45º CBPP: Mitigação de riscos climáticos faz parte do dever fiduciário das EFPCs

Mudanças climáticas, desigualdades sociais e falta de diversidade nas empresas já impactam diretamente o portfólio de investidores no mundo todo. No caso de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), o desafio é contribuir ativamente para que os objetivos de desenvolvimento sustentável sejam cumpridos dentro das organizações nas quais investe. O assunto foi abordado durante palestra técnica desta quinta-feira, 17 de outubro, realizada no 45º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP). O maior evento mundial do setor tem sua realização nos dias 16, 17 e 18 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

“Tendências Globais do Investimento Responsável e o Papel do Brasil no Ecossistema Global das Finanças Sustentáveis” foi tema da palestra, que trouxe representantes da organização Principles for Responsible Investment (PRI) para colocar os desafios e oportunidades em torno da sustentabilidade. Cláudio Antônio Gonçalves, Diretor de Investimentos da Previ, mediou o painel.

“Sabemos que os riscos climáticos são sistêmicos. Seria temerário para um participante de fundo de pensão se submeter a esse risco e o fundo ficar inerte”, disse Marcelo Seraphim, Head de Ecossistemas de Investimento Responsável do PRI no Brasil. Ele reforça que a mitigação desse risco faz parte do dever fiduciário dos fundos. E ao redor do mundo, já há investidores buscando aplicar recursos em projetos sustentáveis no Brasil.

Ele contou que no evento PRI in Person, realizado este ano em Toronto, no Canadá, um palestrante brasileiro conseguiu levar um pouco da realidade local para uma comunidade de investidores internacionais mostrando que, apesar de o país ter problemas de sustentabilidade, também há muitas soluções baseadas na natureza, como sistemas agroflorestais, agricultura regenerativa, etc. 

“Para isso acontecer, precisamos de capital, e me surpreendeu o apetite que o investidor, em especial canadense, tem para investir nessas soluções”, relatou Seraphim. “O Brasil tem muita coisa para avançar e muito a mostrar para o mundo se considerarmos a nossa oportunidades”, pontuou.

Na sua visão, esse influxo de capital no Brasil está prestes a acontecer, o que deve aumentar a oferta de produtos sustentáveis. “As EFPC terão mais oportunidade de mitigar riscos em seu portfólio”, disse. Ele também citou a participação do governo canadense nessa agenda, o que deixa claro que a participação de todos os stakeholders é importante, citando que há interesse da Previc para avançar nessa regulação. 

Divulgação e transparência – Ainda que os investidores tenham grande responsabilidade no sentido de cobrar das empresas investidas maior engajamento nas causas ambientes, sociais, de governança e integridade, há ainda uma lacuna grande a ser preenchida para que esse trabalho seja efetivado de forma segura: a da divulgação de dados e métricas sobre o tema.

Lindsey Walton, Diretora das Américas do PRI, destacou que a organização planeja, em 2025, encaminhar aos seus signatários um modelo de relatórios fundacionais, algo mais enxuto em relação ao atual arcabouço legal, como um mecanismo de responsabilização que tem por objetivo basicamente obter dados comparáveis, mas ao mesmo tempo reduzir ou minimizar o ônus de relatórios obrigatórios no PRI. 

“Também teremos uma via de progressão voluntária no início”, disse, explicando que ainda que alguns signatários façam todo o trabalho de relatório, passando pelo mínimo de requisitos ou até fazendo um trabalho excepcional, há muitos que não avançam. “Então, queremos fazer o foco incidir mais nas vias de progressão e avanço, de modo a assegurar que possamos limitar o ônus da relatoria”.

O relatório deve conter a trajetória de incorporação de fatores ESG, medindo, por exemplo, no caso da sustentabilidade, as emissões de carbono e os efeitos que os seus investimentos têm sobre a sociedade e sobre o meio ambiente. Também tem possibilidade do investidor moldar os impactos, por exemplo, da falta de mulheres nos conselhos de administração. “A ideia é adotar uma abordagem que seja mais adequada para os dez maiores signatários em termos de escala e perfil”, explicou Walton. 

“Temos 350 signatários e muitas relações com as partes interessadas. Se conseguirmos reunir todos juntos, será possível aprender com os pares e também ter contato com outros órgãos organizadores, como o PRI e congêneres, e remar nesse mesmo barco à frente e, portanto, chegar ao destino mais rapidamente”, completou.

Dentro desse movimento Walton disse que o PRI promove iniciativas de colaboração em termos da agenda de clima, direitos humanos e biodiversidade. “Quando examinamos iniciativas de colaboração, estamos considerando como reunir os investimentos e os investidores para falar com a mesma voz, em uníssono”.

Ela pontuou que o Brasil tem um perfil ainda mais amplo, junto a outros países da América Latina, atraindo o mundo para trazer o seu capital às economias de mercados emergentes. Nesse sentido, o PRI realizará seu próximo evento, em novembro de 2025, na cidade de São Paulo. “Convido a todos a pensarem sobre o que faremos até essa data, quando o mundo inteiro virá ao Brasil e quer ver o que está acontecendo aqui desde já”, disse Walton.

Sobre o 45º CBPP – Realizado nos dias 16, 17 e 18 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, o congresso conta com uma rica programação, trazendo temas, palestras e provocações que visam despertar ideias inovadoras e ajudar a superar os desafios do mercado na atualidade.

Clique aqui para mais informações.

O 45º CBPP é uma realização da Abrapp, UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Diamante: Evertec + Sinquia, Itajubá Investimentos AI. Patrocínio Ouro: Aditus, Aon, BB Asset, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Asset Management, Galápagos Capital, Genial Investimentos, HMC Capital, Itaú Investidores Institucionais, MAG Seguros, Safra, Santander Asset Management, Spectra Investments, SulAmérica Investimentos, XP. Patrocínio Prata: ASA, AZ Quest, Fator Seguradora, Mapfre Investimentos, MarketAxess, Matera, Navi Capital, PFM Consultoria e Sistemas, Principal Asset Management, Trígono Capital, Velt Partners, Vinci Partners. Patrocínio Bronze: Anbima, Apoena, Carbyne Investimentos, Consepro, Constância Investimentos, Maps + Data A, Fram Capital, HSI, Inter, Investira, Marsche, Mestra Informática, Mirae Asset, Opportunity, Patrimonial Gestão de Recursos, Polo Capital Management, Porto Asset, PRI, PRP Soluções Contábeis, Real Investor, Rev Corretora de Seguros, RJI Investimentos, Tivio Capital, Wedan.

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