Estratégia da carteira de FIPs deve continuar independente dos níveis das taxas de juros, diz Lakoski

Jose Carlos Lakoski

Mesmo em um momento de novo ciclo de alta da Selic e de prêmios mais atrativos dos títulos públicos, a estratégia traçada anteriormente para a carteira de FIPs – Fundos de Investimentos em Participações – deve continuar constante. É o que defende o Diretor Financeiro da Fundação Copel, José Carlos Lakoski, que é responsável por uma carteira de R$ 608 milhões nesta classe de ativos, dos quais R$ 340 milhões já foram investidos.

“É um momento interessante para avaliar a estratégia da carteira de FIPs, que deve ser mantida, como em nosso caso, independente das mudanças nos níveis das taxas de juros. É importante não se distrair nessas horas”, diz o dirigente. Ele reconhece que os juros ficaram mais atrativos, mas no futuro, irão fechar novamente. Ele recomenda que é necessário continuar alocando para não deixar lacunas nessa estratégia. “Claro que se pode dosar os movimentos, mas é importante manter um determinado ritmo de alocação”, afirma.

De acordo ao conceito de alocação estratégica em ativos ilíquidos, os aportes devem ser realizados em vários períodos, para que seja possível colher resultados de diversas safras. “Como os ativos são ilíquidos, não dá pra ficar movimentando muito rápido. Não é possível seguir o mesmo ritmo das mudanças dos ciclos econômicos”, comenta.

Novos investimentos – A Fundação Copel realizou aportes em mais 4 FIPs em 2021, mantendo a média anual de R$ 130 milhões em novos investimentos nesta classe de ativos. Foram investidos recursos em dois fundos de florestas, outro de empresas tradicionais e um último que investe tanto no mercado primário quanto no secundário (fundo de fundos).

O retorno da carteira da FIPs da entidade alcançou 24,3% nominais em 2021. Esse número superou a meta atuarial dos planos da fundação e ficou muito acima do Ibovespa, que fechou com queda de 12% no ano passado. Apesar do bom resultado dos FIPs, os planos de Benefício Definido (BD) da entidade ficaram abaixo da meta atuarial. O maior plano BD da entidade registrou 13% de retorno nominal. “Foi um ano difícil, pois a inflação pressionou as metas para cima”, analisa Lakoski.

Neste sentido, a carteira de FIPs serviu para não deixar que o resultado fosse menos favorável. “O segredo é a diversificação da carteira, em nosso caso, temos ativos florestais com menor risco, outros fundos com maior risco. Temos percebido pouca volatilidade de nossos FIPs nos últimos 3 anos”, comenta. Para o Diretor da entidade, a precificação dos fundos não apresenta problemas, pois os valores de saída médios tem ficado bem acima das metas.

Guia Boas Práticas – O Diretor Financeiro da Fundação Copel participou da equipe que elaborou o Guia de Boas Práticas de Investimentos em FIPs pelas EFPC. O projeto foi organizado pela Abrapp e teve lançamento no final do ano passado – leia mais.

“É um referencial importante, pois trabalha a questão de todas as fases do investimento em FIPs. O material orienta que é preciso entender que o ativo deve estar alinhado com a estratégia do plano”, comenta Lakoski. Ele explica que a equipe da entidade deve trabalhar o “antes”, com o trabalho de seleção dos gestores, mas o “depois” também é fundamental, com o acompanhamento e monitoramento. É preciso traçar um planejamento adequado e depois seguir monitorando para avaliar os resultados ao longo do tempo.

“O Guia agrega valor para toda a indústria. Ele deve se tornar um manual muito eficaz sobretudo para as pequenas e médias EFPC”, afirma Lakoski. O Guia traz um tripé formado pela parte acadêmica-conceitual, a parte regulatória e o dia-a-dia.

O dirigente acredita que a utilização do documento pelo setor ajudará a quebrar resistências dos órgãos de supervisão e fiscalização. “Devemos destacar que a elaboração do Guia contou com a participação de representantes da própria Previc”, recorda. Ele ressalta ainda que o segmento de FIPs deve ganhar maior tração a partir do trabalho de outras entidades representativas do mercado, como a Anbima e a Abvcap.

 

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