A Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação constituiu uma entidade fechada (EFPC) própria para realizar a gestão do plano de benefícios para seus colaboradores. A autorização para transferência do gerenciamento do Plano foi publicada pela Previc no dia 30 de agosto passado, mas o processo já havia sido iniciado em janeiro deste ano, conforme noticiado pelo Blog Abrapp em Foco – veja aqui. É o primeiro fundo próprio enquadrado na Lei n. 109/2001 criado desde 2009 – o último tinha sido o Toyota Previ.
Logo que foi confirmada sua constituição, a nova entidade solicitou adesão ao quadro de associadas da Abrapp, tendo sido aprovada em reunião da diretoria da associação do último dia 18 de agosto.
Marília do Nascimento Silveira, Diretora Superintendente e de Seguridade, lembra que a Rede Sarah mantinha uma EFPC própria até o ano de 2015. O Sarah Previdência havia sido fundado em 1996, tendo funcionamento independente por mais de 20 anos. A patrocinadora, porém, decidiu transferir a gestão do plano para uma entidade multipatrocinada. Foi realizado um processo de seleção que culminou com a escolha da BB Previdência como administradora do plano.
Em 2021, a patrocinadora decidiu realizar um novo processo de reavaliação da gestão do plano. Para isso, foi contratada uma consultoria externa, que terminou a análise com a indicação para a recriação do Sarah Previdência. Foi então que em dezembro do ano passado, a patrocinadora comunicou a BB Previdência sobre a transferência e logo em seguida, foi dada entrada com pedido de criação da entidade na Previc.
A aprovação foi dada em 14 de janeiro de 2022, mas ainda seria necessário mais alguns meses para avançar com a constituição da estrutura de governança da entidade. O processo de transferência de gerenciamento foi protocolado em 17 de junho de 2022. Foi em 30 de agosto que finalmente a Previc aprovou a transferência do gerenciamento do Plano da EFPC, que já nasce com patrimônio de R$ 2,6 bilhões, 3,8 mil participantes ativos e 696 assistidos.
Contratado em abril de 2022, Rafael Uesato, Diretor Administrativo e Financeiro do Sarah Previdência, chegou para reforçar a equipe da entidade há cerca de cinco meses. “Fizemos um movimento atípico, contra a tendência majoritária do mercado, com a criação de uma entidade regida pela Lei 109/2001. Agora temos o objetivo de comprovar que é possível manter o fundo próprio”, diz.
Ele acredita que a decisão da Rede Sarah pode ser um incentivo para o fomento do mercado de fundos fechados. “É plenamente viável, desde que se conte com um patrimônio aderente”, comenta. Rafael destaca que foi fundamental o apoio da patrocinadora neste processo de recriação da entidade. “A Rede Sarah tem o foco no cuidado dos pacientes. Nada mais alinhado com seus valores que também investir no cuidado com os colaboradores com um atendimento mais customizado no que diz respeito ao plano de benefícios”, diz.
O Diretor da Sarah Previdência esclarece que o atendimento no fundo multipatrocinado não teve nenhum problema ou desavença. “A questão é que uma entidade multipatrocinada tem de atender a muitas patrocinadoras e uma grande quantidade de participantes. Por isso, o atendimento tende a ser padronizado. Nós queremos dar uma atenção mais customizada ao nosso participante”, aponta Rafael. Ele acredita na viabilidade de manutenção da entidade própria, com as despesas administrativas bastante acessíveis.
Do patrimônio total do plano, cerca de R$ 1,5 bilhão está investido em títulos públicos marcados na curva. Esse montante deve continuar aplicado nos mesmos títulos após a transferência efetiva dos recursos, prevista para outubro. Outro R$ 1,1 bilhão está aplicado em fundos de investimentos de distintas classes de ativos. Com esta parte dos ativos, a entidade deve formular uma nova política de investimentos e, a partir de novembro, deve promover um processo de mudança na alocação com a seleção de novos gestores.
Marília Silveira reforça a ideia de viabilidade da entidade própria, com a manutenção de uma estrutura enxuta, com apenas dois diretores. Além disso, foi contratada uma consultoria externa para cuidar da gestão do plano. E todos os conselheiros, sejam titulares ou suplentes, já estão certificados pelo ICSS.
Retorno à Abrapp – Com a nova constituição do Sarah Previdência, a entidade pediu a adesão como associada da Abrapp. “O fundo ficou sete anos sem funcionar com equipe própria. O mercado evoluiu neste período, com o surgimento de novas regras. Agora que estamos voltando, precisamos participar de fóruns de discussão e eventos de alto nível que a Abrapp proporciona para todo o sistema”, diz Rafael.
Ele aponta que a participação no âmbito associativo da Abrapp incentiva o desenvolvimento de boas práticas de gestão, com o intercâmbio de benchmarks para comparação. Além disso, a qualificação e a certificação realizada pelo ICSS é necessária para a formação dos conselhos da entidade.
Marília destaca que a adesão ao quadro da Abrapp é uma forma de fortalecer o sistema. “A união faz toda a diferença e, por isso, decidimos voltar a participar da Abrapp imediatamente junto com o início de nosso funcionamento como entidade própria”, diz a Diretora.
