Entrevista: Volatilidade volta a aumentar no mês de setembro

VICTOR HOHL, Sebrae previdência

O Diretor de Administração e Investimentos do Sebrae Previdência, Victor Hohl, explica os reflexos da alta volatilidade das classes de ativos em setembro que provocaram variação negativa nas contas dos perfis dos planos administrados pela entidade. Apesar da variação negativa na maioria dos perfis – a exceção ficou com o perfil conservador – o desempenho ainda ficou acima dos principais indicadores do mercado (IBOVESPA, IMA-B, IHFA). Acompanhe a entrevista que fala em detalhes sobre o tema:

Por que o mês de setembro apresentou queda no valor da cota dos perfis?

O mês de setembro foi atípico, se considerarmos um longo histórico de resultados, e gerou performance negativa para praticamente todos os ativos no mercado financeiro, e dessa vez não estamos falando apenas dos ativos de risco, dos quais já são esperados momentos de perdas de valores pontuais (volatilidade). Até mesmo o ouro, que é considerado um ativo útil nos momentos de maior aversão a risco, bem com o Tesouro Selic (LFT), o investimento mais conservador da economia brasileira, perderam valor no mês de setembro. Dessa maneira, como os recursos dos participantes são alocadas de forma eficiente nesses ativos, é natural que em momentos onde todos os ativos apresentem quedas de preços pontuais, esse resultado seja refletido no valor monetário da carteira de investimento do Sebrae Previdência. Por sua vez, como o valor da cota de cada Participante é resultado da divisão do saldo monetário da carteira de investimento pela quantidade de cotas (que não se altera), a queda do valor da cota é mero reflexo algébrico dessa relação.

Por que está ocorrendo esse alto nível de volatilidade nos mercados em 2020?

Este ano já pode ser considerado como o ano de maior volatilidade nos mercados considerando um histórico superior a 15 anos. Essa elevada volatilidade possui como pano de fundo o impacto econômico da queda de atividade em escala global, devido aos efeitos das medidas necessárias e adotadas no combate ao novo coronavírus. A insegurança quanto à velocidade e intensidade da retomada da atividade econômica gera incertezas aos agentes econômicos e esse cenário reflete nos preços dos ativos financeiros listados no mercado. No Brasil, esse componente de risco atua com maior intensidade, pois o país atravessa, há alguns anos, déficits fiscais e crescimento econômico muito baixo, sendo em alguns períodos negativo. Nossa economia encontrava-se mais enfraquecida para enfrentar um cenário tão desafiador, por consequência, o preço dos ativos financeiros no Brasil oscilam ainda mais.

Como a gestão de recursos da entidade está agindo para enfrentar essa alta volatilidade?

Os planos administrados pelo Sebrae Previdência são excelentes maneiras para enfrentar esse cenário, pois a gestão de recursos é realizada sem qualquer conflito de interesses, pois não possuímos dependência a qualquer grupo financeiro. Assim, os recursos são geridos com foco exclusivo na maximização da relação risco x retorno dos investimentos, ou seja, selecionamos por meio de fundos de investimentos exclusivos os melhores gestores de investimentos no Brasil e no exterior para o desempenho da melhor estratégia de investimento para cada cenário. Essa carteira de investimento é diversificada de maneira eficiente, com foco na mitigação de riscos por meio do mercado de renda fixa, renda variável, fundos imobiliários, multimercado estruturado e cambial. Ademais, os recursos são geridos por profissionais capacitados, com experiência e credenciados pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários.

Como controlar o nível de risco em relação aos gestores terceirizados?

A Política de Investimentos define os limites de risco para cada classe de ativos e de perfis, sendo esses limites repassados aos gestores exclusivos selecionados no mercado para administração dos recursos financeiros do Instituto. Os gestores, dentro dos limites estabelecidos, assumem posições dinâmicas nos mercados de renda fixa, renda variável, fundos imobiliários, multimercado estruturado e cambial, com foco na maximização da relação risco x retorno. Dessa maneira, nos cenários de maiores incertezas, as posições de maior risco (volatilidade) são reduzidas, e nos momentos de maior clareza, essas posições, que tendem a trazer maior retorno, são incrementadas. Essas alterações são realizadas com base na leitura do ambiente macroeconômico. Todo esse processo é monitorado diariamente pela Diretoria de Investimentos, junto aos Gestores, verificando as alocações e estratégias, propondo novas e apresentando outras alternativas.

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