Live da Conecta e Comdinheiro discute como tecnologia dá maior transparência aos investimentos

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A tecnologia oferece um leque grande de trabalho e opções, e o tema se torna cada vez mais relevante dentro do sistema de previdência complementar, principalmente com o advento dos planos família. O tema foi discutido em live da Conecta realizada na última sexta-feira, 11 de setembro, em parceria com a Comdinheiro com o tema “Rentabilidade, Praticidade e Segurança: Como os Sistemas de Informação Contribuem com as EFPCs”, tratando do uso da tecnologia nos investimentos.

Segundo Luiz Paulo Brasizza, Diretor Financeiro da Conecta, ainda a menor parte dos fundos de investimentos são quantitativos no Brasil, mas há muita tecnologia envolvida na busca por melhores gestores e transparência. “O trabalho da Conecta tem sido feito com primazia, crescendo e se desenvolvendo na busca por soluções para as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs)”, disse. Brasizza, que também é Presidente da UniAbrapp, ressaltou que em breve será lançado o primeiro MBA em Previdência Complementar on-line do Brasil, que facilitará o acesso para diversas regiões do país e possibilitará uma capilaridade gigantesca, de norte a sul do Brasil, sendo uma grande oportunidade de profissionalização dentro do segmento.

Em seguida, Claudia Regina Janesko, Superintendente Executiva da Conecta, destacou que a empresa busca parceiros para trazer tecnologia e inserir cada vez mais o tema inovação dentro das entidades, em todas as áreas de atuação, inclusive na área de investimentos. Ela facilitou a discussão sobre o tema com os convidados Rafael Paschoarelli Veiga, Sócio-Diretor da Comdinheiro; Rogério Tatulli, Diretor Superintendente da E-Invest by PreviEricsson; e Dermeval Nonato Lima Filho, Diretor Administrativo e Financeiro da Fabasa.

 Investimentos das EFPCs – Falando sobre o uso de tecnologia no processo decisório das EFPCs, Rogério Tatulli destacou que a governança de investimentos não se dá apenas na leitura da regulamentação. De forma mais abrangente, ele pontuou que o dirigente precisa saber qual o momento certo de tomar uma posição mesmo em momentos de incertezas. “A política de investimento é feita com um horizonte de 5 anos, e as ferramentas tecnológicas ajudam a desmistificar certos assuntos”, complementou.

Ele apresentou o contexto atual global e nacional com componentes a serem avaliados pelos gestores de investimento das EFPCs, que precisam de ferramentas e tecnologia para decidir da melhor maneira possível seus investimentos, sempre de forma prospectiva. Segundo Tatulli, há um caminho facilitador e com maior chance de êxito, seguindo a regra dos 5 As: Avaliar o investimento; Analisar o investimento; Aprovar o investimento; Alocar o investimento; e Acompanhar o investimento. “O risco de cometer uma falha ainda assim existe, mas é bem mitigado”. Tatulli ressaltou que a tecnologia ajuda a melhorar o questionamento dos dirigentes aos gestores sobre a consistências dos fundos. “É dever de ofício de todos os dirigentes estarem preparados para fazer as perguntas mais desafiadoras aos gestores, mostrando que há conhecimento e capacidade”.

Dermeval Nonato destacou que a pandemia de COVID-19 tornou o uso da tecnologia mais acessível para todos, e não foi diferente na gestão dos investimentos das entidades. “Nossa vida é trazer rentabilidade aos ativos dos participantes com base nos mandatos de risco”. Ele observou que o setor é um grande selecionador de fundos de investimento. “Esse é um assunto muito importante, tanto que é monitorado de perto pela Previc. Então, para ter resultados, precisamos fazer um trabalho bem feito, e no contexto de seleção, precisamos de informação”, disse.

Em linhas gerais, o trabalho de seleção de investimentos das EFPCs nada mais é do que reduzir a assimetria da informação. “Os sistemas de informação disponíveis ajudam, de forma relevante, a reduzir essa assimetria, pois com eles se tem uma gama de dados que pode ser utilizada para se obter informações importantes na hora da seleção e do monitoramento”, explicou Demerval, destacando que na Fabasa é usada uma metodologia matricial atribuindo pesos diferentes aos indicadores de risco e retorno, correlacionando isso a determinados períodos.

Além disso, ele destaca a importância de se abrir as carteiras dos fundos, especialmente de renda variável, e entender sua composição. “O mercado de bolsa no Brasil é muito restrito, e os fundos podem acabar investindo nos mesmos ativos. É preciso entrar para verificar se está ocorrendo diversificação mesmo”, pontuou. Outro fator abordado por Demerval foi traçar um paralelo entre fundos para saber como eles se comportaram em determinado período de risco. “A informação ajuda a refinar a diligência. Uma coisa é a análise quantitativa, mas na diligência você ataca os pontos nevrálgicos dos gestores e, assim, extrai respostas e ganha confiança”, complementou.

Tecnologia – A tecnologia tem se tornando uma grande ferramenta para eliminar erros e falhas em um momento de incertezas e riscos dos investimentos, destacou Claudia. Assim, Rafael Paschoarelli Veiga, Sócio-Diretor da Comdinheiro, destacou que existe uma série de informações no mercado que eventualmente as EFPCs não estão acessando, mas que estão disponíveis através de sistemas. “Além do fornecimento das informações, temos ainda o cruzamento de dados”. Segundo ele, qualquer fundo enquadrado na Instrução CVM 555 possui informações sobre quantas EFPCs estão alocando, qual o percentual da participação de cada cotista, qual a disposiç!ao da base de dados, entre outras.

A tecnologia ajuda ainda a acelerar a chegada da informação ao investidor. Segundo Rafael, as carteiras de investimento podem sofrer atraso de 3 meses entre a entrega do administrador e disponibilização no site da CVM, mas há outros documentos que contam com informações importantes sobre a exposição do fundo. “É possível ainda solicitar ao gestor do fundo o XML da informação, a partir da onde se calcula risco de liquidez, por exemplo. Assim, não é necessário depender de uma empresa de gestão de risco, tendo mais autonomia no acesso a essa informação”, destacou. “Uma das grandes vantagens da tecnologia é dar autonomia aos investidores”, ressaltou.

Via esse ferramental, o investidor fica mais munido de informações para fazer uma pré-filtragem com perguntas corretas aos gestores. “A mesma ferramenta tecnológica consegue acompanhar os investimentos e consolidar os diferentes tipos de planos dentro das EFPCs diariamente. A tecnologia democratiza o investimento, e a informação para a EFPCs precisa ser à jato e confiável”, complementou Rafael.

 Fiscalização – Brasizza chamou atenção para a necessidade de se dar transparência nesses processos de seleção de investimentos dentro das EFPCs, já que as autuações de órgãos reguladores estão focadas na área de investimentos. “Se não conseguimos colocar, em uma fiscalização, de forma transparente, o que nós fizemos, seremos penalizados”, disse. Dermeval ressaltou a importância da transparência em todo o processo de decisão sobre investimentos para evitar esse tipo de autuação. “O dirigente deve pegar o mínimo que a Previc está pedindo e escrever esse processo, o que requer disciplina, utilizando a tecnologia a seu favor”, disse, enfatizando a importância do registro de todas as decisões em atas e compartilhamento nos Conselhos das EFPCs.

Tatulli destacou que, de acordo com o Relatório Anual da Previc de 2019, houve 23 casos de fiscalização direta referentes à alocação de ativos em desconformidade com a legislação vigente. “Às vezes, sem querer, a pessoa entra em uma operação ruim por desconhecimento ou porque não usou as ferramentas adequadas”, disse, pontuando que o papel das EFPCs é questionar os gestores sobre qual é a consistência de seus resultados e o comportamento dos fundos diante dos choques de mercado, ajudando, assim, na hora de tomar a decisão e evitar esse tipo de alocação com falta de informação.

Rafael pontuou que para ajudar nesse processo, a tecnologia pode fazer a abertura de todas as carteiras das entidades, trazendo mais transparência e mais poder fiscalizatório ao sistema. “Quanto dessas autuações poderiam ter sido evitadas se essas informações tivessem mais publicidade e transparência?”, refletiu, destacando que isso é necessário para que todo mundo entenda o que está acontecendo com o dinheiro direcionado à previdência. “Esse dinheiro tem que ser aplicado com diligência, e se o gestor souber que todo mundo está vendo o que ele está fazendo, tem um efeito pedagógico. Para isso, a tecnologia está à disposição”.

Eles discutiram ainda a importância das EFPCs manterem suas informações abertas ao público em geral, e não restrita à área dos participantes, bem como a urgência de entidades que não têm um site de desenvolverem essa ferramenta. “A transparência é importante, dá credibilidade e ajuda quem vê a informação a fazer perguntas que antecipem questionamentos de outros órgãos”, destacou Rafael.

Claudia Janesko ressaltou que o sistema está em busca de novos clientes e participantes que possuem um novo perfil, mais jovem. “Ter a informação disponível para esse público é uma mão na roda. Essa é uma reflexão válida nesse momento de expansão e captação das nossas carteiras”, disse. Tatulli reforçou que credibilidade e confiança fazem parte do dever das EFPCs. “Esse dinamismo tem que entrar nesse processo de aprendizado”, complementou.

O conteúdo da live está disponível no canal da Conecta no YouTube. Acesse aqui.

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