Presidentes da Abrapp e Amec debatem sobre Previdência Complementar e mercado de capitais

, O Diretor Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins, e o Presidente Executivo da Amec (Associação dos Investidores no Mercado de Capitais), Fábio Coelho participaram do programa de internet Tamer 360, que foi publicado nesta segunda-feira, 13 de julho, no YouTube (

,Luís Ricardo mostrou como o sistema já vinha se antecipando no aperfeiçoamento da governança e da utilização da tecnologia, o que permitiu o melhor enfrentamento dos desafios do momento atual. Além disso, ressaltou os bons indicadores de solvência e liquidez alcançados no período de pré-pandemia, que ajudaram a passar com maior resiliência no primeiro momento de impacto da crise. E reafirmou a intenção de que o sistema tem condições de atuar como protagonista no período pós-pandemia em que o país necessitará de recursos para investir na infraestrutura através do mercado de capitais.

,Fábio Coelho abordou os avanços da governança das entidades fechadas (EFPC) nos últimos anos, que fez com que o setor passasse com mais suavidade pelo período inicial da crise de COVID-19. Ele mesmo vivenciou muito de perto o processo de aperfeiçoamento do setor quando exerceu atuou na diretoria da Previc entre 2015 a 2019, tendo ocupado o cargo de Diretor Superintendente da autarquia durante pouco mais de dois anos. Agora à frente da Amec, o executivo realiza um trabalho que visa maior sinergia com as entidades fechadas. Um dos recentes frutos é a adesão da Previ ao Código Stewardship da Amec (

,,Antecipação –, Luís Ricardo disse que o setor de Previdência Complementar Fechada antecipou a preparação para enfrentar muitos dos efeitos da pandemia. Ele se referiu à preparação para a disrupção, das mudanças no mercado de trabalho, de tecnologia, de uma comunicação mais flexível e do legado digital. “Eram questões que já vínhamos tratando no sistema há muito tempo. A crise foi bastante aguda, nunca visto antes, com problemas de saúde pública”, comentou.

,O Diretor Presidente da Abrapp lembrou que o Brasil vinha em um processo de recuperação econômica, com a Reforma da Previdência, que abriu uma janela de oportunidade para o crescimento do setor. “O sistema vinha em um processo de retomada do crescimento com a Previdência Complementar do servidor público, com os planos família e instituídos. O Brasil vinha começando a registrar uma pequena queda da taxa do desemprego, que era importante. O sistema estava em um processo para abranger maior número de pessoas e veio a pandemia”, recordou.

,O mercado registrava um processo de corte nas taxa de juros em queda e uma discussão das tábuas atuariais e da longevidade com o impacto sobre os planos de benefícios. “O sistema já vinha se preparando para correr mais risco para buscar um retorno maior. Por muito pouco não tínhamos feito esse movimento de alocar em maior risco”, disse Luís Ricardo.

,Luís Ricardo reforçou também que o sistema vem apresentando importante evolução na gestão de risco e de investimentos, com maior profissionalismo e governança nos últimos anos. Ele lembrou dos momentos em que houve interação com a Previc, ainda no mandato de Fábio Coelho. “Com muita habilidade, com muito profissionalismo e técnica, a autarquia conduziu muito bem esse processo, buscando maior blindagem na governança”, comentou.

,,Solvência alta – ,Luís Ricardo ressaltou que o sistema vinha em um movimento positivo com 100% de solvência, superando grandes países como EUA, Canadá e Reino Unido no final do ano passado. “O sistema tinha um superávit agregado de mais de R$ 10 bilhões. E vínhamos pagando mais de R$ 60 bilhões por ano para cerca de 900 mil assistidos. O sistema que vinha se colocando como parceiro do Estado brasileiro para financiar os grandes projetos de infraestrutura, na condição de investidores institucionais de longo prazo”, disse.

,E mesmo com o forte impacto negativo da crise em março deste ano, o sistema parece ter absorvido o choque, para mostrar sinais consistentes de recuperação nos meses seguintes. “Já notamos uma recuperação que eu diria que é surpreendente, na renda variável principalmente. E agora podemos pensar em voltar a diversificar, com a necessidade de produtos de longo prazo”, contou Luís Ricardo. Ele se mostrou otimista quanto ao processo de enfrentamento da crise e de recuperação. “O sistema tem tudo para exercer um protagonismo na retomada. O Brasil vai precisar da iniciativa privada para o desenvolvimento econômico e estamos aí para exercer nosso papel”, complementou.

,Fábio Coelho fez uma contextualização do momento anterior à crise da pandemia para mostrar os avanços do sistema nos últimos anos em termos de melhor governança.’“Se tomarmos o ano de 2015, que foi muito difícil para as fundações. E no período seguinte para o Brasil foi uma fase muito difícil para a economia, tanto para o setor de previdência quanto para toda a economia, passamos por uma fase muito complicada”, recordou.

,Em 2019 com as reformas realizadas e o crescimento do mercado de capitais, havia a expectativa de retomada dos IPOs (abertura de capital de empresas) no Brasil, mas tudo isso foi interrompido em março com a chegada da pandemia. “Mas podemos fazer uma análise que certamente o pior já ficou para trás e agora começamos a projetar o futuro novamente”, disse Fábio Coelho.

,Ele ressaltou os avanços na governança no setor entre 2015 e 2020. “Houve um avanço muito forte na governança do setor nos últimos anos. Isso fez com que os fundos passassem com mais suavidade pela crise”, disse Fábio Coelho. E coincidiu com o representante da Abrapp que o alto nível de solvência do sistema contribuiu para o melhor enfrentamento da crise atual.

,Na sequência, Luís Ricardo analisou que o governo agiu muito bem no enfrentamento da crise econômica decorrente da pandemia. “O governo agiu muito bem para administrar a crise e preparar a retomada. A atuação foi perfeita nesse aspecto”, comentou. E disse que a Abrapp levou propostas de medidas emergenciais para o setor, algumas delas ainda sob análise do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). “Os representantes do governo entenderam que não eram necessárias em um primeiro momento. Ainda estamos discutindo, porque vemos muitas empresas sofrendo com a crise”, comentou.

,,Ampliação do sistema – ,O Diretor Presidente da Abrapp abordou ainda o desafio de fomento do sistema, com o crescimento da Previdência Complementar dos entes públicos (estados e municípios) e os planos família e instituídos. E voltou a defender a criação de incentivos tributários para a ampliação da poupança de longo prazo propiciado pelo crescimento dos planos de previdência fechados e do número de participantes.

,Luis Ricardo reiterou que o momento agora é de retomar a agenda estratégica, de incentivo ao incremento da poupança de longo prazo. Até mesmo porque o nível de poupança da população bateu todos os recordes, segundo avaliação do professor e consultor José Roberto Afonso, que analisou o desafio de transformar esse fenômeno impulsionado pelo temor à pandemia em uma poupança que ele denominou de poupança da esperança, ou seja, com caráter previdenciário de longo prazo.

,,Relação com empresas – ,Passada a fase mais aguda da crise, Fábio Coelho acredita que os fundos poderão ocupar espaço de maior protagonismo no financiamento do mercado de capitais. E neste ponto, o executivo acredita que a Amec tem uma importante contribuição a exercer no desenvolvimento da relação das EFPC e assets, na condição de investidores institucionais, para maior engajamento na participação e acompanhamento da gestão das empresas investidas.

,“Temos percebido o maior envolvimento dos investidores institucionais na relação com as empresas e a força que os investidores têm sobre as empresas, com uma postura de cobrança e de parceria construtiva”, disse o Presidente Executivo da Amec. Ele explicou que quando o investidor busca o diálogo com os conselhos e com os administradores das companhias, também estão colaborando para que elas cumpram seu papel social neste período de pandemia. “É importante para cobrar informações sobre como a empresa está cuidando dos colaboradores para proteger contra a pandemia”, disse Fábio Coelho.

,Neste aspecto, o executivo ressaltou a importância do maior engajamento, denominado de stewardship, e da cobrança pela maior adoção de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) pelas empresas investidas. “É o que se chama hoje capitalismo de engajamento, ou de stakeholders”, comentou. E lembrou que o papel de engajamento nos conselhos e nos comitês de auditoria, para alcançar maior disclosure de informação, tudo isso tem se fortalecido no mercado, e que a atuação da Amec reforça esses pontos.

,Luís Ricardo comentou a preparação que o setor de EFPC está realizando para ampliar a participação no financiamento de projetos de infraestrutura para o país. “Estamos procurando produtos adequados, que ofereçam garantias adequadas e com boa relação risco e retorno atraentes”, disse. Lembrou que as propostas de regulação para o fomento de produtos e veículos de investimentos para o segmento estão sendo discutidas no IMK – Iniciativa do Mercado de Capitais, que conta com participação da Abrapp, Amec e diversas organizações da sociedade civil que representa setores do mercado. Um dos pontos estudados pelo IMK, com participação da Abrapp, é a remodelação dos Fundos de Investimentos em Participações (FIPs).

,,Compromissos públicos –, Fábio Coelho defendeu ainda a importância dos compromissos públicos assumidos pelos investidores institucionais com o objetivo de dar maior transparência e fortalecimento das políticas de investimentos e de governança. Citou como exemplo a Autorregulação do Grupo Abrapp.

,Luís Ricardo reforçou a importância da adesão da Previ ao Código, na condição de maior EFPC da América Latina e disse que a parceria da Abrapp com a Amec tende a se fortalecer nos próximos anos em diversas iniciativas. Ressaltou a importância do trabalho de engajamento que a Amec realiza com seus associados junto com o fortalecimento das práticas ESG na tomada de decisões dos investidores institucionais. Disse ainda que um dos pontos fundamentais, que tem sido fortalecido neste período de pandemia, é o da comunicação com os associados, participantes e sociedade civil em geral

,Fábio Coelho também reforçou a importância do ESG no momento atual e lembrou dois fatos que contribuíram para o fortalecimento dessa pauta no mercado financeiro. Um deles foi a grande relevância assumida pela discussão de temas ambientais na recente edição Fórum Econômico Mundial. O outro foi o pronunciamento de Larry Fink CEO da BlackRock, maior empresa de gestão de ativos do mundo, a favor da cobrança dos investidores a favor da adoção de práticas ESG pelas empresas.

,O Presidente da Amec lembrou ainda da importância da inserção de dispositivo sobre análise ESG na política de investimentos das EFPC presente na Resolução CMN n.4661/2018. Ele encerrou sua participação no debate reafirmando seu entusiasmo pelo desenvolvimento do sistema de Previdência Complementar e do fortalecimento da sinergia dos trabalhos da Amec e da Abrapp.

,Clique aqui

Shares
Share This
Rolar para cima