Entrevista: Investimento no exterior deveria representar de 20% a 30% em média das carteiras das EFPC

Roberto Teperman, Legg Mason

Em entrevista exclusiva ao Blog Abrapp em Foco, Roberto Teperman, Head of Sales da Legg Mason, aborda o tema das vantagens e orientações para se investimentos no exterior. Ele defende que as entidades fechadas (EFPC) deveriam investir em média de 20% a 30% de seus ativos nos mercados internacionais como forma de garantir maior segurança e liquidez para as carteiras.

“A Resolução 4.661 permite que seja investido até 10% do patrimônio da EFPC. Achamos pouco. Esse número deveria ser algo entre 20 a 30% na média e para alguns casos até mais do que isso”, diz em trecho da entrevista. Confira a seguir na íntegra:

Blog Abrapp em Foco –  Por que investir no exterior?

Roberto Teperman – Existem vários motivos de se investir no exterior, começando pelo tamanho de mercado. O mercado americano de Renda Variável é 34 vezes maior que o brasileiro e o de Renda Fixa é 18 vezes maior. Por isso, é possível realizar uma maior diversificação de ativos, de setores e do risco Brasil. É possível promover a diversificação em outras moedas, com maior segurança e liquidez. A maior parte dos fundos no exterior tem liquidez diária e resgate em no máximo em até 7 dias. Há oportunidades de se investir numa gama muito grande de empresas da nova geração, com baixa correlação dos ativos.

Blog – Poderia explicar um pouco melhor a questão da diversificação do risco país?

Teperman – Talvez a maior vantagem seja a de diversificação aliada a uma proteção ao risco Brasil. O país hoje passa por um momento complicado, com contas fiscais desajustadas, alta taxa de desemprego e crescimento baixo. Ao se investir no exterior, o investidor fica protegido dessa oscilação, protegendo parte do portfólio.

Blog – Qual o tíquete de investimentos ideal?

Teperman – A Resolução 4.661 [do Conselho Monetário Nacional de 2018] permite que seja investido até 10% do patrimônio da EFPC. Achamos pouco. Esse número deveria ser algo entre 20 a 30% na média e para alguns casos até mais do que isso. Com os juros baixos e o aumento do risco das carteiras, o investimento no exterior pode funcionar como hedge do aumento de risco local das carteiras.

Blog – Quais ativos no exterior estão disponíveis para as EFPC?

Teperman – Existem milhares de alternativas, inclusive com algumas companhias brasileiras da nova economia como XP, Stone e Pag Seguro. Tudo é securitizável nos Estados Unidos. Um bom exemplo é uma cidade que foi destruída por um tornado ou um terremoto. O município emite um bond comumente chamado de “Catastrophe Bond”, em que o dinheiro arrecadado é utilizado para se reconstruir a infraestrutura da cidade.

Blog – Qual o tamanho da Bolsa dos EUA em comparação com o mercado doméstico? 

Teperman – O mercado americano tem cerca de 3000 ações negociáveis. A Bovespa tem menos de 400 sendo que apenas cerca de 100 delas têm alguma liquidez.

Blog – Quais veículos utilizar para se investir no exterior?

Teperman – O veículo mais fácil e acessível é um fundo de investimento. O fundo que investe no exterior faz com que toda a ginástica de se abrir uma conta, além da burocracia, pareça fácil. Ou seja, o cliente não precisa abrir conta fora, não precisa enviar os recursos via câmbio. Não precisa falar com ninguém no exterior, não precisa se preocupar com o imposto de renda. Aliás esse tópico é importante para as EFPCs, pois dependendo do que for investido até a entidade paga imposto de renda. A isenção é válida somente no Brasil ou para países onde exista acordo de não bitributação.

Blog – Qual o melhor momento para se investir considerando a taxa de câmbio?

Teperman – A pergunta é difícil. Já vi várias vezes o cliente não querendo aplicar em dólar, pois achava que o câmbio estava caro. Isso aconteceu inclusive em janeiro quando o câmbio estava a R$ 4 e um cliente não quis fazê-lo. A recíproca também é verdadeira. Não existe market timing no câmbio. O investidor tem que olhar para o longo prazo e saber que sua carteira está bem diversificada em países e moedas que não somente sejam o Brasil.

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