E-Invest aproveita oportunidades para imunizar Plano BD, mas mantém estratégia de FIPs

Rogerio Tatulli

O ano de 2021 marcou um período desafiador para os gestores de recursos das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC). O desempenho negativo da Bolsa e de ativos de maior risco atrapalhou o atingimento das metas dos planos que, por sua vez, foram alavancadas pela forte pressão inflacionária. Mesmo assim, as entidades procuraram aproveitar as oportunidades com a abertura das taxas dos títulos públicos, ao mesmo tempo que mantiveram suas estratégias de maior risco. É o caso da E-Invest By Previericsson (antiga Previericsson), que ampliou a imunização do passivo atuarial com a aquisição de títulos indexados à inflação, mas sem deixar de lado a alocação da carteira de Fundos de Investimentos em Participações (FIPs) e exterior. 

“A inflação atrapalhou muito no ano passado. Além disso, enfrentamos uma turbulência de mercado no segundo semestre. Mesmo assim, tivemos um resultado satisfatório”, comenta Rogério Tatulli, Diretor Superintendente e AETQ da E-Invest By Previericsson. Com patrimônio de R$ 1,28 bilhão, o Plano BD (maior da entidade) registrou retorno de 11% ante uma meta atuarial de 14,90%. 

O destaque ficou com o desempenho da carteira de investimentos no exterior, que registrou rentabilidade de 19%, portanto, bem acima da meta. A questão é que a entidade já está próxima do limite de 10% permitido pela Resolução CMN 4.661/2018. “A carteira do exterior foi muito bem, foi a única que bateu com folga a meta atuarial. Aguardamos ansiosamente pela ampliação do limite de investimentos permitido pela regulação”, diz Tatulli. Ele lamenta que as regras ainda não tenham sido revistas para permitir maior flexibilidade para ampliar a exposição a essa classe de ativos. 

A carteira de renda fixa também teve resultado satisfatório para a E-Invest no ano passado, registrando retorno de 14,42%. O desempenho da renda fixa praticamente empatou com a meta. Além disso, foram aproveitadas oportunidades para ampliar a imunização do passivo do tipo BD, com a aquisição de títulos públicos (NTN-Bs) indexados ao IPCA, com prazos mais longos. “Ampliamos as posições com títulos mais longos, que apresentaram uma boa abertura nas taxas com o objetivo de promover a maior blindagem do passivo”, revela o dirigente. 

Ao mesmo tempo que se fortalecia o processo de imunização, outras estratégias de maior exposição ao risco não foram descontinuadas e nem mesmo reduzidas. É o caso da carteira de FIPs que, apesar de não contar com a seleção de novos fundos, continuaram recebendo os aportes compromissados anteriormente. “Não abandonamos a estratégia da carteira de FIPs, ao contrário, continuamos acreditando nessa classe de ativos que tem gerado resultados muito positivos”, diz Tatulli. Em 2021, os FIPs da entidade tiveram retorno de 11,40%. 

A carteira começou a ser montada em 2011 e desde então, tem apostado na diversificação de safras e setores. A carteira é formada por 38,8% de fundos de reflorestamento, 32,2% de infraestrutura e o restante por fundos multiestratégia, imobiliário e tecnologia. “No ano passado continuamos com os mesmos fundos que já tínhamos selecionado anteriormente, mas em 2022 pretendemos estudar novas alocações”, diz Tatulli. Ele revela que, entre os setores analisados, figuram o agronegócio e as energias renováveis. O dirigente explica que é importante manter a estratégia de diversificação dessa carteira com uma visão de longo prazo. Com isso, o eventual desempenho insatisfatório de um fundo é compensado pelo retorno dos demais. Com relação ao novo ciclo de alta das taxas de juros dos títulos públicos, Tatulli reconhece que houve uma abertura importante, mas prevê que elas voltarão a fechar em algum momento.

Guia Boas Práticas – O Diretor Superintendente da E-Invest participou da equipe que elaborou o Guia de Boas Práticas de Investimentos em FIPs pelas EFPC. O projeto foi organizado pela Abrapp e teve lançamento no final do ano passado – Leia mais. “Representa um grande avanço para o setor. É uma ferramenta adicional para os gestores das EFPC independente do porte. Com uma linguagem simples e muito clara, pode ajudar em todo o processo dos FIPs, desde a seleção, acompanhamento e desinvestimento”, comenta Rogério Tatulli. 

O dirigente explica que o Guia elaborado pela Abrapp com a participação de representantes das associadas está em linha com o Guia de Melhores Práticas da Previc. E lembra que o Guia de FIPs contou também com a participação de representantes da autarquia. “É um material que está afinado com o que o fiscalizador exige. Outra vantagem é que a utilização do guia pode facilitar também a compreensão da importância da classe de ativos para os membros dos conselhos das entidades”, completa. 

O Diretor Superintendente da E-Invest explica que os investimentos em FIPs exigem um processo de aprendizagem tanto dos gestores das EFPC quanto dos conselheiros. É necessário promover um processo de esclarecimento e amadurecimento e o Guia de Boas Práticas dos FIPs é um documento adequado para apoiar a aprendizagem quanto às características desses ativos.  

 

Shares
Share This
Rolar para cima