A simplificação da linguagem pode contribuir para a ampliação do público da previdência complementar, trazendo maior clareza para os participantes e melhor entendimento sobre os planos de benefícios para aqueles que ainda não fazem parte do sistema. É o que explica o Diretor-Presidente da Funpresp-Exe, Cícero Dias, em entrevista exclusiva ao Blog Abrapp em Foco. Ele acrescenta que a utilização de termos muito técnicos podem causar confusão e afastar potenciais clientes, que não compreendem como funcionam os planos e o setor, gerando incerteza sobre a adesão.
A Analista de Previdência Complementar da Funpresp-Exe e Membro Associada da Federação Internacional de Linguagem Simples (PLAIN), Mariana Ceppi, também destaca a importância de simplificar a linguagem na comunicação com os diferentes públicos. “Para que as entidades comecem a adotar a linguagem simples, o primeiro passo é sensibilizar o próprio setor e, com isso, envolver a alta gestão”, diz Mariana na entrevista.
Neste sentido, torna-se necessário adaptar a linguagem para diferentes públicos, em especial, os mais jovens, que estão começando a pensar sobre o planejamento financeiro. Com essa adaptação, os planos se tornam mais atrativos para esses potenciais clientes, comenta Cícero Dias. O dirigente fala ainda sobre as iniciativas da Funpresp-Exe no trabalho de tornar a linguagem mais simples na comunicação com os participantes. Confira a seguir na íntegra:
Blog Abrapp em Foco: Como a utilização de termos técnicos pode afastar participantes e atrapalhar na compreensão sobre os planos?
Cícero Dias: O tema da educação previdenciária nem sempre está na agenda do cidadão, pelo menos não no seu dia-a-dia. E se levarmos conteúdos com linguagem técnica demais, corremos o risco de afastá-lo ainda mais, gerando confusão e desinteresse. Por não compreenderem o que está sendo oferecido, muitos podem desistir de conhecer mais a fundo a previdência. Por isso, a simplificação da linguagem contribui para que mais pessoas compreendam os benefícios e as opções que a previdência complementar oferece.
Blog Abrapp em Foco: Por que a simplificação da linguagem é um fator essencial para ampliar o alcance da previdência complementar?
Cícero Dias: Ao usar uma linguagem mais simples, conseguimos alcançar públicos que, de outra forma, poderiam se sentir intimidados ou desinteressados pela complexidade dos termos técnicos. Isso inclui jovens, que estão começando a pensar sobre a aposentadoria, ou pessoas que não têm familiaridade com o sistema de previdência. Informações mais claras e diretas podem contribuir para que as pessoas se sintam mais seguras para tomar decisões sobre seu futuro financeiro.
Blog Abrapp em Foco: Quais iniciativas a Funpresp-Exe está desenvolvendo para promover uma linguagem simples?
Cícero Dias: A Funpresp-Exe está atuando em parceria com uma consultoria para desenvolver uma versão simplificada do regulamento do plano de benefícios da fundação. O objetivo é tornar o documento mais acessível e de fácil compreensão para os participantes, seguindo as diretrizes de transparência e comunicação clara, mantendo a precisão técnica das informações.
Também temos produzido séries de vídeos para desmistificar alguns temas. Uma delas irá explicar como a fundação define os investimentos, por exemplo. Acreditamos que não é apenas uma forma de transparência com nosso participante, mas também um espaço para explicarmos de maneira simples como se estruturam as decisões em um fundo de previdência. Já em nossos textos, estamos buscando eliminar jargões e trazer sinônimos mais adequados aos termos técnicos.
Blog Abrapp em Foco: Quais os primeiros passos para as entidades começarem essa adaptação?
Mariana Ceppi: Para que as entidades comecem a adotar a linguagem simples, o primeiro passo é sensibilizar o próprio setor e, com isso, envolver a alta gestão. O patrocínio da alta gestão faz com que ações individuais se tornem coletivas, amplas e sistematizadas, contribuindo para retornos positivos, relevantes e estruturados. Em seguida, oferecer treinamentos à equipe, com o objetivo de desenvolver uma cultura que promova o entendimento das informações. Feito isso, inicia-se a aplicação da linguagem simples em documentos, normas, regulamentos, relatórios de investimentos, entre tantas outras possibilidades.
Blog Abrapp em Foco: Quais critérios devem ser considerados para decidir quando simplificar a linguagem?
Mariana Ceppi: É importante dizer que nem tudo precisa ser simplificado. Essa necessidade existe quando uma linguagem especializada precisa comunicar para pessoas que não possuem conhecimento prévio sobre o assunto. A linguagem especializada, dentro do contexto que a faz necessária, deve ser preservada.
Segundo a Federação Internacional de Linguagem Simples (PLAIN), “uma comunicação é em linguagem simples se sua redação, estrutura e design são tão claros que o público-alvo pode facilmente encontrar o que precisa, entender o que encontrar e usar essas informações”. Portanto, a linguagem utilizada é um dos fatores que podem beneficiar o melhor entendimento da informação, devendo ser combinada com outras técnicas que, juntas, promovam a compreensão e a acessibilidade.