Quais mecanismos as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) podem utilizar para se adaptarem às mudanças que precisam ser promovidas no segmento? Esse questionamento impulsionou o debate do painel “IA e Open Pension: Ferramentas para Eficiência, Escalabilidade e Inovação nas EFPC”, realizado no Encontro Regional Sudoeste desta quarta-feira, 19 de março, em São Paulo.
Reginaldo José Camilo, 2º Secretário do Conselho Deliberativo da Abrapp, destacou: “A Inteligência Artificial (IA) vai nos provocar a ter uma nova dinâmica dentro da previdência complementar”. Para auxiliar as entidades na implementação de soluções inovadoras que impulsionem seu desempenho e operação, algumas ferramentas foram apresentadas ao público na ocasião.
Fábio Corrêa, Co-Fundador da Previland, apresentou o open pension, solução desenvolvida em parceria com a Conecta que visa reter e atrair novos participantes trazendo uma visão 360º do setor.
“Precisamos ecoar nosso planejamento e estratégias”, disse Corrêa, enfatizando que a solução oferece às entidades o acesso a informações de valores dos participantes em outras instituições, como é feito no open finance.
A ferramenta proporciona uma visão da gestão de portabilidade, permitindo a tomada de decisões estratégicas personalizadas, customizando também ofertas e oferecendo automação para reduzir o tempo de resposta e o esforço operacional, tornando o processo de gestão mais eficiente e ágil.
Com ela, também é possível criar campanhas e mensagens estratégicas direcionadas a cada perfil de potenciais participantes, reduzindo o esforço operacional, para que o time possa focar nas estratégias. “O open pension centraliza todas as informações do processo de portabilidade em uma única plataforma”, pontuou Corrêa.
Segundo ele, a ferramenta pode transformar a forma como as EFPC interagem com os participantes. “Esse pode ser o começo de uma virada de chave que já está sendo executada”, completou.
IA na gestão administrativa – Cristina Schimidt, especialista UniAbrapp e Fundadora e CEO da leValen Consultoria, exemplificou como a IA pode auxiliar no fomento com segurança regulatória para a modernização que o segmento aclamava há anos.
“Chegou a hora de transformar desafios em oportunidades”, disse ela. “Precisamos nos conectar com nossos participantes”, pontuou, reforçando que as normativas do setor, como a Resolução Previc nº 23, permitem o uso de ferramentas na gestão estratégica das entidades. “Estamos ávidos por agilidade, transparência e, principalmente, personalização”.
Considerando a jornada longa de um participante de um plano, a entidade deve adaptar essa experiência ao momento de vida dele, e para ter essa perenidade ao longo de anos, a utilização do IA se torna essencial para colocar essa estratégia em prática.
Cristina explicou que através da IA, é possível reduzir custos administrativos, ter maior adesão e retenção de participantes, maior eficiência na tomada de decisões, entre outros benefícios. Entre as oportunidades estratégicas estão o auxílio automatizado ao participante na adesão, onboarding digital, e análise de dados para oferecer um plano ideal e prever dificuldades para agir rapidamente.
A tecnologia também auxilia a jornada do participante no plano desde o início, com recomendações, simuladores, esclarecimentos de dúvidas, entre outros. “O objetivo é tornar o primeiro contato do participante mais atrativo e intuitivo”, pontuou a especialista.
No período de acumulação de recursos, também é possível engajar o participante nas tomadas de decisão, bem como na concessão de benefícios, com simuladores de renda, preparação para aposentadoria, entre outros. “O desafio sempre é garantir a longevidade do benefício e do plano, e IA pode ajudar nisso”, reforçou Cristina.
Participante no centro – Não basta apenas implementar tecnologias e ferramentas de inovação, se as entidades não souberem como utilizá-las de acordo com as necessidades de seus participantes. Por isso, o GT 4 do Planejamento Estratégico da Abrapp 2023/2024 realizou uma pesquisa para entender como as EFPC vêm conduzindo esse processo internamente.
Élcio Nóbrega, Coordenador Suplente da Comissão Técnica Sul de Governança e Riscos da Abrapp e Gerente de Governança, Riscos e Compliance da Fundação Elos, destacou que o levantamento buscou apresentar “novos caminhos para inovação, diversificação de receitas e fidelização dos participantes”.
O foco é saber onde as entidades devem colocar energia de forma mais estratégica, sempre mirando na entrega de valor. “O participante deve estar no centro, e é muito mais útil quando conseguirmos entender o que ele precisa e o que está procurando”.
Para entender melhor o participante, o caminho é perguntar, disse Nóbrega. “Na pesquisa ‘Expansão ou Morte’, buscamos entender o que gera valor ao participante, como diversificar receitas e desenvolver novos produtos”.
Das 86 associadas respondentes, 55% fizeram uma pesquisa ou laboratório com propósito específico de entender seus participantes, mapeando os interesses em planos família, educação financeira, aposentadoria, etc. “As entidades querem entender a melhor forma de comunicar e atender os participantes”, pontuou Nóbrega.
“Os principais atributos de valor obtidos na pesquisa foram: excelência no atendimento, transparência e confiança, e benefícios funcionais”, explicou. A pesquisa mapeou também as tendências que as entidades percebem estar em relevância: personalização e questões emocionais e sociais.
Nóbrega reforçou que para que essa evolução seja implantada dentro das EFPC, é preciso se questionar sobre quais são as estratégias, tecnologias, participantes, propostas de valor, cultura e pessoas, e alinhamento disponíveis.
Os Encontros Regionais são uma realização da Abrapp com o apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio ouro: Bradesco Asset Management. Patrocínio prata: Apoena, BB Asset e Itajubá Administração Previdenciária. Patrocínio bronze: HMC Capital, Opportunity e Trígono Capital. Apoio: Bahia Asset Management e BNP Paribas Asset Management.