Regional Centro-Norte: Planos família impulsionam inovação e sustentabilidade nas EFPC

O crescimento dos planos instituídos, setoriais e família tem sido o principal fomentador do segmento de previdência complementar fechada e uma alternativa das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) expandirem sua atuação no sistema. Diante disso, a busca por inovação e sustentabilidade dos negócios se torna inerente. O tema foi debatido durante o Encontro Regional Centro-Norte, realizado nesta sexta-feira, 4 de setembro, promovido pela Abrapp, Sindapp, ICSS, UniAbrapp e Conecta em formato 100% on-line e ao vivo.

Guilherme Velloso Leão, Presidente do ICSS, destacou na abertura do segundo painel do dia “O Sistema Focado em Inovação e Economia Compartilhada” que a busca por planos família e setoriais implica nas EFPCs mudarem a amplitude para alcançar mercados além dos habituais. “Assim, precisamos de novas formas de comunicação, atendimento e análise de investimento, transformando nossas entidades mais digitais e tecnológicas”, disse.

Visando desenvolver ferramentas para essa nova realidade, a Conecta está investindo cada vez mais em soluções compartilhadas. ​Claudia Regina Janesko, Superintendente Executiva da Conecta, explicou como que a economia compartilhada pode gerar soluções inovadoras para o sistema por meio de disrupção, tecnologia aliada às habilidades comportamentais (soft skills), e novo modelo de negócios. “Vivemos numa nova sociedade, com indivíduos mais digitais e empoderados na tomada de decisão”, disse.

Assim, em termos de soluções e inovação, o sistema de previdência complementar fechada está fazendo um importante movimento de agir. “O movimento que a Abrapp faz é mais do que instigar e incentivar; ela vem como propulsora dessa transformação por meio do Hupp”, destacou Claudia. O projeto é patrocinado pela Abrapp, com execução e gestão administrativa da Conecta e apoio técnico da LM Ventures. “O Hupp é um grande laboratório de desenvolvimento e soluções tecnológicas para o nosso ambiente, mas também é um espaço de conexão do sistema de previdência ao ecossistema de startups”. Saiba mais sobre o projeto.

O objetivo é que as startups trabalhem juntamente os desafios mapeados no planejamento estratégico da Abrapp no início do ano e depurados pelas 11 entidades parceiras do Hupp para encontrar soluções para esse sistema. “Mas o projeto não está restrito a essas entidades parceiras. Temos duas grande entregas para o Hupp: trazer soluções tecnológicas para o nosso ambiente, e catapultar o sistema nesses processos de mudança de mindset e transformação digital”.

Economia compartilhada – ​Através do compartilhamento de ideias, é possível trazer soluções que estavam fora dos negócios para dentro deles, destacou ​Magnus Arantes, Diretor da LM Ventures. Assim, o hub setorial consegue reunir empresas do mesmo setor para criar essas soluções e disseminá-las, gerando economia a todo um ecossistema. “Na Abrapp, a grande vantagem é que o ecossistema está pronto, e nós estamos mapeando as necessidades que o sistema tem para que o Hupp possa buscar tecnologias que estão sendo desenvolvidas ou em desenvolvimento, e colocá-las no mercado”. Ele destacou que é importante que isso seja implantado especialmente com o avanço dos planos família, que exigirão uma nova forma de abordagem e interação das EFPC com os participantes.

O Hupp separou em macro itens o que deve ser foco de soluções e inovação dentro da previdência complementar. Isso será trabalhado pelas 17 startups selecionadas nos próximos 9 meses. “Ao final, as entidades parceiras farão as Provas de Conceito (POCs) e depois as soluções que deram certo serão compartilhadas com todo o sistema”, explicou Magnus.

Tecnologia e pessoas – A inovação dentro do processo decisório das gestoras de investimentos também já uma realidade. Rodrigo Terni, Co-fundador e Co-CEO da Giant Steps Capital, explicou como a tecnologia impacta diretamente a tomada de decisão dos gestores, que têm cada vez mais uma necessidade de informações rápidas que tornem a decisão mais assertiva. “Entre fundos de renda fixa, com maior resiliência, e de renda variável, com mais risco, estão os fundos multimercado que visam trazer uma fonte de retorno diferente. Para isso, é preciso ter uma fonte de informação diferente, explicou Terni.

Ele disse que antes, as informações chegavam com base em dados pré-processados, que demoravam muito mais para alcançar o gestor. “Agora, temos dados únicos, fabricados, encurtando o tempo que chegam aos gestores. Nos Estados Unidos, não existe gestor que não use tecnologia. Ela permeia todos os fundos de investimento, sem exceção”. Terni apresentou exemplos de como as informações, hoje, são mais aceleradas e a tecnologia consegue prever a informação antes dela ser disseminada. “Informação é tudo, e a informação valiosa é aquela que você consegue primeiro e ninguém mais tem”.

Terni ressaltou que o ser humano precisa de tecnologia para navegar nesse mercado. Assim, a perspectiva é que, em 10 anos, a gestão seja dividida igualmente entre tecnologia (40%) e pesquisa (40%). “Os dois vão ter que trabalhar junto, e na Giant a gente já faz isso, temos muita gente em tecnologia e pesquisa e poucas pessoas nas outras áreas de suporte. Investimos muito nessa equipe”, complementou.


Sustentabilidade –
O novo público que está chegando no segmento de previdência complementar tem ainda um novo perfil mais exigente e consciente das questões Ambientais, Sociais, de Governança e Integridade (ASGI), tema do terceiro painel do dia: “Muito Além de Tendência: Gestão de Investimentos Com Foco em ASG, Integridade e Ética”. José Luiz Costa Taborda Rauen, Diretor Vice-Presidente do Sindapp, moderou o painel e destacou que quando se falava, há poucos anos, sobre o conceito ASG na gestão de investimentos, muita gente ou quase todo mundo achava que isso era pura poesia. “Felizmente o mundo evoluiu e esse conceito ganhou concretude. Países da Europa, EUA, Canadá e da América Latina, e boa parte dos gestores brasileiros estão valorizando, nos investimentos, a questão de meio ambiente, função social da nossa organizações, a questão da boa governança, e o princípio da ética e da integridade para se fazer bons investimentos”, ressaltou.

Marcelo Coelho de Souza, Chefe de Gabinete da Previ, destacou a necessidade das entidades estarem nessa agenda como protagonistas, praticando ativamente o investimento sustentável. “Fazer investimentos sustentáveis é cumprir com o dever fiduciário para com os participantes, pois é isso que ele busca quando procura previdência”. Ele falou sobre a mudança de comportamento de um novo público que chega com preocupações ambientais na hora de consumir. “Não é somente o ambiental que gera impacto, mas também o social. Em termos de governança, a importância da diversidade é cada vez maior, bem como a resolução de problemas de governança o quanto antes dentro das companhias, incluindo a integridade. A sua rentabilidade já está sendo impactada por essas quatro letrinhas”, alertou​.

Coelho ressaltou que o sistema de previdência complementar precisa estudar mais para criar as próprias iniciativas e métricas de implementação e mensuração desses conceitos dentro de suas estruturas. “Precisamos estar cada vez mais debatendo isso, interagindo, e indo um pouco além para buscar as melhores alternativas e métricas de medir o impacto desses aspectos nas entidades. Me parece que se estivermos juntos, temos mais condições de aferir e fazer a integridade, a governança e a responsabilidade acontecerem nas nossas entidades, fazendo a diferença”.

Para fazer isso de forma efetiva, na visão de Marcelo Coelho, é preciso começar de dentro para fora e propagar esses critérios. “Como vou cobrar as investidas se eu não praticar isso?”, questionou, citando que há um direcionamento para que isso seja implementado nas EFPCs, como o guia de melhores práticas e transparência em informações ASG do Comitê de Sustentabilidade da Abrapp. “Temos muitas referências de práticas de sustentabilidade que podem gerar valor. Devemos debater mais e criar nossas iniciativas e métricas para influenciar o mercado e ter esse protagonismo”.

Rentabilidade e ética – Fernando Nunes Simões, Membro da Comissão de Ética do Sindapp, abordou o desafio de se buscar rentabilidade nesse momento de juros baixo e o papel das entidades em fazer essa busca sem descartar a ética. “A Resolução CMN nº 4.661 destaca que as entidades devem avaliar os riscos na busca dessa rentabilidade, e sempre que possível olhar para a sustentabilidade. Será que isso se sustenta no futuro e a sustentabilidade está relacionada com ética?”, questionou à Coordenadora da Comissão de Ética do Sindapp, Aparecida Ribeiro Garcia Pagliarini durante o debate.

Segundo Aparecida, a ética que deve ser tratada quando se vislumbra aspectos ASG e investimentos responsáveis está relacionada à vida. “A Resolução CMN nº 4.661 contém a expressão de que os aspectos ASGI devem ser observados sempre que possível. E isso é um vácuo ético, pois já admite de antemão que poderá não ser possível, e quando falamos em investimentos e desenvolvimento, eles devem ser vistos sempre pela ótica da sustentabilidade. Não há como retroceder nessa política”, destacou. “Essa expressão deverá ser substituída. Se focarmos só na rentabilidade, ficaremos estagnados. Precisamos que a fiscalização avalie o processo decisório, e não somente o resultado. Além disso, o investidor, participante e assistido deverá ter um novo olhar para esses aspectos ASG”.

Ela ressaltou a necessidade de construir uma ética coletiva, em favor da vida e do planeta. “Me parece que sustentabilidade tem tudo a ver com ética, pois a ética olha o agir. Não vejo que haja confronto em se privilegiar sustentabilidade e rentabilidade. O que devemos nos beneficiar com a ética é buscar uma convergência, uma cooperação entre todos de forma que se evite conflito e que o resultado seja o melhor para todos”, disse. “A sustentabilidade é um pacto entre gerações. Estamos construindo algo melhor para quem vier”, complementou.

Fernando Nunes ressaltou a participação do jovem na previdência privada, e refletiu como devem ser os investimento advindos dos recursos proveniente desses jovens. Para Aparecida, o jovem hoje já tem uma mentalidade diferente, e o discurso da previdência complementar deve atingir esse público. “Esse jovem tem outra consciência, mais sustentável, e a previdência é coisa de jovem, pois ela é para uma geração que pensa diferente. Nós devemos colaborar para isso, pois é um caminho sem volta”.

Os debatedores do painel falaram ainda que a Autorregulação deverá apontar os caminhos para que o tema ASGI seja praticado dentro das entidades. “O novo Código de Autorregulação em Governança de Investimentos do Grupo Abrapp, que ficou em audiência pública em agosto, já aborda esse assunto. Se os fatores e preceitos do código forem observados, já resolve 80% dos nossos problemas”, disse Aparecida. Marcelo Coelho ressaltou que o Código ajuda na proteção das entidades na tomada de decisão sobre investimentos.

Confira a cobertura completa do Encontro Regional Centro-Norte:

Os Encontros Regionais contam com o patrocínio de: Giant Steps Capital, Bradesco Asset Management, Pandhora, Rio Bravo, Santander Asset Management e Captalys. O evento tem o apoio da Mapfre Investimentos e da Franklin Templeton.

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