Consolidado Abrapp: Sistema de EFPCs apresenta forte recuperação no 2º trimestre

As carteiras de investimentos e os resultados dos planos de benefícios das entidades fechadas (EFPC) apresentaram forte recuperação no 2º trimestre de 2020 – abril a junho. Depois de sofrerem forte impacto negativo no mês de março devido à crise decorrente da pandemia de COVID-19, os ativos passaram a acumular retornos positivos nos meses seguintes, revertendo grande parte dos déficits dos planos.

Os déficits que totalizaram R$ 74 bilhões em março, voltaram para R$ 42,2 bilhões no encerramento de junho, segundo dados do Consolidado Estatístico da Abrapp. Se considerado o resultado líquido (déficit menos superávit), os planos saíram de R$ 58,5 bilhões negativos para R$ 22,8 bilhões negativos (ver gráfico acima). Ou seja, o resultado líquido, também chamado de agregado, melhorou 61%.

“Registramos uma forte recuperação do sistema nos últimos meses. Isso mostra que estamos bem preparados e as entidades possuem grande resiliência. Nossos gestores estão cada vez mais capacitados para enfrentar as crises”, diz Luís Ricardo Martins, Diretor Presidente da Abrapp. Ele acredita que se o mercado continuar na mesma direção nos próximos meses, é bastante provável que a maioria dos planos consiga bater suas metas atuariais no final do ano.

O consolidado da Abrapp mostra que 370 planos de benefícios apresentaram superávit no final de junho. No mesmo período, 255 estão em situação deficitária. O patrimônio total das EFPC alcançou R$ 958 bilhões no final do 1º semestre.

“O impacto negativo de março parece que foi algo conjuntural. Já recuperamos boa parte da queda e agora já estamos com perspectivas de bater as metas dos planos”, prevê Luís Ricardo. A rentabilidade média acumulada no ano ainda está negativa, em -1,23%, mas bem superior ao registrado no auge da crise em março. Considerando apenas o mês de junho, o retorno médio das carteiras foi de 2,30%, bem acima da TJP de 0,78%.

Apesar da perspectiva de se atingir as metas, a Abrapp continua monitorando a situação dos déficits dos planos e o comportamento das classes de ativos. Através de um Grupo de Trabalho constituído para avaliar a questão da solvência, um grupo de especialistas vem analisando os impactos da crise para propor possíveis alternativas para o aperfeiçoamento das regras, em especial, da Resolução CNPC n. 30/2015 (leia mais).

Em 2019, o sistema registrou retorno médio de 14,5%, bem acima das metas atuariais. O resultado agregado ficou positivo em R$ 400 milhões, o que não acontecia desde 2015. Ou seja, a solvência do sistema ficou em mais de 100%, acima de diversos países como EUA e Canadá.

Perspectivas – O Diretor Presidente da Abrapp explica que a pandemia interrompeu momentaneamente alguns processos de diversificação das carteiras de investimentos das entidades. A diversificação vinha se acentuando desde 2019 e no início de 2020, porém o impacto da crise fez com que os gestores de ativos das EFPC adotassem, em geral, uma postura mais cautelosa. A continuidade da queda de juros, porém, e a recuperação das carteiras faz com que os gestores passem a retomar os processos de maior diversificação neste 2º semestre.

“O acentuamento do corte dos juros e a perspectiva de manutenção desse patamar mais reduzido por longo tempo exige que os gestores busquem alternativas além dos títulos públicos. A opção mais imediata é a renda variável mas também aparecem outras opções como os investimentos ESG e outros”, conta Luís Ricardo.

O Presidente da Abrapp ressalta ainda a boa evolução dos segmentos de planos instituídos que atingiram patrimônio de R$ 12,8 bilhões com 552 mil participantes em junho de 2020. Em 2014, eram R$ 3,1 bilhões de patrimônio e 250 mil participantes. Ele prevê forte crescimento deste segmento nos próximos anos, impulsionado pelos novos planos família. Segundo estimativas da Abrapp, os planos deverão atrair mais de 500 mil novos participantes com a formação de reservas de mais R$ 2 bilhões nos próximos dois anos.

Outro segmento que deve capitanear o crescimento da Previdência Complementar Fechada é o de fundos dos servidores públicos, que alcançou patrimônio de R$ 5,8 bilhões no final de junho com o funcionamento de 17 planos de benefícios. O número de planos e participantes deve sofrer forte crescimento nos próximos anos devido à obrigatoriedade de oferecimento de planos de Previdência Complementar aos servidores de mais de 2 mil entes federativos até o final de 2021 – de acordo à Emenda Constitucional 103/2019.

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