O professor, filósofo e escritor Mario Sergio Cortella apresentou a palestra magna “Reinvenção e Identidade” logo após a abertura do primeiro dia do 42º Congresso Brasileiro de Previdência Privada. Em uma verdadeira aula magna, o pensador discorreu sobre a importância do tempo futuro no papel da liderança protagonista que o sistema vem discutindo nos últimos tempos para impulsionar seu fomento e crescimento, sem deixar de lado a solidez e as conquistas de seu legado. Logo após a abertura realizada por Luís Ricardo Martins, Diretor Presidente da Abrapp, a apresentação de Cortella conectou com o tema central da edição do Congresso deste ano: “Atitude à prova de futuro”.
“A atitude adequada para os líderes protagonistas é não fechar os olhos para o legado, mas olhar para o que precisa ser modificado. Temos de zelar pelo histórico, e ao mesmo tempo buscar aquilo que necessitamos para o próximo momento”, disse o filósofo. Cortella comentou que não é possível permanecer acomodado com os mesmos hábitos e atitudes do passado. “Não podemos ficar completamente idênticos. Temos de manter a nossa identidade, mas precisamos buscar o novo”, disse.
Um dos pontos importante para a uma atitude de liderança adaptada aos tempos atuais é a capacidade de discernimento entre o tradicional e o arcaico. Enquanto o tradicional é a atitude que ainda deve ser preservada, porque ainda serve para atuar no presente, o arcaico é tudo aquilo que está ultrapassado, e deve ser descartado. “Devemos preservar as as raízes que são aquilo que nos alimenta. É diferente das âncoras que nos prendem ao passado e nos deixa acorrentado”, comentou Cortella.
Em sua palestra, o professor citou filósofos e pensadores, começando com Heráclito, que em um de suas frases mais célebres atribuídas e ele, disse que “tudo muda” ou, em outras palavras, “a única coisa permanente no mundo é a mudança”. Daí, Cortella relacionou com a capacidade do ser humano que mudar, de se recriar e de se reinventar. Ele destacou em diversos momentos de sua aula a importância do aprendizado, de estar aberto para novas experiências e conhecimentos. Citou a escritora Clarice Lispector que disse “aquilo que eu não conheço é a melhor parte”. Ou seja, aquilo que não se conhece é o que pode trazer a renovação e a reinvenção.
Futuro – O professor Cortella reforçou a importância da projeção do tempo futuro como maneira de buscar as mudanças. Citou o escritor Millôr Fernandes que costumava dizer aos mais jovens que quando se referia ao “seu tempo”, queria dizer que pensava em 10 anos no futuro. “Nosso tempo é o futuro. O Millôr [Fernandes] queria dizer que o futuro é nosso horizonte”, comentou Cortella.
E diferenciou as pessoas velhas das idosas. As pessoas velhas são aquelas que se apegam ao passado, que estão presas àquilo que já passou. Já as pessoas idosas, que não têm a ver com a idade, que podem ter 70 ou 80 anos, mas que permanecem jovens, abertas a novos aprendizados. “O passado pode ser referência, mas não deve ditar a direção. É por isso que em um carro, o parabrisa é muito maior que retrovisor. A visão do parabrisa deve ser muito maior para dar a direção do caminho”, comentou Cortella.
O filósofo apontou ainda que o convívio e a complementação entre as gerações é um ponto importante para a aprendizagem. Os professores devem estar abertos para os conhecimentos trazidos pelos mais jovens e vive-versa. Para que ocorra essa complementação, porém, é preciso uma atitude de verdadeira humildade, em que se esteja aberto para a mudança. A programação do 42º CBPP continua nos próximos três dias. Clique aqui para conferir a programação completa.