“Investimento de impacto” foi o termo que mais circulou durante o Fórum Econômico Mundial 2025 de Davos, realizado entre os dias 20 e 24 de janeiro. Para enfrentar desafios globais e riscos sistêmicos relacionados a crises socioambientais e econômicas, a conferência anual tratou, neste ano, do tema “Colaboração para a Era Inteligente”, reunindo líderes políticos, executivos de empresas, acadêmicos, ativistas e representantes da sociedade civil de todo o mundo.
Muito além do retorno financeiro, o fórum se propôs a discutir soluções, através da cooperação público-privada, para o enfrentamento às mudanças climáticas; busca pela segurança energética; impacto da tecnologia em economias e sociedades; e resolução de conflitos, promovendo a cooperação global.
No longo prazo, os temas trazem impacto relevante à sustentabilidade, com implicações para as futuras gerações. Presente no evento, o consultor, ativista e Co-Autor do livro “A Nova Longevidade: Reinventando a Aposentadoria”, Ricardo Neves, contou ao Blog Abrapp em Foco que o tema Economia da Longevidade fez parte das discussões com insights valiosos dada sua relevância global.
Ele conduziu um workshop na Casa de Inovação Social, que recebeu mais de 1.750 participantes compareceram ao longo da semana e promoveu 39 sessões com 148 palestrantes, para sensibilizar e facilitar o desenvolvimento sobre o tema, apoiando a sociedade brasileira e principalmente os atores econômicos a lidarem com os desafios demográficos. Na ocasião, foram abordados os desafios e oportunidades relacionados ao aumento da expectativa de vida e à mudança demográfica global.
“É um desafio pensar que a humanidade caminha para ter uma padrão de vida de 100 anos. Temos que aprofundar esse tema com fundos de pensão, investidores, seguradoras e gestores de ativos, promovendo uma mudança de mentalidade considerando as várias fases da vida”, disse Neves.
Seu workshop abordou novas narrativas sobre a longevidade, promovendo reflexões sobre como entendemos e nos adaptamos a uma vida mais longa; transformação de políticas públicas e sistemas sociais, incluindo trabalho, educação, aposentadorias e seguros para uma sociedade em envelhecimento; e modelos de negócios inovadores e economia sustentável, visando aproveitar os benefícios de uma população mais velha com taxas de natalidade mais baixas.
O workshop contou com a presença de Haleh Nazeri, ponto focal executivo para o tema Economia da Longevidade dentro do Fórum Econômico Mundial. “Sua participação trouxe insights valiosos e reforçou a relevância global desse tema, além de criar vínculos com a comunidade internacional que está trabalhando dentro do fórum com a temática da longevidade”, explicou o consultor.
Neves pontuou que essa discussão já é muito presente na Europa, que vê uma “ameaça existencial” caso não haja uma política econômica que ao mesmo tempo contemple a produtividade e o progresso social, reduzindo desigualdades e o impacto ambiental. “Gestores de ativos, por exemplo, estavam antenados com essa necessidade de pensar em uma rápida solução para a vida centenária”, destacou.
“Caminhamos para uma mudança demográfica onde a pirâmide tradicional, que conta com mais jovens do que a população envelhecida, vai se inverter. A aposentadoria a partir dos 60 com pessoas válidas, saudáveis cognitivamente, buscando novas oportunidades, é uma maneira de mudar essa mentalidade”, reiterou Neves.
O consultor reforça que o tema deve ser discutido no Brasil para o público das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), e em um trabalho de educação e diálogo tanto para quem está se preparando para se aposentar, quanto para quem ainda levará mais tempo. “Eu vejo com bons olhos esses atores econômicos da ‘indústria da aposentadoria’, que devem ter um protagonismo e pautar a sociedade sobre a Economia da Nova Longevidade”, completou Neves.