Seminário de Investimentos: Evento debate novos parâmetros macroeconômicos com alta da inflação e dos juros

O 10º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC contou com abertura de Luís Ricardo Martins, Diretor Presidente da Abrapp, e Sérgio Wilson Fontes, Diretor Executivo responsável pela Comissão Técnica de Investimentos, nesta quarta-feira, 15 de setembro, com transmissão online desde os Estúdios Conecta em São Paulo. Maior evento de investimentos do setor de Previdência Complementar Fechada do país, o seminário reúne especialistas, profissionais e gestores durante dois dias completos de apresentações e debates. O centro das atenções está voltado para os novos parâmetros da economia, com alta da pressão inflacionária, o novo ciclo de subida dos juros básicos e o impacto sobre as políticas de investimentos das fundações.

Na abertura, o Diretor Presidente da Abrapp agradeceu o empenho dos membros da Comissão Técnica de Investimentos, coordenada por Sérgio Wílson e por Marcelo Otávio Wagner (Previ) e de seus membros, na elaboração de uma programação de alto nível para o evento. Ele também agradeceu a parceria com dezenas de patrocinadores que apoiaram a realização desta décima edição do evento (ver lista ao final).

Luís Ricardo introduziu o cenário desafiador que o sistema atravessa no momento atual com o retorno da inflação, o aumento da longevidade, o temor de desequilíbrio fiscal e os próprios efeitos da pandemia. Lembrou que o sistema já tinha se preparado para conviver com patamares de juros mais baixos e que agora tem de se readaptar com o novo ciclo de alta da Selic. Ele destacou que, como o sistema não está vocacionados para a “ciranda financeira”, tem mantido uma visão e política de investimentos de longo prazo que têm garantido a preservação e crescimento de patrimônio de mais de R$ 1 trilhão.

O alto nível de gestão e profissionalismo das entidades permitiu a superação dos efeitos da crise com resiliência. “Fizemos a lição de casa e superamos o pavor de março de 2020, com a recuperação do déficit ao final do ano passado”, comentou. Ele lembrou que os sistema fechou 2020 com um superávit agregado de R$ 8 bilhões. Em abril de 2021, o superávit já havia subido para mais de R$ 20 bilhões.

Ao mesmo tempo, o sistema tem evoluído com a mudança de mindset, para atender os anseios e expectativas da nova geração millennium, que valoriza cada vez mais os critérios ASG (ambientais, sociais e de governança). “Hoje analisar a sustentabilidade das empresas é tão importante quanto avaliar suas demonstrações financeiras”, disse. Até mesmo porque as empresas mais sustentáveis têm mostrado que são as que trazem melhores retornos no longo prazo.

O Diretor Presidente ressaltou que o sistema de EFPC está preparado para a competição, não apenas com as entidades abertas, mas agora também com o desafio de conviver com as Prevtechs e Fintechs. E voltou a destacar que o diferencial é que o sistema tem como ponto forte a entrega de benefícios. Atualmente, o sistema paga mais de R$ 70 bilhões em benefícios anuais para mais de 900 mil assistidos. Além disso, voltou a ressaltar que o sistema saiu da estagnação, com o crescimento de planos instituídos e família.

Políticas públicas – Luís Ricardo voltou a cobrar o fortalecimento de políticas públicas de incentivo à formação de poupança previdenciária de longo prazo, sobretudo, com a criação de novas regras tributárias defendidas pela Abrapp e suas associadas. “A pandemia evidenciou ainda mais a necessidade de criação de políticas públicas de incentivo para a formação de poupança previdenciária”, defendeu.

Ele reconheceu que, ainda que faltem propostas de incentivo tributário, o governo tem colaborado para a inclusão de importantes bandeiras do sistema em novos projetos de lei. O principal deles em tramitação é o PL de harmonização das abertas e fechadas, que nasceu de um comando constitucional da EC n. 103/2019 (Reforma da Previdência). “Aproveitamos essa grande janela de oportunidades para inserir demandas históricas que não estão contempladas nas Leis Complementares 108 e 109/2001”, comentou. Luís Ricardo citou a inserção das propostas de inscrição automática, segregação patrimonial, planos família, instituidor setorial corporativo, a natureza privada dos planos, dispensa das obrigações acessórias.

Ele expressou agradecimento à equipe da Secretaria de Previdência, na figura de Paulo Valle e Márcia Paim, e da Previc, em nome de Lúcio Capelletto, não apenas pelos trabalhos positivos desenvolvidos no Conselho Nacional de Previdência Complementar, mas também pela interlocução realizada com toda a equipe do Ministério da Economia. Um dos pontos altos desse trabalho de interlocução, foi a manutenção da regra do diferimento tributário que chegou a ser ameaçada com a proposta do Projeto de Lei do Importo de Renda (leia mais). Neste caso, ele ampliou os agradecimentos aos então secretários Bruno Bianco e Adolfo Sachsida.

Luís Ricardo citou ainda a importância de se avançar com o aperfeiçoamento da Resolução CMN 4.661/2018, principalmente no tocante à ampliação do limite de investimentos no exterior e a manutenção da regra dos imóveis para o estoque das carteiras. As conversas serão retomadas em reunião nos próximos dias com o Secretário Adolfo Sachsida.

Pressão inflacionária – O Diretor Executivo da Abrapp, Sergio Wílson destacou a participação recorde com quase 700 inscritos para o evento que está trazendo temas da atualidade dos cenários macroeconômicos. “Vamos discutir os novos parâmetros macroeconômicos do pós-pandemia e os novos desafios”, disse. Além da abertura, ele participou da moderação do primeiro painel do seminário, que trouxe apresentação de Patrícia da Silva Pereira Braga, Estrategista Chefe da MAG Investimentos.

Com a ampliação da vacinação e sua eficácia, com a redução do número de mortes e de internações, o cenário aponta para a saída da pandemia. A estrategista disse não acreditar em novos retrocessos como ocorreram em momentos anteriores. As projeções indicam retomada do crescimento da economia para 2021, com aumento da arrecadação fiscal. A notícia negativa, porém, é a retomada da pressão inflacionária e a necessidade de alta dos juros básicos da economia.

“A volta da inflação traz uma dinâmica muito perversa devido ao histórico recente que nos deixa receosos”, disse Patrícia. Ela analisou a alta não apenas da inflação cheia mostrada pela IPCA, mas de alguns setores, como por exemplo, de serviços, que já está próxima do limite superior da banda do Banco Central. Com a volta da demanda provocada pela retomada plena dos serviços, prevista com a saída da pandemia, a inflação de serviços deve subir ainda mais e superar o limite superior.

A dinâmica de 2022 já é afetada pelo fenômeno da inércia inflacionária, que acaba impactando as expectativas para frente. O Boletim Focus do Banco Central traz previsão para inflação de 8% em 2021 e de 8,5% para o próximo ano. A Selic deve chegar a 8,25% no final de 2021 e a 9%, no encerramento de 2022. Se a projeção para o PIB de 2021 deve ficar em torno de 5%, para o próximo ano, as expectativas não são muito promissoras. A estrategista da MAG prevê alto do PIB de 1% a 1,5% para o próximo ano.

Aspectos positivos – Mas nem só de aspectos negativos é formado o cenário macroeconômico atual e para 2022. Como ponto positivo, a arrecadação do governo tem surpreendido, mostrando dados acima do esperado. A receita está subindo em termos reais com a volta da economia. Os números fiscais também estão melhores que o esperado. A relação dívida-PIB que chegou a 88% nos meses seguintes ao advento da pandemia, baixou agora para 84% e deve fechar o ano com 81%.

O cenário de polarização política para 2022 também não ajuda na melhoria dos indicadores macroeconômicos. As dificuldades nos avanços das reformas ainda apontam para a dificuldade histórica de manutenção das taxas de juros em patamares reduzidos. Enquanto o mercado projeto ao aumento da Selic na próxima reunião do Copom em 125 ou até 150 basis points, a estrategista acredita que o acréscimo deve ficar em 100 basis points.

Mesmo com um cenário desfavorável para 2022, a estrategista da MAG acredita que a diversificação das carteiras das EFPC deve continuar na pauta das equipes de investimentos. Até mesmo porque em 2023, os cenários já deverão ter mudado, pelo menos essa é a expectativa. Patrícia destacou a necessidade de avanço nas reformas estruturais e na manutenção do equilíbrio fiscal como desafios para a continuidade da política de juros baixos pelo Banco Central.

Continue acompanhando a cobertura do evento no Blog Abrapp em Foco.

O 10º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Black: MAG Investimentos e XP. Patrocínio Ouro: Aditus, AZ Quest, BlackRock, BNP Paribas Asset Management, Captalys, Credit Suisse Hedging-Griffo, J.P. Morgan Asset Management, Kadima Asset Management, KPTL Investimentos , MezaPro, Pandhora, Schroders, Sparta Fundos de Investimento, SulAmérica, TAG Investimentos e Vinci Partners. Patrocínio Prata: Trígono Capital. Patrocínio Bronze: StepStone.

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