Fundo do Reino Unido assume estratégia ESG para 45% da carteira de 12 bilhões de libras

O movimento de investidores a favor da adoção de práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) vem ganhando força em diversas regiões do mundo, com destaque para a Europa. Um exemplo recente de ação que reforça esse movimento vem do fundo de previdência Nest. Administrado pelo governo do Reino Unido, o fundo planeja avançar em sua estratégia para chegar a uma carteira de carbono zero em 2050, com pelo menos 5,5 bilhões de libras compromissados em ações voltadas para o clima.

Como parte de uma nova política de investimentos de mudança climática, o fundo definiu que 45% de todo o seu portfólio, de 12 bilhões de libras (R$ 81,7 bilhões), será transferido em pouco tempo para investimentos com uma pegada de carbono equivalente em tirar 200 mil carros das ruas. A medida é uma das maiores mudanças da história de um fundo de previdência do Reino Unido para para desinvestir das indústrias intensivas em carbono.

Também haverá desinvestimento total de empresas envolvidas com energia termelétrica de carvão, areias betuminosas e perfuração de poços do Ártico até 2025, a menos que eles planejem eliminar gradualmente todas as atividades relacionadas até 2030.

Plano CD – O fundo pretende reduzir pela metade suas emissões de carbono até 2030 no plano de contribuição definida (CD) solicitando aos gestores de recursos que analisem o impacto que isso terá em seu portfólio. Será exigido que os gestores avancem em relação a este e outros parâmetros de referência.

As empresas investidas também serão ativamente pressionadas a alinhar-se com as metas do acordo climático de Paris com a ameaça de desinvestimento completo, se não houver engajamento com os princípios e práticas ambientais.

“Nas próximas décadas, a mudança climática será um dos maiores desafios do mundo. Ela representa uma ameaça significativa não apenas para o meio ambiente, mas também para a economia”, disse o Diretor de investimentos da Nest, Mark Fawcett. E completou afirmando que os participantes não querem poupar e se aposentar em um fundo que contribui para a devastação mundial do meio ambiente.

A decisão foi tomada com base em uma pesquisa que constatou que 65% dos participantes do fundo acreditavam que seus recursos deveriam ser investidos de uma maneira a reduzir o impacto das mudanças climáticas.

O Nest informou que a pesquisa mostrou que os fundos têm a responsabilidade de colocar as mudanças climáticas no centro de suas estratégias padrão, ao invés de esperar que os consumidores façam as mudanças eles mesmos.

Transição – O fundo disse que reduziria gradualmente o investimento nos negócios citados acima começando no final deste ano para empresas com mais de 20% da receita derivada dessas atividades. Isso será seguido em 2023 por aqueles com mais de 10% e em 2025 por qualquer empresa com atividade nesses ativos.

“É uma abordagem que terá várias fases. Isso nos dá tempo para engajar essas empresas e entender como elas estarão em transição. Sabemos que, através do nosso engajamento, muitas empresas, principalmente em serviços públicos, estão na transição”, disse a Chefe da área de investimentos responsáveis, Diandra Soobiah

Ela explicou que o fundo não pretende penalizar as empresas que estão migrando para fontes renováveis ​​que ainda possuem carvão herdado. Mas ressaltou: “Onde as empresas não estiverem assumindo o nível básico de compromissos que esperamos, consideraremos a alienação. Não vamos desistir, mas chegará um ponto de que podemos pensar em desinvestir”.

“O progresso das empresas será medido em relação a vários objetivos do Nest, que por sua vez podem diferir com base no setor ou na geografia, reconhecendo que podem estar começando em pontos diferentes.

“Estamos procurando um processo bastante formalizado, em que estaremos procurando ter reuniões iniciais com empresas e definir objetivos. Dependendo de onde elas estejam, isso pode ser simplesmente se inscrever na TCFD [Task Force on Climate-Related Disclosures] ou para ir além e estabelecer metas baseadas na ciência”, disse a Gerente de investimentos responsáveis Katharina Lindmeier.

O progresso será analisado pelo menos anualmente e o fundo empregará “medidas de escalonamento” sempre que necessário, incluindo contato direto com a administração da empresa, uso de direitos de voto ou apoio à resolução dos acionistas.

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