Com a participação de mais de 600 pessoas, o 14º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC promoveu a primeira palestra do dia com o tema “Cenário Macroeconômico e Impactos para as EFPC” nesta quarta-feira (28/05). A abordagem contou com as apresentações de Fernando Genta, Economista Chefe e Fábio Rodrigues de Oliveira, Gestor de Crédito Privado e Renda Fixa, ambos da XP Asset. Organizado pela Abrapp, o evento é realizado em São Paulo no Transamérica Expo Center em dois dias.
O Economista da XP Asset traçou o cenário global atual que é impactado fortemente pelas iniciativas tarifárias da nova gestão do governo Trump, o que tem impulsionado uma tendência de diversificação dos investimentos para mercados além dos EUA. Ele anotou o enfraquecimento do dólar como um dos principais indicadores da mudança de cenário e a consequente desconcentração dos ativos para diversos mercados ao redor do mundo. Outros indicadores são a queda da Bolsa americana e o aumento da curva longa de juros dos títulos americanos – todos fatores originados em 2025 com a surpresa da política tarifária da nova gestão da Casa Branca.
Fernando Genta apontou ainda a tendência de aumento da pressão inflacionária da economia dos EUA e a perspectiva de manutenção do atual nível de juros pelo FED (Federal Reserve). Ele prevê a possibilidade de apenas um corte de juros em 2025. “Provavelmente veremos mais um ano sem corte de juros expressivos pelo FED”, disse. Mesmo assim, ele mantém a previsão que a atividade econômica dos EUA continuará pujante, bem como a alta do mercado de trabalho naquele país.
Economia brasileira – O Economista da XP Asset apresentou uma retrospectiva da evolução do PIB doméstico, lembrando que o Brasil vem crescendo acima do esperado desde 2020. Citou o baixo impacto das reformas estruturais dos governos anteriores sobre o crescimento econômico. Mostrou que os fatores de maior impacto têm sido, na verdade, o aumento de programas como o Bolsa Família e dos benefícios da Previdência e BPC.
Ele lembrou ainda que o emprego com carteira assinada está crescendo com força, puxado pelas contratações dos próprios beneficiários do Bolsa Família. E que em um futuro breve a economia deve desacelerar, não por conta do enfraquecimento da demanda, mas pela falta de mão-de-obra para suprir as novas vagas que devem surgir nos próximos anos.
A pergunta que todos se fazem é: quando o Banco Central vai começar a cortar os juros? Um dos fatores a serem considerados é que a inflação continuará pressionada. Apesar do atual nível da Selic aos patamares altíssimos comparados aos de 2006, a perspectiva é que o ciclo de corte não deve acontecer antes da eleição do ano que vem. Os gestores da XP Asset consideram que o cenário eleitoral não favorece a mudança da política econômica antes da definição do próximo pleito presidencial.
Claro que existe um aumento do risco de estresse do mercado com a manutenção dos gastos públicos em alta. E quem vencer as eleições, independente de quem seja, terá um desafio grande para endereçar a questão do teto de gastos e da dívida pública. Em todo caso, é esperado que o próximo governo deve tomar a direção correta para equilibrar novamente os gastos públicos.
Alocação defensiva – Diante dos atuais cenários, a XP Asset tem adotado uma postura de alocação mais defensiva no portfólio de crédito privado de seus fundos. Tomando como exemplo um produto voltado para fundos de pensão, Fábio de Oliveira, mostrou que as alocações são as mais defensivas possíveis nesta classe de ativos. A postura é concretizada pela seleção de setores mais regulados como instituições financeiras, energia elétrica e saneamento, com a simultânea redução dos prazos dos títulos. O setor de saneamento tem se constituído como umas das principais preferências da asset também por conta do novo marco regulatório que exige maior demanda de investimentos.
Fábio Oliveira classifica o momento atual do mercado como uma fase de transição que deve durar pelo menos até outubro de 2026, com a definição do cenário eleitoral. Até lá, ele considera muito difícil a mudança nos fundamentos da política econômica brasileira. E o fator de maior instabilidade deve vir mesmo do cenário externo, impulsionado pela política tarifária do governo Trump. Por tudo isso, é melhor manter uma carteira defensiva e conservadora neste período, indica o gestor da XP Asset.
O 14º Seminário de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com o apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Black: XP Investimentos. Patrocínio Ouro: ASA, AZ Quest, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Asset Management, Brunel Partners, Fram Capital, HSI, Itajubá Investimentos, Mirae Asset, Sparta, SulAmérica Investimentos, Tarpon, Tivio Capital, Trígono Capital, Vinci Compass. Patrocínio Prata: 4UM Investimentos, Aberdeen Investments, BB Asset, Icatu Vanguarda. Patrocínio Bronze: Aditus, ARX Investimentos, Augme Capital, Consepro AI, Constância Investimentos, DWS, Galapagos Capital, HMC Capital, Investo, Itaú Asset Management, Novus Capital, Opportunity, Porto Asset, Real Investor, RJI Investimentos, Safra, Santander Asset Management, Teva Indices, V8 Capital. Apoio: Bahia Asset Management, BRZ Investimentos, MAPFRE Investimentos, Pátria Investimentos.