilhões, segundo dados do Consolidado Estatístico da Abrapp. Se bem que houve uma piora no resultado agregado (superávit menor déficit) em relação ao ano anterior, quando o sistema havia fechado com R$ 7,5 bilhões positivos, já existem alguns indicadores de recuperação.

“O déficit registrado ao final do ano passado é evidentemente conjuntural. O histórico de solidez e resiliência das carteiras e o profissionalismo dos gestores certamente irão promover, mais cedo ou mais tarde, a recuperação dos resultados”, diz Luís Ricardo Martins, Diretor-Presidente da Abrapp. Efetivamente, na comparação do mês de novembro de 2021, quando o déficit líquido havia atingido R$ 45,9 bilhões, com o mês seguinte, já havia ocorrido importante melhora. A renda variável teve retorno médio positivo de 3,07% no último mês do ano passado.

No mês de janeiro, dados preliminares apontam para uma recuperação da ordem de R$ 4 bilhões. A maior entidade fechada do país, a Previ, por exemplo, conseguiu reverter um déficit de R$ 900 milhões em seu Plano 1 em dezembro do ano passado, para um superávit de R$ 1,4 bilhão em janeiro de 2022 – leia mais.

“Nossas políticas de investimentos adotam uma gestão de longo prazo, que acaba jogando a nosso favor em momentos que temos de buscar uma recuperação”, comenta Luís Ricardo. Ele acredita que o resultado do ano passado é algo passageiro, que será revertido ao longo de 2022. Mesmo com algumas dificuldades proporcionadas pelo cenário internacional impactado pela guerra da Ucrânia, mesmo assim, os ativos já começam a se recuperar, a exemplo, da Bolsa doméstica. O Ibovespa voltou a superar a casa dos 120 mil pontos nesta semana.

Congelamento do equacionamento – Devido ao caráter conjuntural e passageiro do déficit do sistema, a Abrapp vem defendendo o congelamento dos processos de equacionamento que deveriam ser calculados para o ano de 2021. De acordo com a proposta, o cálculo dos déficits voltaria a ser realizado apenas no ano que vem. “Não tem sentido começar a equacionar déficits que certamente serão revertidos em pouco tempo. Por isso, defendemos o congelamento por um ano”, comenta o Diretor-Presidente da Abrapp. Ele afirma que a direção da Previc e representantes da Secretaria de Previdência têm se mostrado bastante sensíveis e abertos para a implementação da proposta.

Luís Ricardo lembra que o congelamento dos equacionamentos pelo prazo de um ano não será capaz de afetar a solvência e a liquidez dos planos de benefícios. Ele destaca que o sistema vem pagando mais de R$ 77 bilhões em benefícios por ano para um público de cerca de 900 assistidos das EFPC. “Em pouco tempo vamos chegar à marca do pagamento anual de R$ 80 bilhões em benefícios para quase 1 milhão de beneficiários. Essa é a nossa principal missão e temos feito isso ao longo de toda nossa história”, destaca.

Dados de dezembro 2021 – O sistema registrou rentabilidade média de 5,88% nos investimentos no ano passado. Em geral, os resultados dos planos de benefício definido (BD) ficaram abaixo das metas atuariais. Há porém, diversas exceções, de planos BD que conseguiram bater suas metas mesmo em um ano complicado, em que a renda variável teve desempenho médio negativo. A renda fixa também não registrou bons resultados, bem como outras classes de ativos. A única classe que parece ter se salvado em 2021, foi a de investimentos no exterior, que contou com forte valorização devido tanto à alta dos preços dos ativos internacionais quanto da variação positiva do dólar em relação ao real.

O patrimônio total do sistema atingiu a marca de R$ 1,11 trilhão. Já o patrimônio dos fundos instituídos fechou em 2021 com R$ 14,9 bilhões. As próximas edições do Consolidado Estatístico da Abrapp devem trazer pela primeira vez informações sobre os planos família. “Temos de destacar todo o esforço realizado com o olhar voltado para a reinvenção e a sustentabilidade do sistema. Ao mesmo tempo que cumprimos em dia com todas as nossas obrigações, também olhamos para o futuro, incentivando ações de fomento, tal como a multiplicação dos planos voltados aos familiares de participantes”, diz Luís Ricardo.

O Consolidado Estatístico com dados de dezembro de 2021 será divulgado na próxima edição da Revista da Previdência Complementar simultaneamente com a publicação no portal da Abrapp.

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