Ética como valor estratégico e o papel da liderança foram debatidos em painel do Seminário Dever Fiduciário

A ética como valor estratégico da gestão fiduciária e o papel do líder como referência de integridade foram os temas debatidos no último painel do 6º Seminário Dever Fiduciário, realizado nesta quarta-feira (30/07). A moderação foi conduzida por Henrique Jager, Presidente do ICSS e Coordenador da Comissão de Ética. Como palestrantes, estiveram presentes Patricia Motta Fagundes, Coordenadora do Comitê de Ouvidoria da Abrapp, e Giovanni Guarizi Costa, Gerente Jurídico e Chief Compliance Officer da Vexty.

Em formato 100% online e ao vivo, o evento foi realizado pela Abrapp com apoio institucional do Sindapp, ICSS, UniAbrapp e ICSS. “Enquanto gestores de entidade fechada e atuantes no sistema de previdência complementar, devemos ter clareza da sensibilidade dos participantes e assistidos em relação à imagem. Eles depositam seus recursos como expectativa de benefício futuro, então a imagem nesse sistema é essencial”, disse Henrique Jager.

Ele afirmou que o debate sobre ética e dever fiduciário é essencial para um setor de longo prazo, pois quem administra os recursos precisa ter um compromisso firme como entidade e, por consequência, com os participantes e assistidos, que são os verdadeiros donos desses recursos. Esse dever fiduciário é o que sustenta a responsabilidade na gestão.

Segundo Patrícia Motta Fagundes, a previdência complementar é, antes de tudo, um ato de confiança entre gerações. Ao falar disso, a especialista partiu da ideia de que o segmento está lidando com o futuro de longo prazo de muitas pessoas e famílias. Nesse sentido, é fundamental que a ética esteja presente, para garantir legitimidade, sustentabilidade e responsabilidade na gestão dos recursos.

Ela ressaltou que os conceitos de ética e dever fiduciário devem caminhar juntos, trazendo também transparência como foco. “No dever fiduciário, devemos assumir a diligência, lealdade e transparência. A transparência é um conceito que deve estar em todas as ações que tratam da gestão do dever fiduciário, porque é uma troca de confiança”, disse.

Patrícia falou que ética deve ser internalizada na entidade como um princípio essencial, guiando toda a gestão, não apenas como um discurso, mas uma prática incorporada na essência da governança. Para isso, é fundamental que a gestão conduza e dê o tom do processo ético dentro da organização.

A palestrante também comentou sobre a ouvidoria como um canal de propagação da ética, pois quando se conta com esse órgão institucionalizado, as entidades demonstram aos seus participantes que possuem um canal aberto para ouvir. Nesse sentido, foi ressaltado que a ouvidoria possui dois grandes pilares: o pilar da conformidade, que atua a partir do canal de reclamações, e o pilar da integridade, a partir dos canais de denúncia.

Para ela, esses dois pilares são grandes mensuradores de como a própria entidade está se portando para a sociedade, participantes e parceiros. “A ouvidoria também pode ser vista como um grande termômetro para identificar se aquelas ações que estão sendo geradas pela entidade são percebidas pelos seus públicos como positivas. A partir disso, nós temos dados muito quantitativos e qualitativos, para que possamos atuar em melhorias de pontos estratégicos”, completou.

O papel do líder – Giovanni Guarizi Costa explicou que a obrigação fiduciária é um dever legal, ou seja, o descumprimento por parte dos administradores impõe sanções. Então os líderes, ao executarem o ato regular de gestão, estão obrigados a atuar no melhor interesse dos planos previdenciários, em proteção e defesa dos seus participantes e assistidos.

“Apesar desse dever legal, ao meu ver, esses elementos também cumprem aspectos éticos, ou seja, não devem ser tratados apenas como uma ação executada por determinação legal. Os líderes devem seguir esses aspectos como um valor individual, independentemente das penalidades”, disse.

Ele ressaltou que esse comportamento ético, quando tratado como um valor estratégico, fortalece a governança, sustenta o dever fiduciário e transforma os líderes em referências de integridade. Giovanni disse que a liderança é essencial para promover ambientes éticos, destacando que o comportamento do líder deve ser uma prioridade, já que é ele quem sustenta a conduta ética de toda a entidade.

Para haver confiança, é preciso reconhecer três atitudes fundamentais na liderança: transparência nas decisões, consistência nas ações e compromisso com o propósito. “O líder precisa ter um comportamento inspirador. Ele precisa liderar pelo exemplo e não pela imposição. Essas habilidades são essenciais e diferenciam líderes que apenas ocupam cargos daqueles que transformam culturas”, disse.

Ele comentou que no ambiente das EFPC, é percebido cada vez mais o desenvolvimento de boas práticas de governança corporativa e liderança, que contribuem para a qualidade da gestão, com a longevidade das entidades e o cumprimento dos seus objetivos. “A ética, nesse contexto, não é apenas um item acessório da governança, mas sim o seu alicerce”, afirmou.

O 6º Seminário Dever Fiduciário contou com patrocínio ouro da PFM Consultoria e Sistemas e patrocínio bronze da Apoena Soluções em Seguros.

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