O Encontro Regional Nordeste, realizado nesta quarta-feira (09), conclui com sucesso a série de eventos promovidos por Abrapp, Sindapp, ICSS, UniAbrapp e Conecta, reunindo 350 participantes no centro de eventos digital do Grupo Abrapp. Em formato inédito 100% online e ao vivo, a série de Encontros Regionais deste ano registrou público recorde em relação às edições presenciais.
“Fechamos este ciclo com mais de 2.500 inscritos ao longo desse trabalho de descentralização que fazemos para chegar em cada Regional e prestar contas, compartilhar informações, ouvir sugestões e buscar soluções”, destacou o Diretor-Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins, na abertura do Encontro.
Ele acrescentou que o centro de eventos digital do Grupo Abrapp, experimentado em primeira mão nos Encontros Regionais, é apenas um aperitivo para as inovações reservadas para o 41º Congresso Brasileiro da Previdência Privada, que será realizado em 16 a 19 de novembro de 2020 e já está com inscrições abertas.
Engajamento associativo – Reforçando a importância da força associativa, Luís Ricardo Martins destacou o papel de cada uma das entidades que compõem o Grupo Abrapp, com o Sindapp na defesa intransigente do ato regular de gestão e promoção da ética, a UniAbrapp na educação previdenciária e capacitação de mais de 12 mil pessoas, o ICSS na certificação de mais de 8 mil profissionais, e a Conecta no desenvolvimento de soluções coletivas.
Ele saudou as lideranças regionais no Nordeste, citando os Diretores Augusto Reis, Alexandre Moraes (Abrapp), Liane Câmara Matoso Chacon (Sindapp e UniAbrapp) e a ex-Diretora Jussara Salustino.
“Queria registrar e agradecer o envolvimento de todo o segmento, a união. O sistema foi sensibilizado, conseguimos tocar as pessoas. Olhamos para aquele segmento que estava estagnado há cinco anos e houve o engajamento de todos em busca do fomento, retomada e crescimento”, afirmou Luís Ricardo Martins. Por meio dessa atuação coletiva, hoje o sistema apresenta novas vertentes de crescimento com os planos família, instituídos, previdência complementar do servidor público, e está na agenda de prioridades do governo e conta com um Conselho Nacional de Previdência Complementar ativo e de atuação estratégica. Foram muitas conquistas que ainda não se teve tempo de comemorar, notou.
Desafios para a previdência complementar – Luís Ricardo Martins destacou a grande história de sucesso da previdência complementar fechada, com seus 43 anos de existência, R$ 68 bilhões de benefícios pagos em dia a mais de 900 mil aposentados e pensionistas, representando 14% do PIB em reservas, com importante papel de proteção social e desenvolvimento do mercado de capitais. Contudo, alguns desafios permanecem, como gerir o estoque dessa história de sucesso e solidez. E novos desafios surgem: a gestão do fluxo da nova previdência complementar, com a entrada de novos participantes, atração dos nativos digitais e mudanças nas relações trabalhistas. “Um segmento fechado que busca maior flexibilidade e abertura para proteger o maior número de pessoas”.
Há também grandes janelas de oportunidade abertas com a Reforma da Previdência, que reforçou a importância de o indivíduo fazer seu esforço adicional de poupança para o futuro, e a própria pandemia de COVID-19, que trouxe à tona a necessidade de as pessoas buscarem proteção social para si e seus familiares. Também são exemplos de janelas de oportunidade a nova previdência do servidor público, que teve seu potencial de crescimento também impulsionado pela Reforma, e os fundos instituídos nascidos com a força do cooperativismo. ¨Nossa sensibilidade é que o sistema pode dobrar, triplicar, com a atuação da sociedade civil e do Estado¨, completou, ressaltando a importância de políticas de incentivo para o segmento.
A agenda estratégica defendida pela Abrapp para aproveitamento dessas janelas de oportunidade incluem: a ampliação da inscrição automática com o apoio do governo; o projeto de Lei de Proteção à Poupança Previdenciária (LPPP) que será encaminhado via Legislativo; ajustes na Resolução CMN nº 4.661, incluindo a flexibilização para o estoque de imóveis, limites para investimentos no exterior e investimentos em empresas de capital fechado; as propostas tributárias para ampliar o fomento e reduzir injustiças; mudanças na Planificação Contábil e os ajustes na Resolução CNPC nº 30, que contam com GTs de estudo formados pela Abrapp.
A harmonização de diferenças entre entidades abertas e fechadas, via projeto de Lei Complementar discutido no âmbito da Iniciativa de Mercado de Capitais (IMK), dentro da previdência complementar do servidor público, também é parte dessa agenda estratégica. Somam-se aos temas prioritários a operacionalização do CNPJ por Plano, que pode vir para 2021; a retomada do convênio com o SISOBI que deve vir por Decreto Presidencial proximamente; o incremento dos planos família; a importância dos canais de venda e comunicação e o desenvolvimento de novas soluções para as entidades por meio da Conecta e do Hupp! o primeiro hub de previdência complementar do Brasil, e a mudança positiva de imagem lograda pelo sistema na mídia.
“Estamos mostrando o protagonismo do nosso segmento, em especial neste momento desafiador. O sistema está preparado para ajudar o Estado brasileiro a ampliar a proteção social. Está preparado para alavancar a economia e incrementar, cada vez mais, a poupança previdenciária de longo prazo nesse País, e a nova previdência complementar que está chegando para um número maior de pessoas. Vida longa à previdência complementar!”, concluiu o Diretor-Presidente da Abrapp.
Representação regional – O Diretor Alexandre Araújo de Moraes, destacou o papel da Abrapp, associação que possui 42 anos de existência e mais de 250 entidades filiadas e é reconhecida nacional e internacionalmente como centro de excelência técnica de previdência complementar por meio do desenvolvimento e oferta de produtos e serviços que contribuem para a gestão e crescimento das EFPCs. Ele ressaltou ainda o compromisso da Abrapp em ser um celeiro de ideias e compartilhamento de experiências, oferecer soluções de qualificação para os dirigentes e técnicos das entidades, como também representar o setor junto aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como a sociedade civil em geral. ¨É por esses motivos que é muito importante a participação maior das entidades da Regional Nordeste nos eventos e serviços promovidos pela Abrapp¨, convidou Moraes.
O Diretor Augusto da Silva Reis, também responsável pela Regional Nordeste, acrescentou a importância dos Encontros Regionais como oportunidade para que dirigentes, conselheiros e todos os demais profissionais que compõem as EFPCs possam se aproximar mais do Grupo Abrapp. Ele destacou a capacidade de adaptação do Grupo em sua forma de atuar, sempre inovando, e seu indiscutível papel associativo. “O Grupo Abrapp tem um portfólio com quantidade enorme de serviços que estão à disposição das entidades”, afirmou Augusto, conclamando os dirigentes a conhecerem essas soluções.
Cenário Econômico e Desafios na Alocação
Mitigação de riscos – Margot Greenman, CEO da Capitalys, gestora independente com mais de R$ 50 bilhões investidos em ativos de crédito, agradeceu o apoio da Abrapp em mensagem institucional. Ela notou o apoio dos Diretores da Associação para ampliar o conhecimento sobre a estratégia de private debt, que compreende uma carteira pulverizada e diversificada de crédito em pequenas e médias empresas. Margot destacou que essa estratégia possibilitou aos clientes da Capitalys retornos positivos mesmo nos piores momentos da pandemia de COVID-19. Ela também fez o alerta de que mais volatilidade no mercado brasileiro é esperada, resultante dos ajustes econômicos e sociais decorrentes desse momento de crise. “Por isso, estamos convictos do valor que essa estratégia traz para a carteira das entidades”.
Desafios trazem oportunidades na alocação de investimentos
O primeiro painel do Encontro Regional Centro-Norte foi dedicado à discussão sobre “Cenário Econômico e Desafios na Alocação”. Os convidados abordaram temas como o aprendizado com endowments; diversificação e modelo de gestão de fundos imobiliários; investimentos no exterior; e tecnologia para trazer consistência ao portfólio. A mediação ficou a cargo do Vice-Presidente da Abrapp e Presidente da UniAbrapp, Luiz Paulo Brasizza.
Primeiro MBA em Previdência Complementar online – Brasizza iniciou sua participação com uma novidade em primeira mão para as associadas, muito demandada na Regional Nordeste: a UniAbrapp lançará nas próximas semanas o primeiro MBA em Previdência Complementar online do Brasil. ¨Isso possibilitará uma capilaridade gigantesca, de norte a sul do Brasil, e grande oportunidade de profissionalização¨, ressaltou o Presidente da UniAbrapp, acrescentando que já se antevê para o próximo ano o desenvolvimento do mestrado em previdência complementar.
Desafios para as entidades – Brasizza ressaltou que a queda da taxa de juros no Brasil era esperada, a exemplo do que ocorre em outras partes do mundo. Ele enfatizou o desafio dessa mudança em especial para os planos de Contribuição Definida (CD), cujos participantes assistidos e ativos têm demandado maior rentabilidade, e nos planos de Benefício Definido (BD), que respondem por cerca de 60% do R$ 1 trilhão de recursos geridos pelas entidades fechadas, para o cumprimento das metas atuariais.
Aprendizados com endowments – Ao trazer os aprendizados dos fundos de endowment de Harvard e Yale com a experiência da queda estrutural da taxa de juros nos Estados Unidos, Adilson Donisete Ferrarezi, Superintendente de Soluções de Investimento da Bradesco Asset Management, destacou que inovar nem sempre é construir algo do zero, mas adaptar algo que já funciona para a realidade local.
Com horizonte de investimento de longo prazo e perpétuo, a exemplo dos fundos de pensão, os fundos de endowments somam R$ 60 bilhões sob gestão e iniciaram a mudança de seus portfólios com a queda estrutural da taxa de juros nos EUA desde 1985. “Os endowments provaram que o incremento de alternativas de investimentos, amadurecidas ao longo do tempo com uma alocação estratégica muito mais robusta, sejam elas internacionais e também em produtos menos líquidos, como fundos imobiliários, são necessárias. E tê-los no portfólio de forma estratégica e não apenas tática”, acrescentou. Adilson observou que com uma alocação diversificada em classes de ativos, geografias e instrumentos, esses fundos têm apresentado performance resiliente a crises e com retorno superior ao índice S&P 500 no longo prazo.
Fundos imobiliários – Bárbara Lombardi, Gestora de Fundo de Fundos da Rio Bravo Investimentos, destacou a oportunidade alocação em fundos imobiliários e como fazer a seleção desses ativos. Desde 2018, os fundos imobiliários cresceram cerca de 500% em número de investidores, impulsionados pela entrada de pessoas físicas. A liquidez também cresceu, saindo de R$ 45 milhões diários negociados em 2018 para cerca de R$ 220 milhões em 2020. Hoje são 269 fundos listados em Bolsa, número que cresceu 52% só no ano passado. “Esse momento de juros mais baixos foi muito capturado pela classe, nós sabemos o quanto o setor de Real State em geral foi beneficiado por esse momento. A classe aproveitou também todo esse momento de democratização de investimentos no País e isso foi sentido também na liquidez”.
Bárbara destacou que essa classe de ativos se mostrou muito resiliente em momentos de stress do mercado e deve tomar mais atenção daqui para a frente. Ela elencou os critérios que devem ser considerados na seleção desses fundos, especialidade da gestora Rio Bravo: o perfil do gestor (tolerância ao risco), seleção de ativos e gestores, construção do portfólio (balanceamento da carteira conforme cada momento macroeconômico), revisão e monitoramento de riscos e liquidez. A companhia também utiliza um scorecard que contempla cinco fatores principais de avaliação: gestora e suporte oferecido ao fundo (15%), equipe e rotatividade (15%), riscos dos ativos imobiliários e do fundo em si (20%), avaliação do portfólio (inquilinos, localização e características técnicas) (25%) e potencial de retorno (25%).
Investimentos internacionais – Renato Santaniello, Head de Investiment Solutions da Santander Asset Management, ressaltou a importância da diversificação frente ao desafio para as entidades atingirem suas metas atuariais, em cenário de juros baixos, e necessidade de se acessarem ativos com potencial maior de retorno e, portanto, maior risco maior. Sobre a importância da diversificação no exterior, ele trouxe alguns dados que reforçam as limitações de se concentrar os investimentos no mercado doméstico: o Brasil representa apenas 3% do PIB mundial, 2% do mercado de renda fixa e 1% de renda variável.
Para tangibilizar a importância dessa diversificação, ele apresentou gráficos comparativos sobre o comportamento do índice nacional Ibovespa e do índice internacional MSCI sem hedge cambial ao longo do tempo, mostrando que a diversificação internacional não só possibilita melhor rentabilidade, como também menor volatilidade e descorrelação para a carteira. “Quando falamos em diversificação, além de acessar outros mercados, outras empresas, para ter representatividade maior no portfólio do que é produzido no mundo, é importante destacar que se diversifica também os efeitos dos diferentes ciclos econômicos por região, pois haverá períodos que o mercado local estará melhor que o global e vice-versa”, acrescentou, notando a importância dessa alocação estrutural para mitigação dos impactos conjunturais negativos no longo prazo.
Fundos sistemáticos – Isaías Rodrigues Lopes, sócio-fundador da Pandhora Investimentos, gestora sistemática e quantitativa que utiliza tecnologia na tomada de decisão e alocação de risco, reforçou que o cenário de juros baixos impelirá as entidades a tomar cada vez mais risco para atingir suas metas atuariais. A tecnologia pode ser grande aliada para fazer isso de forma inteligente com melhor retorno no longo prazo. “Na visão da Pandhora, o único almoço grátis que teremos no mercado financeiro é olhar para a diversificação, e através dela, gerar portfólios que sejam consistentes ao longo do tempo”.
Ele observou que 7 dos 15 dos maiores hedge funds americanos já utilizam a tecnologia de forma intensiva, sejam 100% quantitativos ou com gestão mista (fundos tradicionais e quantitativos). “Nos últimos anos essas gestoras vêm crescendo, inclusive por uso de tecnologia, porque isso permite que invistam em muitos mercados diferentes e com isso a capacidade dos fundos vai crescendo e conseguem gerar mais retorno”, ressaltou. Ele acrescentou que 30% do mercado de fundos americanos tem participação de fundos que utilizam tecnologia para gestão dos investimentos, enquanto no Brasil isso está em torno de 1%.
Ele acrescentou que atualmente os maiores clientes desses hedge funds são fundos de endowment e fundos de pensão, que já entenderam o benefício da descorrelação (ativos que se comportam de maneiras diferentes) para seu portfólio no longo prazo, proporcionando menor volatilidade e maior captura de oportunidades. “No Brasil, os fundos de pensão ainda têm o desafio de entender como esses fundos funcionam. O mercado de fundos quantitativos tem crescido no país”, ressaltou Tomás, acrescentando que a tecnologia também possibilita maior transparência das informações junto aos investidores institucionais.
O segundo e terceiro painéis do dia colocaram sistema como protagonista em inovação e sustentabilidade. Com o tema ”O Sistema Focado em Inovação e Economia Compartilhada”, o segundo painel destacou que o sistema escolheu o caminho de avançar na área dos planos famílias e setoriais, e isso implica em mudanças na sua forma de atuar, se comunicar e gerir recursos. Já sustentabilidade e ética, que também estão no cerne das discussões das EFPCs, foram debatidas no terceiro painel do dia, com o tema “Muito Além de Tendência: Gestão de Investimentos com Foco em ASG, Integridade e Ética”. Confira a matéria completa.
O último painel do Encontro Regional Nordeste contou com apresentações e debates com as autoridades da Previc e do Ministério da Economia. Com o título de “Sustentabilidade de planos frente à crise e o futuro da Previdência Complementar”, o painel contou com participação do Diretor de Fiscalização da Previc, Carlos Marne, do Subsecretário do Regime de Previdência Complementar, Paulo Valle, e do Coordenador do Escritório ERPE da Previc, Otávio Lima Reis. Leia mais.
Os Encontros Regionais contam com o patrocínio de: Giant Steps Capital, Bradesco Asset Management, Pandhora, Rio Bravo, Santander Asset Management e Captalys. O evento tem o apoio da Mapfre Investimentos e da Franklin Templeton.